[ANPPOM-L] A Anppom e Ordem dos Músicos do Brasil

Daniel Lemos dal_lemos em yahoo.com.br
Qua Jan 26 14:44:31 BRST 2011


Caros Rodolfo, Sílvio, Paulo e demais colegas,

Notáveis colocações! Os julgamentos de valor que se dão entre "erudito" e "popular", "bom" e "ruim" não são estéticos ou musicais - ao contrário do que se costuma dizer - mas políticos. Uma tentativa de manter o corporativismo e a exclusividade das ações musicais ao seleto grupo de intelectos musicais que apreciam os fraseados de Mozart saboreando um vinho fino, enquanto outros músicos "inferiores" tem de tocar todas as noites para ter uma renda que possa fazê-los viver com dignidade...

Porém, creio que isto esteja mudando. Muitos dos professores universitários de hoje - aqueles que podem contribuir muito para mudar este cenário - são cada vez menos "filhos" (ou nobres) desta classe, mas pessoas que viveram outra realidade,  e se dedicou muito para chegar lá. Eles estão nas Universidades não pelo status dessa profissão (pois quem está por este motivo não precisa trabalhar para viver!), e tem compromisso em trazer benefícios para nossa área e à sociedade.


Um abraço,



Daniel Lemos
Professor Assistente I
Curso de Música - Departamento de Artes (DEART)
Fórum de Pedagogia da Performance
ENSAIO - Grupo de Pesquisa em Ensino da Performance
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)


--- Em ter, 25/1/11, Rodolfo Caesar <rodolfo.caesar em gmail.com> escreveu:

De: Rodolfo Caesar <rodolfo.caesar em gmail.com>
Assunto: Re: [ANPPOM-L] A Anppom e Ordem dos Músicos do Brasil
Para: "Daniel Lemos" <dal_lemos em yahoo.com.br>
Cc: anppom-l em iar.unicamp.br
Data: Terça-feira, 25 de Janeiro de 2011, 10:56

Excelente toda essa conversa sobre a OMB!

Obrigado, Paulo, por trazê-la, e aos demais pelas ótimas contribuições.
Gostaria de acrescentar que há uma questão mais profunda a ser
desdobrada, e de interesse acadêmico: o exame das causas que
possibilitaram a criação de um
monstrengo desses. Poderia render uma dissertação de mestrado.
O Silvio disse que foi José Siqueira, comunista, durante os anos JK.
Isso é uma ponta. Há que saber ainda: qual seria a intenção, vinda de
um militante do partido, em fundar um órgão que esvaziava o já débil
sindicato? Alguma estratégia especial?
Num período em que não precisaria da força bruta (de uma futura
ditadura) para se instalar, que apoio teve a OMB? Ou melhor: com
que/quanta conivência da classe ela contou? Para quê montar uma
instituição que não ajudava o músico contra o patrão, mas contra o
colega? Ah, diriam, 'um mau colega', picareta, charlatão... (O que era
um charlatão em música? Um 'erudito' que não sabia solfejar tríades?
Um 'popular' que não conseguia tocar tamborim?) Seria somente um caso
de escandalosa preservação corporativa em escala nacional. A que
preço?!
Interessante fazer um paralelo com o mundo das Artes Plásticas
'eruditas' daquele período,  às voltas com o concretismo e o
neo-concretismo, expressões radicais que mexiam, como qualquer
vanguarda, com o conceito de arte do senso comum. (OK, diriam que era
um projeto fundado na importação de modelos europeus...). Exatamente
no mesmo momento a nossa classe musical resolve inventar uma 'Ordem'
com poderes suficientes até para exercer autoritariamente - retirando
do esforço e da responsabilidade do indivíduo comum - o juízo estético
de determinar o que seria ou não música. (Agora sim, uma invenção
digna de exportação, porque deve ser a única no mundo.) Enfim, com a
OMB intalada o indivíduo comum passava a ter uma instância superior
tomando decisões estéticas por ele.


Saudações,
Rodolfo Caesar

On 1/24/11, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br> wrote:
>
> Olá,
>
> Excelente a idéia do Paulo, seria muito interessante esta
> posição oficial, até mesmo para reforçar a relevância política da
> ANPPOM.
>
> Abraços,
>
>
> Daniel Lemos
> Professor Assistente I
> Curso de Música - Departamento de Artes (DEART)
> Fórum de Pedagogia da Performance
> ENSAIO - Grupo de Pesquisa em Ensino da Performance
> Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
>
>
>
>



      
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