[ANPPOM-L] Qual a música que queremos em nossas Universidades?

Carlos Sandroni carlos.sandroni em gmail.com
Dom Out 14 12:54:41 BRST 2007


Ou isso!

On 10/14/07, Pablo Sotuyo Blanco <psotuyo em ufba.br> wrote:
>
>  Só pra cutucar mais um pouco este "caldeirão"...
> (Desculpe Sandroni... não resisti à tentação... ;-)
> O alfabeto não é latino... é grego pois vem de Alfa Beta. O abecedário é
> latino (vindo de A Be Ce...), assim como o alefato é hebraico (embora os
> puristas o chamam de Alef-Beth...).
>
> Dixit... ;-)
>
> Pablo.
>
> -----Mensagem original-----
> *De:* anppom-l-bounces em iar.unicamp.br [mailto:
> anppom-l-bounces em iar.unicamp.br]*Em nome de *Carlos Sandroni
> *Enviada em:* domingo, 14 de outubro de 2007 11:21
> *Para:* Rubens Ricciardi
> *Cc:* hugoleo75 em gmail.com; anppom-l em iar.unicamp.br
> *Assunto:* Re: [ANPPOM-L]Qual a música que queremos em nossas
> Universidades?
>
> Prezado Rubens e demais colegas,
>
> Não é educado chamar de "bobagem" a expressão do ponto de vista de um
> colega. Em todo caso, não numa lista pública como esta.
> O contraponto de Bach, trazido à baila por Antunes, é europeu. Assim como
> este alfabeto é latino, os algarismos 1 e 2 são arábicos e o futebol é o
> esporte bretão. Isso não nos impede de usá-los, nem afirmaria eu tal coisa.
> O que afirmo (aliás afirmamos eu e, por assim dizer, a torcida do Flamengo -
> não confundir com a torcida dos franco-flamengos) é que o domínio do
> contraponto europeu não capacita a compreender as polifonias vocais do
> Pacífico.
> Saudações,
> Carlos
>
>
> On 10/12/07, Rubens Ricciardi < rrrr em usp.br > wrote:
> >
> >  meus caros...
> >
> > onde estamos????
> >
> > "contraponto europeu"??? - que bobagem é esta???
> >
> > ha, então o futebol (invenção inglesa!) também é europeu (aliás, não é o
> > esporte mais popular por lá também)????
> >
> > nossa senhora, por que será então que eu torço aqui pro meu glorioso
> > Comercial de Ribeirão Preto???
> >
> > certamente uma postura eurocentrista e com certeza politicamente
> > incorreta (estes corinthianos, estes flamenguistas, todos uns vendidos à
> > submissão eurocêntrica)...
> >
> > pois viva a nossa identidade, viva a nossa verdadeira cultura,
> > abaixo toda e qualquer forma de inteligência estrangeira!!!...
> >
> > Rubens Ricciardi
> >
> > PS: caro Silvio Ferraz, concordo com vc que o estudo dos contrapontos
> > deve ser sempre desenvolvido nos contextos das linguages, porisso, já há
> > alguns anos venho dando aulas do contraponto da Polifonia Gótica em seus
> > primórdios, da Ars Antiqua (em especial Perotinus) e da Ars Nova (em
> > especial Machault e Landini), até os primeiros polifonistas
> > franco-flamengos quando se inicia o Renascimento, realmente é muito mais
> > enriquecedor que trabalhar só com as 5 espécies do Fux ou com os recursos
> > dos contrapontos em meio aos diversos estilos e época do sistema tonal...
> >
> > ----- Original Message -----
> > *From:* Carlos Sandroni <carlos.sandroni em gmail.com>
> > *To:* antunes em unb.br
> > *Cc:* anppom-l em iar.unicamp.br ; hugoleo75 em gmail.com
> > *Sent:* Friday, October 12, 2007 3:10 PM
> > *Subject:* Re: [ANPPOM-L]Qual a música que queremos em nossas
> > Universidades?
> >
> >  Prezado Antunes e demais colegas,
> >
> > Citando:
> >
> > "A fuga nº 24 é bem complexa estruturalmente. A lamentação de funeral
> > das Ilhas Solomos é bem menos complexa estruturalmente.
> > O estudo da estrutura dos cantos a duas vozes dessas lamentações não
> > garante sucesso no estudo da estrutura da fuga. Mas o estudo da estrutura da
> > fuga, garante o sucesso no estudo da estrutura dos cantos a duas vozes das
> > lamentações fúnebres."
> >
> > Fim da citação.
> >
> > "Mais complexo" e "menos complexo", aqui, do ponto de vista do
> > contraponto europeu. A harmonia de Wagner também é mais complexa que a
> > dos Beatles. Mas saber harmonia e contraponto nao nos habilitam a
> > compreender nem formalmente, e muito menos estruturalmente, música vocal das
> > Ilhas Salomon ou rock. (No caso do rock saber alguns acordes pode às vezes
> > ajudar).
> >
> > Se voce analisa polifonias do Pacífico ou dos pigmeus com instrumentos
> > teóricos de contraponto europeu, o resultado é a primeira e a segunda frases
> > citada acima. Esta é uma das razões pelas quais a terceira e a quarta frases
> > citadas acima são, na opinião dos etnomusicólogos, falsas (isto inclui Hugo
> > Zemp, que estudou a fundo as polifonias das Ilhas Salomon).
> >
> > Abraços,
> > Carlos
> >
> >
> > On 10/12/07, Jorge Antunes <antunes em unb.br> wrote:
> > >
> > > Eduardo:
> > >
> > > Você está usando a palavra "forma", que nunca utilizei. No escopo de
> > > nosso debate ela não cabe.
> > > Você fala em "complexidade formal" e em se "compreender formalmente o
> > > contraponto".
> > > Nunca me referi a forma. Sempre estou me referindo a estrutura.
> > > Estou falando em complexidade estrutural.
> > > Também nunca disse que a análise se sustenta unicamente pela abordagem
> > > estrutural e formal.
> > > As aspectos simbólicos e contextuais hão de vir, numa boa análise, a
> > > ser estudados profundamente após as análises estrutural e formal.
> > > Mas aquela ficará solta, descontextualizada e superficial, se estas
> > > não se estabelecerem antes.
> > > A fuga nº 24 é bem complexa estruturalmente. A lamentação de funeral
> > > das Ilhas Solomos é bem menos complexa estruturalmente.
> > > O estudo da estrutura dos cantos a duas vozes dessas lamentações não
> > > garante sucesso no estudo da estrutura da fuga. Mas o estudo da estrutura da
> > > fuga, garante o sucesso no estudo da estrutura dos cantos a duas vozes das
> > > lamentações fúnebres.
> > > Veja, estou falando em estrutura. Quanto à forma, os níveis de
> > > complexidade são altos nos dois casos. As lamentações fúnebres têm, em
> > > geral, a forma ABAB CBCB. A fuga nº 24, segundo caderno, tem forma de fuga
> > > tripla, com a complexidade imposta pelo uso de três sujeitos.
> > > Para completar as análises, aí sim, seria necesssário abordar as
> > > questões que você menciona. Seria então preciso abordar a religiosidade de
> > > Bach, suas construções quiasmáticas, sua época, seu entorno, sua fixação na
> > > cristologia e seu encantamento pelas letras de seu próprio nome (b, a, c,
> > > h). Quanto às Lamentações fúnebres das imediações da Polinésia, seria
> > > necessário, na etapa final da análise, considerar a coreografia da dança
> > > ritual *suahongi*, as escalas usadas, suas simbologias, ritmos,
> > > andamentos, textos, o gestual da distribuição de alimentos durante o
> > > velório, etc.
> > > Abraço,
> > > Jorge Antunes
> > >
> > >
> > >
> > >
> > >
> > Carlos Sandroni
> > Departamento de Música, UFPE
> > Programa de Pós-Graduação em Música, UFPB
> > Setembro 2007/Fevereiro 2008:
> > Pesquisador Associado ao Centre de Recherches en Ethnomusicologie
> > CNRS - LESC UMR 7186 - Paris
> > Endereço pessoal na França:
> > Chez Duflo-Moreau
> > 199, rue de Vaugirard
> > 75015 - Paris
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