[ANPPOM-L] Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos

Daniel Lemos dal_lemos em yahoo.com.br
Ter Nov 23 13:02:25 BRST 2010


Olá Palombini, Ana e colegas,

O curioso deste vídeo sobre a posse de Sarney em 1966 é que eu estava no mesmo local ontem (na praça Tiradentes), e havia um protesto de estudantes e professores da UEMA contra o corte que a Roseana Sarney tem feito nas finanças da Universidade... parece que as coisas aqui estão mudando aos poucos.

Sobre os conteúdos, se falarmos sobre Leitura Musical em um sentido mais amplo, ler partituras é apenas um destes saberes. É fundamental, pois grande parte da literatura está escrita em notação tradicional. Porém, lembremos que há diversos tipos de notação: audiopartituras, notações de música contemporânea... e delas derivam as interfaces gráficas utilizadas em programas como Fruit Loops, Renoise, Cubase, Sonar, etc, programas importantes para composição e manipulação de áudio em especial na Música Popular, uma bagagem essencial ao músico de hoje.

O grande problema do "ensino tecnicista de Conservatório" é achar que apenas o conhecimento "erudito europeu" é válido; aí estamos fadados a viver no passado. Porém, descartar a importância deste saber não é a melhor alternativa, pois ele constitui parte importante do "saber musical". A visão de Luciano Berio ilustra muito bem isso: diferentemente de Boulez e Stockhausen, ele não acreditava na tabula rasa, mas trabalhou de forma genial com os elementos musicais de seu tempo, dialogando com o passado. Este é o perfil ideal do músico de hoje: ensinar Beethoven, mostrar como ele se inseria na sociedade em sua época e trazê-lo ao presente, em forma de releitura.

Mais importante que os conteúdos é formar músicos com a capacidade de reflexão, de buscar os conhecimentos necessários (pesquisa!) e - principalmente - de atitude política, para que possa requerer e criar seus espaços na sociedade. A Universidade, logicamente, não pode prover todos os tipos de conhecimento musical. Logo, seu papel mais importante é formar indivíduos independentes, que ao terminar o Curso, saberão como se inserir na sociedade. Logo, a formação seria apenas o "pontapé inicial" para uma vida musical.

A figura do "músico alienado" não pode mais existir! Tenho pena de quem se forma em reconhecidas Instituições de ensino musical e ainda acredita que será um concertista solista... mas a culpa não é dele, nem do professor dele (talvez um pouco mais do professor, pois este sim está numa posição de trazer mudanças e no entanto não o faz). Assim como disse o Capitão Nascimento, é o "Sistema" que precisa ser mudado!

Sds,

Daniel Lemos

Professor Assistente I

Curso de Música - http://musica.ufma.br

Departamento de Artes (DEART)

Universidade Federal do Maranhão (UFMA)



      
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