[ANPPOM-L] Qual a música que queremos em nossas Universidades?
silvio
silvio.ferraz em terra.com.br
Sex Out 12 17:38:09 BRT 2007
caro rubens e colegas
realmente um livro de contraponto com o de De La
Motte nos ajuda bastante a pensar desta maneira.
e dá a fux o seu real lugar na história, sendo q
o próprio e velho bach o conhecia e bem (a trad.
do gradus para o alemão foir realizada por um de
seus alunos).
a grande importância de fux pode estar menos nos
contrapontistas q em mozart, beethoven e haydn
(vale pensar-se sobre isto?).
mas a discussão da lista não é bem esta.
discute-se pelo que estou acompanhando é a as
réstias de eurocentrismo entre nós.
não q não sejamos descendentes de europeus
(ricciardis, notos, antunes, blancos, mellos).
mas quando fala-se de eurocentrismo, diz-se de
uma posição em q o pensamento europeu é tomado
como medida de todas as coisas.
em oposição a tal eurocentrismo o que se defende
é uma visão ampla, esta sim ligada ao conceito de
complexidade tal qual o encontramos nos livros
sobre sistêmica. E não a de complexidade como
sinônimo de "mais estruturado", "mais
formalizado".
creio q o q defendem alguns dos colegas debatendo
na lista é justamente a necessidade urgente de
diversidade de leituras o que põe em xeque se
contraponto é ou não matéria fundamental da
música na questão "q música estamos querendo
trabalhar em nossas escolas?".
ao q proponho a questão de outro modo: "q idéia
de música queremos fazer nascer com nossos
cursos?"
abs
silvio
>meus caros...
>
>onde estamos????
>
>"contraponto europeu"??? - que bobagem é esta???
>
>ha, então o futebol (invenção inglesa!) também
>é europeu (aliás, não é o esporte mais popular
>por lá também)????
>
>nossa senhora, por que será então que eu torço
>aqui pro meu glorioso Comercial de Ribeirão
>Preto???
>
>certamente uma postura eurocentrista e com
>certeza politicamente incorreta (estes
>corinthianos, estes flamenguistas, todos uns
>vendidos à submissão eurocêntrica)...
>
>pois viva a nossa identidade, viva a nossa
>verdadeira cultura, abaixo toda e qualquer forma
>de inteligência estrangeira!!!...
>
>Rubens Ricciardi
>
>PS: caro Silvio Ferraz, concordo com vc que o
>estudo dos contrapontos deve ser sempre
>desenvolvido nos contextos das linguages,
>porisso, já há alguns anos venho dando aulas do
>contraponto da Polifonia Gótica em seus
>primórdios, da Ars Antiqua (em especial
>Perotinus) e da Ars Nova (em especial Machault e
>Landini), até os primeiros polifonistas
>franco-flamengos quando se inicia o
>Renascimento, realmente é muito mais
>enriquecedor que trabalhar só com as 5 espécies
>do Fux ou com os recursos dos contrapontos em
>meio aos diversos estilos e época do sistema
>tonal...
>
>----- Original Message -----
>From: <mailto:carlos.sandroni em gmail.com>Carlos Sandroni
>To: <mailto:antunes em unb.br>antunes em unb.br
>Cc:
><mailto:anppom-l em iar.unicamp.br>anppom-l em iar.unicamp.br
>; <mailto:hugoleo75 em gmail.com>hugoleo75 em gmail.com
>Sent: Friday, October 12, 2007 3:10 PM
>Subject: Re: [ANPPOM-L]Qual a música que queremos em nossas Universidades?
>
>Prezado Antunes e demais colegas,
>
>Citando:
>
>"A fuga nº 24 é bem complexa estruturalmente. A
>lamentação de funeral das Ilhas Solomos é bem
>menos complexa estruturalmente.
>O estudo da estrutura dos cantos a duas vozes
>dessas lamentações não garante sucesso no estudo
>da estrutura da fuga. Mas o estudo da estrutura
>da fuga, garante o sucesso no estudo da
>estrutura dos cantos a duas vozes das
>lamentações fúnebres."
>
>Fim da citação.
>
>"Mais complexo" e "menos complexo", aqui, do
>ponto de vista do contraponto europeu. A
>harmonia de Wagner também é mais complexa que a
>dos Beatles. Mas saber harmonia e contraponto
>nao nos habilitam a compreender nem formalmente,
>e muito menos estruturalmente, música vocal das
>Ilhas Salomon ou rock. (No caso do rock saber
>alguns acordes pode às vezes ajudar).
>
>Se voce analisa polifonias do Pacífico ou
>dos pigmeus com instrumentos teóricos de
>contraponto europeu, o resultado é a primeira e
>a segunda frases citada acima. Esta é uma das
>razões pelas quais a terceira e a quarta frases
>citadas acima são, na opinião dos
>etnomusicólogos, falsas (isto inclui Hugo Zemp,
>que estudou a fundo as polifonias das Ilhas
>Salomon).
>
>Abraços,
>Carlos
>
>
>On 10/12/07, Jorge Antunes <<mailto:antunes em unb.br>antunes em unb.br> wrote:
>
>Eduardo:
>
>Você está usando a palavra "forma", que nunca
>utilizei. No escopo de nosso debate ela não cabe.
>Você fala em "complexidade formal" e em se
>"compreender formalmente o contraponto".
>Nunca me referi a forma. Sempre estou me referindo a estrutura.
>Estou falando em complexidade estrutural.
>Também nunca disse que a análise se sustenta
>unicamente pela abordagem estrutural e formal.
>As aspectos simbólicos e contextuais hão de vir,
>numa boa análise, a ser estudados profundamente
>após as análises estrutural e formal.
>Mas aquela ficará solta, descontextualizada e
>superficial, se estas não se estabelecerem antes.
>A fuga nº 24 é bem complexa estruturalmente. A
>lamentação de funeral das Ilhas Solomos é bem
>menos complexa estruturalmente.
>O estudo da estrutura dos cantos a duas vozes
>dessas lamentações não garante sucesso no estudo
>da estrutura da fuga. Mas o estudo da estrutura
>da fuga, garante o sucesso no estudo da
>estrutura dos cantos a duas vozes das
>lamentações fúnebres.
>Veja, estou falando em estrutura. Quanto à
>forma, os níveis de complexidade são altos nos
>dois casos. As lamentações fúnebres têm, em
>geral, a forma ABAB CBCB. A fuga nº 24, segundo
>caderno, tem forma de fuga tripla, com a
>complexidade imposta pelo uso de três sujeitos.
>Para completar as análises, aí sim, seria
>necesssário abordar as questões que você
>menciona. Seria então preciso abordar a
>religiosidade de Bach, suas construções
>quiasmáticas, sua época, seu entorno, sua
>fixação na cristologia e seu encantamento pelas
>letras de seu próprio nome (b, a, c, h). Quanto
>às Lamentações fúnebres das imediações da
>Polinésia, seria necessário, na etapa final da
>análise, considerar a coreografia da dança
>ritual suahongi, as escalas usadas, suas
>simbologias, ritmos, andamentos, textos, o
>gestual da distribuição de alimentos durante o
>velório, etc.
>Abraço,
>Jorge Antunes
>
>
>
>
>
>Carlos Sandroni
>Departamento de Música, UFPE
>Programa de Pós-Graduação em Música, UFPB
>Setembro 2007/Fevereiro 2008:
>Pesquisador Associado ao Centre de Recherches en Ethnomusicologie
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>199, rue de Vaugirard
>75015 - Paris
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>(81) 2126 8596 (telefone e fax)
>(Recados com Anita)
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