[ANPPOM-L] Res: Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos

Daniel Lemos dal_lemos em yahoo.com.br
Qui Nov 25 00:08:09 BRST 2010


Olá prof. Bryan Holmes,

Compartilho de sua visão: devemos respeitar quaisquer tipos de manifestação artística, seja "popular", "erudita", "folclórica"... até porque a própria definição destas palavras é um tanto incerta e arbitrária em diversas oportunidades. E todas acabam se interligando, pois na música erudita há folclore, há música popular e por aí vai...

Aqui no Maranhão, por exemplo, há uma situação curiosa: a música folclórica (de origem regional, com instrumentos locais) tem tanto ou maior reconhecimento na sociedade que a música popular (que chega através dos meios de comunicação em massa). É um fato que não pode passar despercebido em nosso curso, tanto que trabalhamos com várias peças do Bumba-meu-Boi em atividades de musicalização e arranjo ao teclado.

Grande abraço,

Daniel Lemos

Professor Assistente I

Curso de Música - http://musica.ufma.br

Departamento de Artes (DEART)

Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

--- Em qua, 24/11/10, Bryan Holmes <bholmesd em yahoo.com> escreveu:

De: Bryan Holmes <bholmesd em yahoo.com>
Assunto: Re: [ANPPOM-L] Res:  Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos
Para: "Lista ANPPOM" <anppom-l em iar.unicamp.br>
Data: Quarta-feira, 24 de Novembro de 2010, 20:58

Prezado prof. Lemos,
Sim, sim! E eu nem falei em popular, folclórica, étnica ou qualquer outro tipo de música. Mas eu considero "músico" a qualquer pessoa que faça música. Assim, reafirmo o meu comentário, pois a frase que critico refere-se a algo que seria "fundamental" para "qualquer músico", a saber, "os conhecimentos da 'Música erudita européia'".
Isto pouco tem a ver, pelo menos diretamente, com o que eu pense sobre os testes específicos aqui discutidos, mas é apenas uma manifestação a respeito de uma afirmação que não pude deixar passar, pois a considero pouco rigorosa. De resto, concordo com muito do que vc tem escrito por aqui.
Saudações cordiais,Bryan Holmes

--- On Wed, 11/24/10, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br> wrote:

From: Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>
Subject: Re: [ANPPOM-L] Res:  Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos
To: anppom-l em iar.unicamp.br
Date: Wednesday, November 24, 2010, 5:12 PM


Caros,

Respondendo à pergunta do prof. Palombini: "E como você diferencia
 "conteúdo" de "concepção"?"

Quando me refiro à concepção, é a postura metodológica, pedagógica e filosófica na qual se alicerça a relação de ensino-aprendizagem em Música. Por exemplo: um professor de Música Popular irá abordar um determinado conteúdo de forma diferente de um professor de Harmonia Tradicional (obviamente se utilizando do senso comum acerca do perfil destes profissionais). "Concepção conservatorial" se refere ao modo como o conteúdo é tratado neste modelo institucional. Poderíamos, em uma analogia irônica, "ensinar Forró aos moldes conservatoriais"...


Em observação ao comentário do prof. Holmes:

Retorno a um ponto já mencionado: depende da proposta do Curso que se deseja ministrar. Em um curso de Graduação
 em Música, creio que a referida "Música erudita européia"  seja uma bagagem importante. Entretanto, há varias formas e níveis de se abordar este conteúdo, mas  não consideraria a possibilidade de não abordá-lo. A Música Popular sempre dialogou com a Música Erudita, temos exemplos disso em toda a História da Música. Em termos de estruturação musical, isto é evidente: de onde vem o temperamento, a formação de acordes e o design dos instrumentos musicais típicos utilizados na Música Popular? 

Sds,


Daniel Lemos

Professor Assistente I

Curso de Música - http://musica.ufma.br

Departamento de Artes (DEART)

Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

--- Em qua, 24/11/10, Bryan Holmes <bholmesd em yahoo.com> escreveu:

De: Bryan Holmes <bholmesd em yahoo.com>
Assunto: Re: [ANPPOM-L] Res:  Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos
Para: anppom-l em iar.unicamp.br
Data: Quarta-feira, 24 de Novembro de 2010, 12:37

Prezado prof. Lemos,
Com todo o respeito, manifesto não apenas meu desacordo com seguinte frase, mas minha certeza de que é falaz:Os conhecimentos da "Música erudita européia" são fundamentais sim para a formação de qualquer músico.
Só não me peça para exemplificar, pois uma lista de exemplos que desmentem o supracitado pode ser descomunal e não estou com o tempo suficiente.

Cordialmente,
--
Bryan Holmes
CBM-CEU

--- On Wed, 11/24/10, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br> wrote:

From: Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>
Subject: Re: [ANPPOM-L] Res:  Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos
To: anppom-l em iar.unicamp.br
Date: Wednesday, November 24, 2010, 11:34 AM


Caros,

A idéia do prof. Palombini justamente exibe esta 
necessidade de reformulação do ensino universitário de Música, só não 
compactuo com a forma como ela foi exposta. Os conhecimentos da "Música 
erudita européia" são fundamentais sim para a formação de qualquer 
músico. O que precisamos repensar é se nossos Cursos formam 
profissionais capacitados para inserir-se numa sociedade em constante 
mutação. Algumas perguntas que podem nos guiar:

"Quais os campos 
de atuação do músico atualmente?"
"Como a Universidade pode prover 
conhecimentos básicos necessários a este exercício?"

Precisamos 
não nos livrar dos conteúdos conservatoriais, mas das CONCEPÇÕES 
conservatoriais.


Um abraço a todos,



Daniel Lemos

Professor Assistente I

Curso de Música - http://musica.ufma.br

Departamento de Artes (DEART)

Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

--- Em qua, 24/11/10, Eduardo Patricio <epatricio em yahoo.com> escreveu:

De: Eduardo Patricio <epatricio em yahoo.com>
Assunto: [ANPPOM-L] Res:  Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos
Para: "Carlos Palombini" <cpalombini em gmail.com>, anppom-l em iar.unicamp.br
Data: Quarta-feira, 24 de Novembro de 2010, 10:27




É. Pela mensagem do André Machado, me parece que a posição do Palombini (e/ou reflexos dela) foi agora
 melhor captada. A questão central
 seria menos sobre a existência ou não de testes
 específicos e mais a respeito da
 necessidade de um questionamento acerca dos objetivos e proposições dos cursos de música no Brasil - que apresentam sim um certo descolamento da realidade (histórico-social), e, que fique claro, não se trata aqui de uma questão puramente de mercado.
Saudações
Eduardo Patrício

_____________________________________
Eduardo Patrício
  http://www.eduardopatricio.com.br
 
 +55 41 8434-0480
  

De: Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>
Para: anppom-l em iar.unicamp.br
Enviadas: Quarta-feira, 24 de
 Novembro de 2010 1:02:13
Assunto: Re: [ANPPOM-L] Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos

Voilà!

2010/11/24 André Luís Cardoso Machado <andrelcmac em ig.com.br>

Olá, se me permitem



O ensino superior em música é todo baseado na tradição européia que

culminou na música erudita contemporânea. Os jovens que ingressam nas

faculdades de música, como todos os outros, são um pouco

inconsequentes. Se julgam poderosos e pensam poder vencer a realidade

e se tornar grandes solistas ou reconhecidos compositores. Porém essas

possibilidades já não existem, já tem algum tempo. O máximo que se

pode conseguir é um reconhecimentozinho acadêmico. Não dá pra ganhar

dinheiro nem com a música tradicional nem com a contemporânea. A não

ser sob a égide do estado que não oferece(e nem deveria) vagas para

todos.

Em qualquer outra área a academia se veria obrigada a mudar seus

rumos. Mas em nossa área específica, amparada inclusive por uma

equivocada visão de toda a sociedade de que nossos valores são muito

diferentes do resto, mantem-se tudo como está.

Me parece que mudar o enfoque acadêmico vigente é como a reforma

política. Todos sabem que ela é necessária, mas quem tem poder para

realizá-la são os menos interessados.



Abraço a todos

André Machado



Em 23/11/10, Carlos Palombini<cpalombini em gmail.com> escreveu:

> É outra possibilidade. Infelizmente, muito pouco na política da Capes e nada

> na política do CNPq aponta nesta direção.

>

> 2010/11/23 Flavio <flateb em gmail.com>

>

>> Pelo visto, pode-se mesmo dizer que nada do que se faz na tal "área

>> específica" de música presta ( "análises interpretativas",

>> "instrumentista-pesquisador que nem toca nem faz pesquisa",

>> "compositor-pesquisador cuja pesquisa é dizer o que quer que seja da

>> música

>> que só é ouvida por seus próprios colegas" etc.). Faltou apenas incluir a

>> categoria de egrégios "pesquisadores" que não tocam, não cantam, não

>> compõem, não diferenciam uma colcheia de um violão, costumam fugir de sala

>> de aula e de orientações, mas encontram-se muito bem instalados e pagos

>> em... Escolas de Música (vejam que coisa!). Enfim, acabemos com esse tipo

>> também, pessoal, e assim podemos apagar todas as luzes de tão nefasta

>> área,

>> entregando os prédios (e principalmente a verba pública que alimenta, por

>> exemplo, muitas bolsas de pesquisa) para a sociedade fazer de tudo isso um

>> melhor uso.

>>

>>  Flavio Barbeitas.

>>

>>

>> 2010/11/23 Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>

>>

>> Não, acabamos apenas com a prova de habilidades específicas, o que

>>> resultará no fim do Conservatório Universitário, e no fim também das

>>> intermináveis discussões sobre a "especificidade" da área, sobre quantos

>>> artigos vale um concerto, sobre o número de artigos que substitui uma

>>> dissertação na pós-graduação em performance, acabamos com as "análises

>>> interpretativas" e tantos outros males, como o instrumentista-pesquisador

>>> que nem toca nem faz pesquisa (ou faz de conta que faz, e se publica

>>> porque

>>> as revistas precisam de artigos para satisfazer as exigências de

>>> periodicidade da Capes), com o compositor-pesquisador cuja pesquisa é

>>> dizer

>>> o que quer que seja da música que só é ouvida por seus próprios colegas,

>>> e

>>> poderemos pensar numa formação adequada e específica para

>>> instrumentistas,

>>> compositores, musicólogos, educadores etc. Não seria um benefício?

>>>

>>> 2010/11/23 Fernando Pereira Binder <fernandobinder em yahoo.com.br>

>>>

>>>> Muito bem,

>>>>

>>>> Primeiro acabamos com a prova de habilidades específicas para música.

>>>> Depois acabamos com a prova geral (português, história, etc...).

>>>> Daí acabamos com a alfabetização.

>>>> Re-instituímos a igreja como guardiã do conhecimento ocidental (começada

>>>> na última eleição).

>>>> Pronto, voltamos todos à Idade Média em 4 etapas!

>>>>

>>>> Fernando Binder

>>>>

>>>>  Em 22/11/2010, às 10:07, Carlos Palombini escreveu:

>>>>

>>>>

>>>>

>>>>  2) Não exigir conhecimentos específicos desvaloriza a Lei 11.769/2008,

>>>>> uma árdua conquista da área de Música que simboliza sua valorização,

>>>>> pois

>>>>> esta é comumente tratada de forma amadora pela sociedade. Atualmente,

>>>>> há uma

>>>>> verdadeira "indústria educacional" em torno da Educação Básica, pois

>>>>> sua

>>>>> função mais comum é oferecer acesso à Universidade, desvalorizando sua

>>>>> própria utilidade educacional. Nesse contexto, há o risco de muitos se

>>>>> perguntarem: "pra que estudar Música se para entrar no Curso de Música

>>>>> não é

>>>>> necessário estudar Música?";

>>>>>

>>>>

>>>> Há um erro básico aqui: supor que estudar música seja solfejar, tocar um

>>>> instrumento (ou cantar), ou compor. Como é isso que a maioria de nossos

>>>> colegas sabe fazer, esse erro não será democraticamente erradicado. A

>>>> prova

>>>> específica tem a função de perpetuá-lo.

>>>>

>>>>

>>>> --

>>>> Carlos Palombini

>>>> cpalombini em gmail.com

>>>>

>>>> ________________________________________________

>>>> Lista de discussões ANPPOM

>>>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l

>>>> ________________________________________________

>>>>

>>>>

>>>>   _____________________

>>>> Ajude a manter minha caixa postal limpa, não inclua meu endereço de

>>>> email

>>>> em listas de qualquer espécie. Obrigado. Fernando.

>>>> Please, help me to keep my inbox clean. Do not include my email address

>>>> in any sort of of list. Thank You. Fernando.

>>>>

>>>>

>>>>

>>>

>>>

>>> --

>>> Carlos Palombini

>>> cpalombini em gmail.com

>>>

>>>

>>> ________________________________________________

>>> Lista de discussões ANPPOM

>>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l

>>> ________________________________________________

>>>

>>

>>

>> ________________________________________________

>> Lista de discussões ANPPOM

>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l

>> ________________________________________________

>>

>

>

>

> --

> Carlos Palombini

> cpalombini em gmail.com

>




-- 
Carlos Palombini
cpalombini em gmail.com










       
-----Anexo incorporado-----

________________________________________________
Lista de discussões ANPPOM
http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
________________________________________________




       
-----Inline Attachment Follows-----

________________________________________________
Lista de discussões ANPPOM
http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
________________________________________________








      
-----Anexo incorporado-----

________________________________________________
Lista de discussões ANPPOM
http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
________________________________________________




       
-----Inline Attachment Follows-----

________________________________________________
Lista de discussões ANPPOM
http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
________________________________________________








      
-----Anexo incorporado-----

________________________________________________
Lista de discussões ANPPOM
http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
________________________________________________


      
-------------- Próxima Parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: <http://www.listas.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20101124/fd0a0f06/attachment.html>


Mais detalhes sobre a lista de discussão Anppom-L