[ANPPOM-L] RES: Qual a música que queremos em nossas Universidades?

Pablo Sotuyo Blanco psotuyo em ufba.br
Dom Out 14 12:47:40 BRST 2007


Só pra cutucar mais um pouco este "caldeirão"...
(Desculpe Sandroni... não resisti à tentação... ;-)
O alfabeto não é latino... é grego pois vem de Alfa Beta. O abecedário é
latino (vindo de A Be Ce...), assim como o alefato é hebraico (embora os
puristas o chamam de Alef-Beth...).

Dixit... ;-)

Pablo.
  -----Mensagem original-----
  De: anppom-l-bounces em iar.unicamp.br
[mailto:anppom-l-bounces em iar.unicamp.br]Em nome de Carlos Sandroni
  Enviada em: domingo, 14 de outubro de 2007 11:21
  Para: Rubens Ricciardi
  Cc: hugoleo75 em gmail.com; anppom-l em iar.unicamp.br
  Assunto: Re: [ANPPOM-L]Qual a música que queremos em nossas Universidades?


  Prezado Rubens e demais colegas,

  Não é educado chamar de "bobagem" a expressão do ponto de vista de um
colega. Em todo caso, não numa lista pública como esta.
  O contraponto de Bach, trazido à baila por Antunes, é europeu. Assim como
este alfabeto é latino, os algarismos 1 e 2 são arábicos e o futebol é o
esporte bretão. Isso não nos impede de usá-los, nem afirmaria eu tal coisa.
O que afirmo (aliás afirmamos eu e, por assim dizer, a torcida do Flamengo -
não confundir com a torcida dos franco-flamengos) é que o domínio do
contraponto europeu não capacita a compreender as polifonias vocais do
Pacífico.
  Saudações,
  Carlos



  On 10/12/07, Rubens Ricciardi < rrrr em usp.br > wrote:
    meus caros...

    onde estamos????

    "contraponto europeu"??? - que bobagem é esta???

    ha, então o futebol (invenção inglesa!) também é europeu (aliás, não é o
esporte mais popular por lá também)????

    nossa senhora, por que será então que eu torço aqui pro meu glorioso
Comercial de Ribeirão Preto???

    certamente uma postura eurocentrista e com certeza politicamente
incorreta (estes corinthianos, estes flamenguistas, todos uns vendidos à
submissão eurocêntrica)...

    pois viva a nossa identidade, viva a nossa verdadeira cultura, abaixo
toda e qualquer forma de inteligência estrangeira!!!...

    Rubens Ricciardi

    PS: caro Silvio Ferraz, concordo com vc que o estudo dos contrapontos
deve ser sempre desenvolvido nos contextos das linguages, porisso, já há
alguns anos venho dando aulas do contraponto da Polifonia Gótica em seus
primórdios, da Ars Antiqua (em especial Perotinus) e da Ars Nova (em
especial Machault e Landini), até os primeiros polifonistas franco-flamengos
quando se inicia o Renascimento, realmente é muito mais enriquecedor que
trabalhar só com as 5 espécies do Fux ou com os recursos dos contrapontos em
meio aos diversos estilos e época do sistema tonal...
      ----- Original Message -----
      From: Carlos Sandroni
      To: antunes em unb.br
      Cc: anppom-l em iar.unicamp.br ; hugoleo75 em gmail.com
      Sent: Friday, October 12, 2007 3:10 PM
      Subject: Re: [ANPPOM-L]Qual a música que queremos em nossas
Universidades?


      Prezado Antunes e demais colegas,

      Citando:

      "A fuga nº 24 é bem complexa estruturalmente. A lamentação de funeral
das Ilhas Solomos é bem menos complexa estruturalmente.
      O estudo da estrutura dos cantos a duas vozes dessas lamentações não
garante sucesso no estudo da estrutura da fuga. Mas o estudo da estrutura da
fuga, garante o sucesso no estudo da estrutura dos cantos a duas vozes das
lamentações fúnebres."

      Fim da citação.

      "Mais complexo" e "menos complexo", aqui, do ponto de vista do
contraponto europeu. A harmonia de Wagner também é mais complexa que a dos
Beatles. Mas saber harmonia e contraponto nao nos habilitam a compreender
nem formalmente, e muito menos estruturalmente, música vocal das Ilhas
Salomon ou rock. (No caso do rock saber alguns acordes pode às vezes
ajudar).

      Se voce analisa polifonias do Pacífico ou dos pigmeus com instrumentos
teóricos de contraponto europeu, o resultado é a primeira e a segunda frases
citada acima. Esta é uma das razões pelas quais a terceira e a quarta frases
citadas acima são, na opinião dos etnomusicólogos, falsas (isto inclui Hugo
Zemp, que estudou a fundo as polifonias das Ilhas Salomon).

      Abraços,
      Carlos


      On 10/12/07, Jorge Antunes <antunes em unb.br> wrote:
        Eduardo:
        Você está usando a palavra "forma", que nunca utilizei. No escopo de
nosso debate ela não cabe.
        Você fala em "complexidade formal" e em se "compreender formalmente
o contraponto".
        Nunca me referi a forma. Sempre estou me referindo a estrutura.
        Estou falando em complexidade estrutural.
        Também nunca disse que a análise se sustenta unicamente pela
abordagem estrutural e formal.
        As aspectos simbólicos e contextuais hão de vir, numa boa análise, a
ser estudados profundamente após as análises estrutural e formal.
        Mas aquela ficará solta, descontextualizada e superficial, se estas
não se estabelecerem antes.
        A fuga nº 24 é bem complexa estruturalmente. A lamentação de funeral
das Ilhas Solomos é bem menos complexa estruturalmente.
        O estudo da estrutura dos cantos a duas vozes dessas lamentações não
garante sucesso no estudo da estrutura da fuga. Mas o estudo da estrutura da
fuga, garante o sucesso no estudo da estrutura dos cantos a duas vozes das
lamentações fúnebres.
        Veja, estou falando em estrutura. Quanto à forma, os níveis de
complexidade são altos nos dois casos. As lamentações fúnebres têm, em
geral, a forma ABAB CBCB. A fuga nº 24, segundo caderno, tem forma de fuga
tripla, com a complexidade imposta pelo uso de três sujeitos.
        Para completar as análises, aí sim, seria necesssário abordar as
questões que você menciona. Seria então preciso abordar a religiosidade de
Bach, suas construções quiasmáticas, sua época, seu entorno, sua fixação na
cristologia e seu encantamento pelas letras de seu próprio nome (b, a, c,
h). Quanto às Lamentações fúnebres das imediações da Polinésia, seria
necessário, na etapa final da análise, considerar a coreografia da dança
ritual suahongi, as escalas usadas, suas simbologias, ritmos, andamentos,
textos, o gestual da distribuição de alimentos durante o velório, etc.
        Abraço,
        Jorge Antunes





      Carlos Sandroni
      Departamento de Música, UFPE
      Programa de Pós-Graduação em Música, UFPB
      Setembro 2007/Fevereiro 2008:
      Pesquisador Associado ao Centre de Recherches en Ethnomusicologie
      CNRS - LESC UMR 7186 - Paris
      Endereço pessoal na França:
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      199, rue de Vaugirard
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