[ANPPOM-L] Res: Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos

Isabel Nogueira isadabel em terra.com.br
Qui Nov 25 08:43:08 BRST 2010


caros colegas,

a discussão está muito interessante e sem dúvida abordando temas fundamentais para a reflexão e prática academica.
no entanto, vou procurar objetivar: o SISU está impondo já, neste momento, a exigencia de que não haja nenhuma tipo de teste específico ao 
mesmo tempo em que nossos alunos devem subemter-se ao ENADE como condição sine que non para sua formatura.
ou seja: existe sim um instrumento que diz o que devemos ensinar nos cursos de musica, e este instrumento serve para avaliação dos próprios cursos.
observem na página do MEC o teor destas provas e as respostas esperadas a elas.
são conhecimentos abrangentes, mas talvez dificeis de alcançar se ingressarem no curso alunos que desconhecem a linguagem formal.
proponho encaminhar para a lista uma solicitação ao SISU de que seja 
solicitado ao aluno, como condição para sua matrícula na universidade, um documento que certifique seus conhecimentos musicais
(diploma de curso técnico ou teste expedido por universidade), sem dicutir neste momento qual o teor destes conhecimentos.
os que estiverem de acordo, podem assinar o documento.
penso que precisamos o mais breve possível de uma manifestação que busque nos assegurar esta possibilidade.
abraços,
isabel nogueira.
centro de artes - universidade federal de pelotas, rs



  ----- Original Message ----- 
  From: Daniel Lemos 
  To: anppom-l em iar.unicamp.br 
  Sent: Wednesday, November 24, 2010 11:08 PM
  Subject: Re: [ANPPOM-L] Res: Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos



        Olá prof. Bryan Holmes,

        Compartilho de sua visão: devemos respeitar quaisquer tipos de manifestação artística, seja "popular", "erudita", "folclórica"... até porque a própria definição destas palavras é um tanto incerta e arbitrária em diversas oportunidades. E todas acabam se interligando, pois na música erudita há folclore, há música popular e por aí vai...

        Aqui no Maranhão, por exemplo, há uma situação curiosa: a música folclórica (de origem regional, com instrumentos locais) tem tanto ou maior reconhecimento na sociedade que a música popular (que chega através dos meios de comunicação em massa). É um fato que não pode passar despercebido em nosso curso, tanto que trabalhamos com várias peças do Bumba-meu-Boi em atividades de musicalização e arranjo ao teclado.

        Grande abraço,

        Daniel Lemos
        Professor Assistente I
        Curso de Música - http://musica.ufma.br
        Departamento de Artes (DEART)
        Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

        --- Em qua, 24/11/10, Bryan Holmes <bholmesd em yahoo.com> escreveu:


          De: Bryan Holmes <bholmesd em yahoo.com>
          Assunto: Re: [ANPPOM-L] Res: Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos
          Para: "Lista ANPPOM" <anppom-l em iar.unicamp.br>
          Data: Quarta-feira, 24 de Novembro de 2010, 20:58


                Prezado prof. Lemos,


                Sim, sim! E eu nem falei em popular, folclórica, étnica ou qualquer outro tipo de música. Mas eu considero "músico" a qualquer pessoa que faça música. Assim, reafirmo o meu comentário, pois a frase que critico refere-se a algo que seria "fundamental" para "qualquer músico", a saber, "os conhecimentos da 'Música erudita européia'".


                Isto pouco tem a ver, pelo menos diretamente, com o que eu pense sobre os testes específicos aqui discutidos, mas é apenas uma manifestação a respeito de uma afirmação que não pude deixar passar, pois a considero pouco rigorosa. De resto, concordo com muito do que vc tem escrito por aqui.


                Saudações cordiais,
                Bryan Holmes


                --- On Wed, 11/24/10, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br> wrote:


                  From: Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>
                  Subject: Re: [ANPPOM-L] Res: Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos
                  To: anppom-l em iar.unicamp.br
                  Date: Wednesday, November 24, 2010, 5:12 PM



                        Caros,

                        Respondendo à pergunta do prof. Palombini: "E como você diferencia "conteúdo" de "concepção"?"

                        Quando me refiro à concepção, é a postura metodológica, pedagógica e filosófica na qual se alicerça a relação de ensino-aprendizagem em Música. Por exemplo: um professor de Música Popular irá abordar um determinado conteúdo de forma diferente de um professor de Harmonia Tradicional (obviamente se utilizando do senso comum acerca do perfil destes profissionais). "Concepção conservatorial" se refere ao modo como o conteúdo é tratado neste modelo institucional. Poderíamos, em uma analogia irônica, "ensinar Forró aos moldes conservatoriais"...


                        Em observação ao comentário do prof. Holmes:

                        Retorno a um ponto já mencionado: depende da proposta do Curso que se deseja ministrar. Em um curso de Graduação em Música, creio que a referida "Música erudita européia"  seja uma bagagem importante. Entretanto, há varias formas e níveis de se abordar este conteúdo, mas  não consideraria a possibilidade de não abordá-lo. A Música Popular sempre dialogou com a Música Erudita, temos exemplos disso em toda a História da Música. Em termos de estruturação musical, isto é evidente: de onde vem o temperamento, a formação de acordes e o design dos instrumentos musicais típicos utilizados na Música Popular? 

                        Sds,


                        Daniel Lemos
                        Professor Assistente I
                        Curso de Música - http://musica.ufma.br
                        Departamento de Artes (DEART)
                        Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

                        --- Em qua, 24/11/10, Bryan Holmes <bholmesd em yahoo.com> escreveu:


                          De: Bryan Holmes <bholmesd em yahoo.com>
                          Assunto: Re: [ANPPOM-L] Res: Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos
                          Para: anppom-l em iar.unicamp.br
                          Data: Quarta-feira, 24 de Novembro de 2010, 12:37


                                Prezado prof. Lemos,


                                Com todo o respeito, manifesto não apenas meu desacordo com seguinte frase, mas minha certeza de que é falaz:
                                Os conhecimentos da "Música erudita européia" são fundamentais sim para a formação de qualquer músico.


                                Só não me peça para exemplificar, pois uma lista de exemplos que desmentem o supracitado pode ser descomunal e não estou com o tempo suficiente.


                                Cordialmente,


                                --
                                Bryan Holmes
                                CBM-CEU


                                --- On Wed, 11/24/10, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br> wrote:


                                From: Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>
                                Subject: Re: [ANPPOM-L] Res: Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos
                                To: anppom-l em iar.unicamp.br
                                Date: Wednesday, November 24, 2010, 11:34 AM



                                Caros,

                                A idéia do prof. Palombini justamente exibe esta necessidade de reformulação do ensino universitário de Música, só não compactuo com a forma como ela foi exposta. Os conhecimentos da "Música erudita européia" são fundamentais sim para a formação de qualquer músico. O que precisamos repensar é se nossos Cursos formam profissionais capacitados para inserir-se numa sociedade em constante mutação. Algumas perguntas que podem nos guiar:

                                "Quais os campos de atuação do músico atualmente?"
                                "Como a Universidade pode prover conhecimentos básicos necessários a este exercício?"

                                Precisamos não nos livrar dos conteúdos conservatoriais, mas das CONCEPÇÕES conservatoriais.


                                Um abraço a todos,



                                Daniel Lemos
                                Professor Assistente I
                                Curso de Música - http://musica.ufma.br
                                Departamento de Artes (DEART)
                                Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

                                --- Em qua, 24/11/10, Eduardo Patricio <epatricio em yahoo.com> escreveu:


                                De: Eduardo Patricio <epatricio em yahoo.com>
                                Assunto: [ANPPOM-L] Res: Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos
                                Para: "Carlos Palombini" <cpalombini em gmail.com>, anppom-l em iar.unicamp.br
                                Data: Quarta-feira, 24 de Novembro de 2010, 10:27







                                É. Pela mensagem do André Machado, me parece que a posição do Palombini (e/ou reflexos dela) foi agora melhor captada. 
                                A questão central seria menos sobre a existência ou não de testes específicos e mais a respeito da necessidade de um questionamento acerca dos objetivos e proposições dos cursos de música no Brasil - que apresentam sim um certo descolamento da realidade (histórico-social), e, que fique claro, não se trata aqui de uma questão puramente de mercado.


                                Saudações


                                Eduardo Patrício



                                _____________________________________
                                Eduardo Patrício
                                http://www.eduardopatricio.com.br
                                +55 41 8434-0480






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                                De: Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>
                                Para: anppom-l em iar.unicamp.br
                                Enviadas: Quarta-feira, 24 de Novembro de 2010 1:02:13
                                Assunto: Re: [ANPPOM-L] Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos

                                Voilà!


                                2010/11/24 André Luís Cardoso Machado <andrelcmac em ig.com.br>

                                Olá, se me permitem

                                O ensino superior em música é todo baseado na tradição européia que
                                culminou na música erudita contemporânea. Os jovens que ingressam nas
                                faculdades de música, como todos os outros, são um pouco
                                inconsequentes. Se julgam poderosos e pensam poder vencer a realidade
                                e se tornar grandes solistas ou reconhecidos compositores. Porém essas
                                possibilidades já não existem, já tem algum tempo. O máximo que se
                                pode conseguir é um reconhecimentozinho acadêmico. Não dá pra ganhar
                                dinheiro nem com a música tradicional nem com a contemporânea. A não
                                ser sob a égide do estado que não oferece(e nem deveria) vagas para
                                todos.
                                Em qualquer outra área a academia se veria obrigada a mudar seus
                                rumos. Mas em nossa área específica, amparada inclusive por uma
                                equivocada visão de toda a sociedade de que nossos valores são muito
                                diferentes do resto, mantem-se tudo como está.
                                Me parece que mudar o enfoque acadêmico vigente é como a reforma
                                política. Todos sabem que ela é necessária, mas quem tem poder para
                                realizá-la são os menos interessados.

                                Abraço a todos
                                André Machado

                                Em 23/11/10, Carlos Palombini<cpalombini em gmail.com> escreveu:

                                > É outra possibilidade. Infelizmente, muito pouco na política da Capes e nada
                                > na política do CNPq aponta nesta direção.
                                >
                                > 2010/11/23 Flavio <flateb em gmail.com>
                                >
                                >> Pelo visto, pode-se mesmo dizer que nada do que se faz na tal "área
                                >> específica" de música presta ( "análises interpretativas",
                                >> "instrumentista-pesquisador que nem toca nem faz pesquisa",
                                >> "compositor-pesquisador cuja pesquisa é dizer o que quer que seja da
                                >> música
                                >> que só é ouvida por seus próprios colegas" etc.). Faltou apenas incluir a
                                >> categoria de egrégios "pesquisadores" que não tocam, não cantam, não
                                >> compõem, não diferenciam uma colcheia de um violão, costumam fugir de sala
                                >> de aula e de orientações, mas encontram-se muito bem instalados e pagos
                                >> em... Escolas de Música (vejam que coisa!). Enfim, acabemos com esse tipo
                                >> também, pessoal, e assim podemos apagar todas as luzes de tão nefasta
                                >> área,
                                >> entregando os prédios (e principalmente a verba pública que alimenta, por
                                >> exemplo, muitas bolsas de pesquisa) para a sociedade fazer de tudo isso um
                                >> melhor uso.
                                >>
                                >>  Flavio Barbeitas.
                                >>
                                >>
                                >> 2010/11/23 Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>
                                >>
                                >> Não, acabamos apenas com a prova de habilidades específicas, o que
                                >>> resultará no fim do Conservatório Universitário, e no fim também das
                                >>> intermináveis discussões sobre a "especificidade" da área, sobre quantos
                                >>> artigos vale um concerto, sobre o número de artigos que substitui uma
                                >>> dissertação na pós-graduação em performance, acabamos com as "análises
                                >>> interpretativas" e tantos outros males, como o instrumentista-pesquisador
                                >>> que nem toca nem faz pesquisa (ou faz de conta que faz, e se publica
                                >>> porque
                                >>> as revistas precisam de artigos para satisfazer as exigências de
                                >>> periodicidade da Capes), com o compositor-pesquisador cuja pesquisa é
                                >>> dizer
                                >>> o que quer que seja da música que só é ouvida por seus próprios colegas,
                                >>> e
                                >>> poderemos pensar numa formação adequada e específica para
                                >>> instrumentistas,
                                >>> compositores, musicólogos, educadores etc. Não seria um benefício?
                                >>>
                                >>> 2010/11/23 Fernando Pereira Binder <fernandobinder em yahoo.com.br>
                                >>>
                                >>>> Muito bem,
                                >>>>
                                >>>> Primeiro acabamos com a prova de habilidades específicas para música.
                                >>>> Depois acabamos com a prova geral (português, história, etc...).
                                >>>> Daí acabamos com a alfabetização.
                                >>>> Re-instituímos a igreja como guardiã do conhecimento ocidental (começada
                                >>>> na última eleição).
                                >>>> Pronto, voltamos todos à Idade Média em 4 etapas!
                                >>>>
                                >>>> Fernando Binder
                                >>>>
                                >>>>  Em 22/11/2010, às 10:07, Carlos Palombini escreveu:
                                >>>>
                                >>>>
                                >>>>
                                >>>>  2) Não exigir conhecimentos específicos desvaloriza a Lei 11.769/2008,
                                >>>>> uma árdua conquista da área de Música que simboliza sua valorização,
                                >>>>> pois
                                >>>>> esta é comumente tratada de forma amadora pela sociedade. Atualmente,
                                >>>>> há uma
                                >>>>> verdadeira "indústria educacional" em torno da Educação Básica, pois
                                >>>>> sua
                                >>>>> função mais comum é oferecer acesso à Universidade, desvalorizando sua
                                >>>>> própria utilidade educacional. Nesse contexto, há o risco de muitos se
                                >>>>> perguntarem: "pra que estudar Música se para entrar no Curso de Música
                                >>>>> não é
                                >>>>> necessário estudar Música?";
                                >>>>>
                                >>>>
                                >>>> Há um erro básico aqui: supor que estudar música seja solfejar, tocar um
                                >>>> instrumento (ou cantar), ou compor. Como é isso que a maioria de nossos
                                >>>> colegas sabe fazer, esse erro não será democraticamente erradicado. A
                                >>>> prova
                                >>>> específica tem a função de perpetuá-lo.
                                >>>>
                                >>>>
                                >>>> --
                                >>>> Carlos Palombini
                                >>>> cpalombini em gmail.com
                                >>>>
                                >>>> ________________________________________________
                                >>>> Lista de discussões ANPPOM
                                >>>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
                                >>>> ________________________________________________
                                >>>>
                                >>>>
                                >>>>   _____________________
                                >>>> Ajude a manter minha caixa postal limpa, não inclua meu endereço de
                                >>>> email
                                >>>> em listas de qualquer espécie. Obrigado. Fernando.
                                >>>> Please, help me to keep my inbox clean. Do not include my email address
                                >>>> in any sort of of list. Thank You. Fernando.
                                >>>>
                                >>>>
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                                >>> Carlos Palombini
                                >>> cpalombini em gmail.com
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                                >>> Lista de discussões ANPPOM
                                >>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
                                >>> ________________________________________________
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                                >> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
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                                > Carlos Palombini
                                > cpalombini em gmail.com
                                >




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                                Carlos Palombini
                                cpalombini em gmail.com



                                 

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