[ANPPOM-L] UNICAMP recebe Ricardo Mandolini 01 a 06/set/2008 - Seminarios sobre HEURISTICA MUSICAL

jamannis jamannis em uol.com.br
Qui Ago 28 23:07:00 BRT 2008


INSTITUTO DE ARTES DA UNICAMP recebe o compositor RICARDO MANDOLINI
(Univeridade de Lille III) de 01 a 06 de setembro e conclui primeira etapa
de programa de intercâmbio musical entre França e países do Cone Sul.

O Compositor Ricardo Mandolini (Universidade de Lille III) estará visitando
o Instituto de Artes da Unicamp participando de encontros e seminários com
pesquisadores, docentes e alunos, em torno do tema HEURISTICA MUSICAL,
abordando processos criativos em música com aplicações em composição e
interpretação musical, mas igualmente de grande interesse para pesquisadores
em fundamentos teóricos.

Mandolini (Depto. de Estudos Musicais - Univ. de Lille III) já esteve na
Unicamp em 2006 ministrando oficina de criação musical, igualmente no âmbito
de atividades da rede RICMA (Red de Investigación y Creación Musical de
America – Unicamp (Brasil), UNTREF (Argentina), Universidade do Chile) , e
nesta visita conta com apoio da FAPESP, do programa PREFALC (Programme
Regional France-Amerique Latine-Caribe) mantido pelo governo francês
envolvendo o Ministère des affaires étrangères (MAE),  Ministère de
l’éducation nationale, de l’enseignement supérieur et de la recherche
(MEN-ESR), e a Fondation Maison des Sciences de l’Homme, e da Comissão de
Pos-Graduação (Sub-CPG-Música) do Instituto de Artes da Unicamp. 

Desde o inicio de agosto foram recebidos dois visitantes do Conservatório
Nacional Superior de Música e Dança de Paris (CNSMDP) Alexandros Markeas
(Improvisação Generativa ) (04 a 08/Ago) e Claude Ledoux (Analise Musical)
(11 a 22/Ago) atingindo um publico de mais de 120 pesquisadores, docentes e
alunos em duas sessões diárias com média de 43 participantes cada uma.
Ambos os visitantes foram compartilhados com o Depto. de Música da ECA/USP
onde realizaram sessões de trabalho e seminários às sextas-feiras. O
programa de cooperação continua em 2009 com novas atividades previstas para
o mês de julho em Campinas.

Atividades na Unicamp:

·         SEG 01/Set         10:00-12:00        Sala 41 DM/IA

·         SEG 01/Set         14:00-17:00        Sala à definir  DM/IA

·         TER 02/Set         10:00-12:00        Auditório do Instituto de
Artes

·         TER 02/Set         14:00-17:00        Auditório do Instituto de
Artes

·         QUA 03/Set       10:00-12:00        Auditório do Instituto de
Artes

·         QUA 03/Set       14:00-17:00        Auditório do Instituto de
Artes

·         QUI 04/Set         10:00-12:00        Auditório do Instituto de
Artes

·         QUI 04/Set         14:00-17:00        Auditório do Instituto de
Artes

·         SEX 05/Set         10:00-12:00        Auditório do Instituto de
Artes

·         SEX 05/Set         14:00-17:00        Auditório do Instituto de
Artes

 

A HEURÍSTICA MUSICAL

Por Ricardo Mandolini  

(trad. J. A. Mannis)

Sob o titulo genérico de Criação Musical, a Heurística Musical foi
implantada em 1985 no Departamento de Estudos Musicais da Universidade de
Lille III (Charles de Gaulle) e declarada matéria obrigatória logo em 1987.
Em suas origens esta disciplina se apresentou como uma continuação de
escritura musical e solfejo, servindo de transição e preparação para o
aprendizado da composição e matérias afins que seguiam sendo ensinadas em
conservatórios.

De que se trata exatamente a Heurística Musical?

É o descobrimento da criatividade aplicada à música. Trata-se do aprendizado
através da própria experiência, realizada a partir de propostas oferecidas
aos participantes, suscitando desenvolvimento de processos criativos
acompanhados e orientados a todo momento, seguindo a forma de uma pirâmide
invertida (processo em expansão) quanto à definição crescente dos projetos e
do grau de compenetração e de compromisso dos estudantes.

A fundamentação epistemológica desta disciplina é dada pelo fato de que a
música não pode ser aprendida como uma matéria exclusivamente conceitual,
mas, ao contrário, deve sempre ser estudada “em situação”. Todo músico, seja
intérprete ou compositor, mantém com a obra (que vai executar ou compor) uma
relação particular modificando-se na medida em que se aprofunda no trabalho
de realização.  Ignorar esta dinâmica seria reduzir a análise musical a um
simples balanço entre repetições e contrastes, sem compreender que o mais
importante é justamente o que se passa entre as repetições e entre os
contrastes , ou seja, a energia que anima todo o processo e lhe dá sentido.

Do ponto de vista filosófico, temos em Kant (Crítica da Razão Pura) a
diferença entre conhecimento conceitual e experiência vivida. O primeiro é
transmissível e, como tal, objeto de conhecimento universal. O sujeito que
aprende e a matéria ensinada constituem duas entidades totalmente separadas
e diferentes. A esta primeira categoria correspondem as matérias do saber,
universitárias por excelência. Quanto à experiência vivida, esta não é
transmissível e impede a separação entre sujeito e matéria; ambas reenviam à
pessoa que se encontra em situação de experimentação.  Por isso a heurística
não constitui um conhecimento propriamente dito, mas sim a motivação que
origina e dá sentido ao conhecimento. Pode-se dizer que ela seria o “caminho
do descobrimento”, realçando assim sua dinâmica hermenêutica sempre em
mutação. 

Desde o inicio, a representação da obra a interpretar ou à criar parece
exterior ao artista; na medida em que este se identifica e se apropria da
atividade, aparecerão elementos de linguagem se transformando rapidamente
num repertório de idéias, de ações e de imagens, que passarão de fluidos a
sólidos, de evanescentes  reais, se projetando totalmente na obra terminada.

Adorno é o pensador que talvez mais se aproximou do processo heurístico a
partir de sua definição de “música informal”. Sua valiosa concepção da
dialética do processo de criação pode ser adaptada à descrição do processo
criativo, definido como confrontação do compositor com seus materiais.

Do ponto de vista psicológico, a espiral hermenêutica implicada no processo
de criação pode ser explicada através:

1)      Da Teoria dos objetos transacionais de Dinald Winnicotty;

2)      Da Teoria da ordenação sincrética de Anton Ehrenzweig.

A primeira compara a arte a um jogo infantil, na base da existência de uma
área que para o sujeito não é nem interior, nem exterior e na qual ele se
manifesta e se expressa. Tal qual a criança, o artista realiza uma atividade
onde não é possível determinar as fronteiras entre o mundo das
representações interiores e o mundo real. É por essa razão que para não
reduzir o ato criador a uma série de momentos estáticos, uma pedagogia da
arte deveria assumir a fusão entre o sujeito e a matéria que realiza. Como
se pode ensinar arte em geral e, mais particularmente, música, sem levar em
conta esse efeito de fusão?  Esta é a primeira pergunta colocada pela
heurística, assumindo um papel de aprendizagem complementar das demais
disciplinas.  Uma vez adquirida a motivação do processo criativo, a
aquisição de conhecimentos torna-se uma evidencia que corrobora o bem
fundado desta motivação. Assim, para quem estuda composição musical a
heurística serve como preparação necessária. Para quem não segue essa
formação a heurística permite compreender a dinâmica do processo criativo
pelo qual passa todo compositor, abrindo assim uma porta real para a
compreensão estética das músicas de seu tempo.

A segunda teoria psicológica que fundamenta a Heurística Musical está
exposta na obra póstuma de Ehrenzweig “A ordem oculta da arte”. Segundo esse
ilustre pensador austríaco, o processo artístico é gerado por um conflito
entre o pensamento analítico e a visão sincrética da obra, o que leva o
criador a um momento de introjeção bem como a um momento de repúdio dos
materiais envolvidos em seu trabalho bem como das suas combinatórias e
arranjos. Se há identificação seguida de repúdio dos materiais, este
movimento em si pode explicar a espiral hermenêutica (perda e recuperação do
sentido) que se encontra na base do processo de criação e que obriga a uma
redefinição perpétua das idéias, das ações e das imagens.

VISITA DE RICARDO MANDOLINI À UNICAMP

A visita do Prof. Mandolini está diretamente associada à primeira parte de
um programa de cooperação entre a UNICAMP (Brasil), UNTREF (Argentina),
Centro Nacional da Musica (Chile) e o Conservatório Nacional Superior de
Música e Dança de Paris (CNSMDP) e a Universidade Charles de Gaulle - Lille
3 (França) no campo da pesquisa, criação e patrimônio musical na
América-Latina. Ao mesmo tempo, esta visita do Prof. Mandolini sucede às
visitas dos Profs. Alexandros Markeas e Claude Ledoux durante o ultimo mês
de agosto, todas se beneficiando de financiamento do governo francês. A
visita do  Prof. Ricardo Mandolini tem por objetivo estabelecer um
intercâmbio com docentes locais realizando seminários abertos à comunidade
acadêmica bem como uma aproximação com o Departamento de Estudos Musicais da
Universidade Charles de Gaulle Lille 3 com interesse especial na área de
composição e processos criativos, comparativamente ao que vem sendo
desenvolvido localmente na Unicamp como no PROJETO TEMÁTICO "COMPUTADOR COMO
AMBIENTE DE CRIAÇÃO E PERFORMANCE MUSICAL", coordenado pelo Prof. Dr. Silvio
Ferraz, iniciado em 03/2004 finalizado em 03/2008. Os enfoques previstos
nesta visita abrangem:  Heurística musical; Improvisação musical; Música
eletroacústica; Adorno e a escritura musical; Gesto musical e Gesto
acusmático. 

Atividades previstas: de 01 a 06/Set, seg a sex, diarimente das 10:00 às
12:00 e das 14 :00 às 17 :00hs. Segunda-feira as atividades ocorrerão no
Departamento de Música (Sala 41 pela manhã). De terça a sexta-feira as
sessões serão todas realizadas no Auditório do Instituto de Artes.

Estas atividades têm anuência e apoio do Departamento de Música
(IA/Unicamp), Coordenadoria da Gradaçao em Música, Coordenação da Sub-CPG
Mùsica (Comissão de Pós-Graduação/IA/Unicamp); Coordenação de Pós-Graduação
do IA (Unicamp); Direção do Instituto de Artes da Unicamp. 

Esta visita, bem como as dos Profs. ALEXANDROS MARKEAS (Improvisação
Generativa – CNSMDP) e CLAUDE LEDOUX (Análise Muiscal – CNSMDP) contam com
contrapartida francesa coordenada pelo CNSMDP, Apoio da Univ. de Lille 3 e
financiamento do programa PREMER(PREFALC) da França, aprovado para viagens
internacionais de pesquisadores em 2008 e 2009 entre França (Conserv. Nac.
Sup. de Música e Dança de Paris e Univ. de Lille 3), Brasil(Unicamp),
Argentina (UNTREF) e Chile (Centro Nacional de la Musica - sede RICMA: Red
de Investigación y Creación Musical de América).  O projeto na França
denomina-se "Investigation, création et patrimoine musical musical en
Amérique Latine", sendo coordenado por Gretchen Amussen, Sous-Directrice des
Affaires Extérieures et de la Communication du CNSMDP.

 

Informações :  Prof. José Augusto Mannis (Depto. de Música/IA)
jamannis em uol.com.br 

Localização no Campus :
http://www.prefeitura.unicamp.br/prefeitura/ca/mapa/unidade.html 
(Instituto de Artes = Numero 15)

Como chegar à Unicamp :
http://www.inova.unicamp.br/site/06/paginas/visualiza_conteudo.php?conteudo=
5 

 

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