[ANPPOM-L] A Anppom e Ordem dos Músicos do Brasil

silvioferrazmello silvioferrazmello em uol.com.br
Qui Jan 27 16:06:12 BRST 2011


por isto q um desmonte imediato da ordem é algo insano (como alguém lembrou na lista) e que a transição deva ser realizada mas lentamente, até que todo músico brasileiro perceba que para trabalhar basta ter a  carteira de trabalho.
me lembro, qdo diretor da tom jobim, que na época em que contratamos o alemão (um dos grandes emblemas da guitarra brasileira) ele teve, aos 65 anos, de tirar carteira de trabalho pois havia trabalhado a vida toda sem registro (inclusive na antiga ulm...que nunca o contratou do modo que todo brasileiro tem direito : CLT com direito a férias, 13º e tal).
a carteira da ordem de fato atrapalha, pois ilude o músico de que ele tem um documento importante nas mãos.

mas não podemos embaralhar as coisas, temos de nos desfazer desta distinção entre popular-erudito, nosso problema é relativo à atividade de músico, independente da tendência com a qual ele trabalhe (sobretudo pq muitas vezes toca violino em orquestra e cavaquinho em estúdio).

no mais, esteticamente e politicamente (...haja visto nosso ex-ministro gil ter amputado a participação da música eletroacustica brasileira no ano brasil na frança para torrar a grana com axé), no brasil existe mais espaço para o popular que para o músico de orquestra.

abs
silvio



On Jan 26, 2011, at 5:44 PM, Daniel Lemos wrote:

> 
> Caros Rodolfo, Sílvio, Paulo e demais colegas,
> 
> Notáveis colocações! Os julgamentos de valor que se dão entre "erudito" e "popular", "bom" e "ruim" não são estéticos ou musicais - ao contrário do que se costuma dizer - mas políticos. Uma tentativa de manter o corporativismo e a exclusividade das ações musicais ao seleto grupo de intelectos musicais que apreciam os fraseados de Mozart saboreando um vinho fino, enquanto outros músicos "inferiores" tem de tocar todas as noites para ter uma renda que possa fazê-los viver com dignidade...
> 
> Porém, creio que isto esteja mudando. Muitos dos professores universitários de hoje - aqueles que podem contribuir muito para mudar este cenário - são cada vez menos "filhos" (ou nobres) desta classe, mas pessoas que viveram outra realidade,  e se dedicou muito para chegar lá. Eles estão nas Universidades não pelo status dessa profissão (pois quem está por este motivo não precisa trabalhar para viver!), e tem compromisso em trazer benefícios para nossa área e à sociedade.
> 
> 
> Um abraço,
> 
> 
> 
> Daniel Lemos
> Professor Assistente I
> Curso de Música - Departamento de Artes (DEART)
> Fórum de Pedagogia da Performance
> ENSAIO - Grupo de Pesquisa em Ensino da Performance
> Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
> 
> 
> --- Em ter, 25/1/11, Rodolfo Caesar <rodolfo.caesar em gmail.com> escreveu:
> 
> De: Rodolfo Caesar <rodolfo.caesar em gmail.com>
> Assunto: Re: [ANPPOM-L] A Anppom e Ordem dos Músicos do Brasil
> Para: "Daniel Lemos" <dal_lemos em yahoo.com.br>
> Cc: anppom-l em iar.unicamp.br
> Data: Terça-feira, 25 de Janeiro de 2011, 10:56
> 
> Excelente toda essa conversa sobre a OMB!
> 
> Obrigado, Paulo, por trazê-la, e aos demais pelas ótimas contribuições.
> Gostaria de acrescentar que há uma questão mais profunda a ser
> desdobrada, e de interesse acadêmico: o exame das causas que
> possibilitaram a criação de um
> monstrengo desses. Poderia render uma dissertação de mestrado.
> O Silvio disse que foi José Siqueira, comunista, durante os anos JK.
> Isso é uma ponta. Há que saber ainda: qual seria a intenção, vinda de
> um militante do partido, em fundar um órgão que esvaziava o já débil
> sindicato? Alguma estratégia especial?
> Num período em que não precisaria da força bruta (de uma futura
> ditadura) para se instalar, que apoio teve a OMB? Ou melhor: com
> que/quanta conivência da classe ela contou? Para quê montar uma
> instituição que não ajudava o músico contra o patrão, mas contra o
> colega? Ah, diriam, 'um mau colega', picareta, charlatão... (O que era
> um charlatão em música? Um 'erudito' que não sabia solfejar tríades?
> Um 'popular' que não conseguia tocar tamborim?) Seria somente um caso
> de escandalosa preservação corporativa em escala nacional. A que
> preço?!
> Interessante fazer um paralelo com o mundo das Artes Plásticas
> 'eruditas' daquele período,  às voltas com o concretismo e o
> neo-concretismo, expressões radicais que mexiam, como qualquer
> vanguarda, com o conceito de arte do senso comum. (OK, diriam que era
> um projeto fundado na importação de modelos europeus...). Exatamente
> no mesmo momento a nossa classe musical resolve inventar uma 'Ordem'
> com poderes suficientes até para exercer autoritariamente - retirando
> do esforço e da responsabilidade do indivíduo comum - o juízo estético
> de determinar o que seria ou não música. (Agora sim, uma invenção
> digna de exportação, porque deve ser a única no mundo.) Enfim, com a
> OMB intalada o indivíduo comum passava a ter uma instância superior
> tomando decisões estéticas por ele.
> 
> 
> Saudações,
> Rodolfo Caesar
> 
> On 1/24/11, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br> wrote:
> >
> > Olá,
> >
> > Excelente a idéia do Paulo, seria muito interessante esta
> > posição oficial, até mesmo para reforçar a relevância política da
> > ANPPOM.
> >
> > Abraços,
> >
> >
> > Daniel Lemos
> > Professor Assistente I
> > Curso de Música - Departamento de Artes (DEART)
> > Fórum de Pedagogia da Performance
> > ENSAIO - Grupo de Pesquisa em Ensino da Performance
> > Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
> >
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