[ANPPOM-L] STF e OMB

SBME . sbme em sbme.com.br
Dom Ago 14 00:56:24 BRT 2011


Caro Mario:

Obrigado por seus comentários.
O caso dos 110dB do trio elétrico não aponta a música como causadora de dano
social.
O relato demonstra, sim, um dano social causado por uma determinada prática
musical.
Vejo que você acredita que a regulamentação da profissão traz danos à
sociedade. Não se preocupe com esse perigo, pois o que está para acontecer
não é a regulamentação da profissão: é, sim, sua desregulamentação.
A regulamentação, esta que você teme, que não permitiria, segundo você, a
atuação profissional de um repentista, já existe a 50 anos.
Abraço,
Jorge Antunes





Em 13 de agosto de 2011 20:43, mariomarcaljr <mariomarcaljr em gmail.com>escreveu:

> Caro Maestro Jorge Antunes,
>
> Concordo plenamente com o Sr. Rogerio Budasz em relação as suas afirmações,
> e acredito que há uma certa confusão nas argumentações que utiliza para
> justificar que a incompetência "técnica-musical" ou "artística-musical" (a
> esse ponto já não sei qual delas se refere, se é que existe um limite entre
> uma e outra)  possa causar um mal social.
>
> Primeiro referente ao seu exemplo:
> Se a pesquisa citada argumenta que jovens perderam parte de sua capacidade
> auditiva pelo fato de estarem expostos a um determinado volume de sons, isso
> não qualifica a qualidade da música em sí.
>
> O que quero dizer é que, no trio eletrico referido poderia ter um som de
> britadeira de uma música contemporânea interpretada por pedreiros, ou
> poderia ser a Filarmônica de Berlin interpretando a Nona Sinfonia de
> Beethoven, a qualidade musical nao estaria em julgamento. Ou seja, os jovens
> poderiam ter ficado surdos pelo volume de som e não pela qualidade músical
> ou competência técnico-artística.
>
> Fato: não há como avaliar competência em arte, caso contrário a mesma se
> descaracterisa como arte e se transforma em ciência exata.
>
> No caso de querer que sua interpretação seja exatamente interpretrada como
> queres, o Sr. Rogerio foi muito claro citando Stravinsky.
>
> Com relação a outros assuntos:
>
> Acredito que a regulamentação obrigatória traz mais danos a sociedade e a
> cultura não só do país como à história da música no mundo, do que a não
> regulamentação.
>
> Não esqueçam que estamos tratando aqui da Ordem dos Musicos do Brasil, que
> compreende todo o território nacional e todos que vivem de fazer música (ou
> seja, arte), e que não há possibilidade alguma de se nivelar musicos de
> diferentes regiões, classe social, estilo, gênero, etc, etc, em um país tão
> grande e rico em diversidade cultural quanto o nosso.
>
> Imagine que um repentista nordestino não pudesse ir a São Paulo apresentar
> sua arte porque sua arte é considerada profissão e para exercer essa
> profissão é nescessario passar por um teste ou ter uma formação acadêmica!
>
> Toda e qualquer música de tradição, de raiz deixariam de existir ou seriam
> interpretadas por acadêmicos, e novas formas de música que poderiam vir a
> existir nascendo do meio não acadêmico não nasceriam.
>
> Você conseguiria viver num mundo assim? Onde música só poderia ser
> interpretada por pessoas que detivessem o conhecimento teórico/técnico da
> música ocidental?
>
> Bem, existem outros assuntos colocados mas vou me ater ao que estabeleceu!
>
> Abraços,
> Mario Marçal Jr
>
>
> Mário Marçal Jr.
>
>
> Em 13/08/2011, às 17:23, "SBME ." <sbme em sbme.com.br> escreveu:
>
> Olá, caro colega Rogerio:
>
> *"Não se revoltaram as vanguardas do passado contra critérios rançosos de
> competência artística? Quem estabelece os critérios para a avaliação da
> competência artística, a academia ou o artista individual? Não estaremos
> criando um monstro que vai nos morder daqui a pouco?"*
>
> Evidentemente é a academia que deve estabelecer os critérios para a
> avaliação da competência. Isso não pode ser feito por algum artista
> individual ou algum grupo escolhido por sufrágio em pleito político.
> Sua indagação faz-me voltar àquela observação de que pouco se sabe da Ordem
> dos Músicos do Brasil no que concerne sua criação, a motivação que levou
> José Siqueira à luta para sua criação, e ao próprio texto da lei que a
> criou.
> O artigo 28 da Lei Nº 3.857, de 22 de dezembro de 1960 em suas alíneas a,
> b, c, d, e, e f estebele justamente isso: que os egressos da Academia, dos
> Conservatórios, etc etc são admitidos e recebem suas habilitações
> automaticamente sem burocracias ou testes.
>
> Mas, meu caro amigo Rogério, você está me envolvendo e conseguindo fazer
> com que eu me afaste de meu tema inicial. Você está me levando a opinar
> sobre a OMB.
> Não me sinto ainda suficientemente informado para opinar sobre a decisão do
> STF. A questão que me indignou não foi a decisão do STF. O que me indignou
> foi o conjunto de argumentos encontrados pelos Ministros para justificar a
> decisão. Entre os argumentos, aquele que dizia: *a não regulamentação da
> profissão de músico não causa danos sociais.*
> Afirmações menos drásticas, ideologias e cientificismos menos radicais, já
> fazem com que a área da Música seja pouco prestigiada e até menosprezada
> dentro das Universidades. As afirmações dos Ministros do STF, se levadas ao
> pé da letra e desenvolvidas, servirão de munição para o tiro de misericórdia
> no ensino superior da Música. Esses pensamentos têm resultado em situações
> preocupantes, junto à própria demanda da sociedade. Na UnB, por exemplo,
> vivemos a seguinte situação: é cruel a luta por vagas, no vestibular, em
> todas as áreas, menos na Música, onde muitas vezes as vagas não são
> preenchidas por causa da falta de candidatos. Creio que a comunidade externa
> já se convence de que para ser profissional de qualquer área é preciso fazer
> a graduação e a pós-graduação, mas não para ser músico.
> Abraço,
> Jorge Antunes
>
>
>
>
>
> Em 13 de agosto de 2011 13:12, Rogerio Budasz < <rogeriobudasz em yahoo.com>
> rogeriobudasz em yahoo.com> escreveu:
>
>> Maestro,
>> Entendo a sua preocupação e solidarizo-me com a sua angústia, mas me
>> parece que o senhor está falando de duas coisas distintas.
>> Uma coisa é a defesa do músico perante o empregador e facilitando o seu
>> acesso à seguridade social, coisas que o Sindicato deveria fazer.
>> Mas não acredito que a OMB deva ter algum papel em regulamentar a arte.
>> Volto a tocar no mesmo ponto: vamos agora entregar a um Zhdanov ou Goebbels
>> tupiniquim a fiscalização da nossa competência artística? O senhor se
>> submeteria a ter um burocrata da OMB avaliando a "competência
>> técnico-musical" de sua obra?
>> Não se revoltaram as vanguardas do passado contra critérios rançosos de
>> competência artística? Quem estabelece os critérios para a avaliação da
>> competência artística, a academia ou o artista individual? Não estaremos
>> criando um monstro que vai nos morder daqui a pouco?
>> Ou, voltando ao assunto anterior, será que a sua preocupação nesse ponto
>> não é apenas com os intérpretes e operadores de som? Mais ou menos como a
>> célebre queixa de Stravinsky sobre intérpretes que "interpretavam" demais?
>> Mesmo assim, não consta que ele tivesse pensado em delegar a algum burocrata
>> que fiscalizasse isso.
>>
>> abraço
>> Rogério
>>
>>
>> --- On *Sat, 8/13/11, SBME . < <sbme em sbme.com.br>sbme em sbme.com.br>*wrote:
>>
>>  O que defendo não tem nada a ver com jdanovismo, stalinismo, dirigismo
>> estético. Tem a ver somente com competência artística, competência
>> técnico-musical, ou seja, com tudo aquilo que lutamos construir em nosso
>> trabalho nas Universidades.
>>
>>
>> ________________________________________________
>> Lista de discussões ANPPOM
>>  <http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l>
>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>> ________________________________________________
>>
>
> ________________________________________________
> Lista de discussões ANPPOM
> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
> ________________________________________________
>
>
> ________________________________________________
> Lista de discussões ANPPOM
> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
> ________________________________________________
>
-------------- Próxima Parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: <http://www.listas.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20110814/df6cdd04/attachment.html>


Mais detalhes sobre a lista de discussão Anppom-L