[ANPPOM-L] Qual a música que queremos em nossas Universidades?

Rubens Ricciardi rrrr em usp.br
Sex Out 12 19:07:32 BRT 2007


meus caros...

onde estamos????

"contraponto europeu"??? - que bobagem é esta???

ha, então o futebol (invenção inglesa!) também é europeu (aliás, não é o esporte mais popular por lá também)????

nossa senhora, por que será então que eu torço aqui pro meu glorioso Comercial de Ribeirão Preto???

certamente uma postura eurocentrista e com certeza politicamente incorreta (estes corinthianos, estes flamenguistas, todos uns vendidos à submissão eurocêntrica)...

pois viva a nossa identidade, viva a nossa verdadeira cultura, abaixo toda e qualquer forma de inteligência estrangeira!!!...

Rubens Ricciardi

PS: caro Silvio Ferraz, concordo com vc que o estudo dos contrapontos deve ser sempre desenvolvido nos contextos das linguages, porisso, já há alguns anos venho dando aulas do contraponto da Polifonia Gótica em seus primórdios, da Ars Antiqua (em especial Perotinus) e da Ars Nova (em especial Machault e Landini), até os primeiros polifonistas franco-flamengos quando se inicia o Renascimento, realmente é muito mais enriquecedor que trabalhar só com as 5 espécies do Fux ou com os recursos dos contrapontos em meio aos diversos estilos e época do sistema tonal...
  ----- Original Message ----- 
  From: Carlos Sandroni 
  To: antunes em unb.br 
  Cc: anppom-l em iar.unicamp.br ; hugoleo75 em gmail.com 
  Sent: Friday, October 12, 2007 3:10 PM
  Subject: Re: [ANPPOM-L]Qual a música que queremos em nossas Universidades?


  Prezado Antunes e demais colegas,

  Citando:

  "A fuga nº 24 é bem complexa estruturalmente. A lamentação de funeral das Ilhas Solomos é bem menos complexa estruturalmente. 
  O estudo da estrutura dos cantos a duas vozes dessas lamentações não garante sucesso no estudo da estrutura da fuga. Mas o estudo da estrutura da fuga, garante o sucesso no estudo da estrutura dos cantos a duas vozes das lamentações fúnebres." 
   
  Fim da citação.

  "Mais complexo" e "menos complexo", aqui, do ponto de vista do contraponto europeu. A harmonia de Wagner também é mais complexa que a dos Beatles. Mas saber harmonia e contraponto nao nos habilitam a compreender nem formalmente, e muito menos estruturalmente, música vocal das Ilhas Salomon ou rock. (No caso do rock saber alguns acordes pode às vezes ajudar).  

  Se voce analisa polifonias do Pacífico ou dos pigmeus com instrumentos teóricos de contraponto europeu, o resultado é a primeira e a segunda frases citada acima. Esta é uma das razões pelas quais a terceira e a quarta frases citadas acima são, na opinião dos etnomusicólogos, falsas (isto inclui Hugo Zemp, que estudou a fundo as polifonias das Ilhas Salomon). 

  Abraços,
  Carlos

   
  On 10/12/07, Jorge Antunes <antunes em unb.br> wrote: 
    Eduardo: 
    Você está usando a palavra "forma", que nunca utilizei. No escopo de nosso debate ela não cabe. 
    Você fala em "complexidade formal" e em se "compreender formalmente o contraponto".
    Nunca me referi a forma. Sempre estou me referindo a estrutura. 
    Estou falando em complexidade estrutural. 
    Também nunca disse que a análise se sustenta unicamente pela abordagem estrutural e formal. 
    As aspectos simbólicos e contextuais hão de vir, numa boa análise, a ser estudados profundamente após as análises estrutural e formal. 
    Mas aquela ficará solta, descontextualizada e superficial, se estas não se estabelecerem antes. 
    A fuga nº 24 é bem complexa estruturalmente. A lamentação de funeral das Ilhas Solomos é bem menos complexa estruturalmente. 
    O estudo da estrutura dos cantos a duas vozes dessas lamentações não garante sucesso no estudo da estrutura da fuga. Mas o estudo da estrutura da fuga, garante o sucesso no estudo da estrutura dos cantos a duas vozes das lamentações fúnebres. 
    Veja, estou falando em estrutura. Quanto à forma, os níveis de complexidade são altos nos dois casos. As lamentações fúnebres têm, em geral, a forma ABAB CBCB. A fuga nº 24, segundo caderno, tem forma de fuga tripla, com a complexidade imposta pelo uso de três sujeitos. 
    Para completar as análises, aí sim, seria necesssário abordar as questões que você menciona. Seria então preciso abordar a religiosidade de Bach, suas construções quiasmáticas, sua época, seu entorno, sua fixação na cristologia e seu encantamento pelas letras de seu próprio nome (b, a, c, h). Quanto às Lamentações fúnebres das imediações da Polinésia, seria necessário, na etapa final da análise, considerar a coreografia da dança ritual suahongi, as escalas usadas, suas simbologias, ritmos, andamentos, textos, o gestual da distribuição de alimentos durante o velório, etc. 
    Abraço, 
    Jorge Antunes 
      
      
      
      

  Carlos Sandroni
  Departamento de Música, UFPE
  Programa de Pós-Graduação em Música, UFPB
  Setembro 2007/Fevereiro 2008:
  Pesquisador Associado ao Centre de Recherches en Ethnomusicologie
  CNRS - LESC UMR 7186 - Paris 
  Endereço pessoal na França:
  Chez Duflo-Moreau
  199, rue de Vaugirard
  75015 - Paris
  Telefone profissional no Brasil
  (81) 2126 8596 (telefone e fax)
  (Recados com Anita)
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