[ANPPOM-Lista] A palhaçada do Concurso de Tatuí

silvioferrazmello silvioferrazmello em uol.com.br
Qua Out 26 00:44:42 BRST 2011


realmente...qto ao concurso: a banca é soberana.
qto a partitura...vc toca em um ponto importante: xenakis  (eonta) e helffer.
helffer trabalhou mto não só com xenakis, mas também com boucourechliev (sendo que este também era um ótimo pianista)
e prolongando esta questão, existem diversas passagens em berio, em nono, em ligeti, que não estão na partitura e que foram comunicadas aos interpretes pelo próprio compositor.
isto me remete à partitura do op.27 de webern com anotações de ensaio que vão além das simples dinâmicas e tempo colocados na versão editada.
ou mesmo gleen gould.
e nessas vale à pena ouvir hamelin tocando "as 3 marias" e finalmente ouvir algumas coisas que villa comenta ter em suas peças (como o que ele dizia ser um uso espectral do piano de modo a fazer ressoar os quartos de tons do harmônicos superiores)...
ou seja, tocar uma partitura tem muito de inventar uma música (claro que nos limites do que já está escrito...mas sempre uma aventura)

abs
silvio

On Oct 25, 2011, at 10:08 PM, Zélia Chueke wrote:

> Bravo Silvio ! podemos discutir horas e a disucussão é super interessante:
> sobre fidelidade paritura ao compositor (qdo. possivel?!),etc..;acabei de
> chegar da UFPR, onde estava dando uma aula para os mestrandos sobre a
> Erikthon do Xenakis, estreada pelo Helffer, que corrigiu a partitura de
> orquestra e de piano, mas as controvérsias, mesmo acessando as correções
> são inumeras!
> 
> Se quiserem, abrimos um forum so sobre isto, mas aqui, especificamente no
> caso do concurso, trata-se de um contrato. O candidato sabe que ao entrar
> num concurso deve se submeter ao julgamento da banca. Este é o contrato.
> Acabou ponto final. Não faz sentido um candidato se inscrever num concurso
> ou mesmo num programa, num curso, etc. e depois questionar os critérios.
> Questione antes, ou então não se inscreva. Aqui, é esta a questão, mas
> acho que o mundo mudou e eu é que não fiquei sabendo.
> 
> Sobre a fidelidade à partitura, vou responder ao e-mail da Catarina(que
> conheço ha mais tempo do que deveriamos revelar...inclusive,acho, de
> concursos de CBM etc... no Rio) com muito prazer e cuidado, pois a musica
> é um assunto sempre fascinante, que nos mantém vivos e felizes. Qto. ao
> concurso, sinto, acho que sou de outra época ( mas adoro isto!!!) e fico
> com a Cristina : "uma vez que o candidato tocou, o resultado passa a ser
> inteiramente uma consideração do juri e deixa imediatamente de ser um
> assunto do candidato. Neste  tipo de situação, uns tocam  e outros
> decidem, os papéis são muito claros e não se misturam".
> 
> E mesmo, se fosse o caso, ilustrações não servem como exemplo nem
> justificativa. Apenas à titulo de ilustração: depois do episodio do
> concurso com a Argerich, aconteceu um mais interessante: Ivo, ensaiando
> com Karajan, na Musikverein, o concerto de Tchaikowsky : depois de três
> interrupções, qdo. o maestro desceu do podium para consultar em voz baixa
> o pianista, na quarta decida do podium, irritado (and you don't want to
> see Karajan irritated), disse para quem quisesse ouvir : "you don't know
> the first thing about your profession".
> 
> O concerto de piano foi cancelado, e o programa se restringiu às sinfonias
> de Mozart magistralmente regidas pelo grande mestre austriaco. Quem estava
> la, viu o ensaio, e o concerto. Temporada de 1987.
> 
> 
> Saudações,
> Zélia Chueke
> 
> 
> 
>> Begin forwarded message:
>> 
>>> From: silvioferrazmello <silvioferrazmello em uol.com.br>
>>> Date: October 24, 2011 11:48:32 PM GMT-02:00
>>> To: Cristina Capparelli Gerling <cgerling em ufrgs.br>
>>> Subject: Re: [ANPPOM-Lista] A palhaçada do Concurso de Tatuí
>>> 
>>> cristina e colegas,
>>> 
>>> creio que o que vc coloca é exato, embora seja difícil determinar o que
>>> é fidelidade à partitura.
>>> no mais:
>>> mesmo o critério mais objetivo possível é específico de uma escolha de
>>> grupo (como um tipo de arco, um timbre específico, etc)
>>> e sempre que entra-se em concurso sabe-se pelo desenho da banca qual
>>> mais ou menos a tendência, quais as escolas privilegiadas, etc.
>>> e não há nada de errado nisto.
>>> 
>>> abs
>>> silvio
>>> 
>>> On Oct 24, 2011, at 9:49 AM, Cristina Capparelli Gerling wrote:
>>> 
>>>> Obrigada Zélia por tornar ainda mais claro o fato de ser um compromisso
>>>> assumido entre competidor e avaliadores.
>>>> 
>>>> Cristina
>>>> 
>>>> Citando Zélia Chueke <zchuekepiano em ufpr.br>:
>>>> 
>>>>> Assino em baixo.
>>>>> 
>>>>> Em concurso, os critérios devem ser muito claros e os aspectos
>>>>> objetivos
>>>>> tem que estar em primeiro lugar. Notas certas, ritmo certo...as vezes
>>>>> perdemos os "artistas" mais inspirados, mas como se trata de
>>>>> competição,o
>>>>> subjetivo quase  nao é levado em conta, pois nao pode ser explicado.
>>>>> Conta
>>>>> a fidelidade à partitura em primeiro lugar.
>>>>> 
>>>>> O Julius Levine, "o contrabaxista" de Tanglewood, com quem tive
>>>>> coaching
>>>>> na Mannes, referindo-se à concursos para orquestra, dizia que as vezes
>>>>> perdemos os melhores candidatos na eliminatoria, mas com 150
>>>>> candidatos
>>>>> para ouvir, o critério tem que ser o mais objetivo possivel!
>>>>> 
>>>>> Nao quer dizer que sao os concursos que determinam os grandes
>>>>> artistas;
>>>>> exemplos nao faltam, mas como disse a Cristina, uma vez que se faz a
>>>>> inscrição, é como assinar um contrato, aceitando as regras e a
>>>>> autoridade
>>>>> do juri.
>>>>> 
>>>>> Zélia Chueke
>>>>> 
>>>>> 
>>>>>> Concordo com o Carlos. Ou seja, a inscrição para um concurso
>>>>>> pressupõe
>>>>>> que o candidato está disposto a aceitar o resultado. Aliás. uma vez
>>>>>> que o candidato tocou, o resultado passa a ser inteiramente uma
>>>>>> consideração do juri e deixa imediatamente de ser um assunto do
>>>>>> candidato. Neste  tipo de situação, uns tocam  e outros decidem, os
>>>>>> papéis são muito claros e não se misturam. Quem não entende esta
>>>>>> premissa e não concorda que não entre em concurso porque estes são os
>>>>>> termos.
>>>>>> Cristina Capparelli Gerling
>>>>>> 
>>>>>> 
>>>>>> Citando Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>:
>>>>>> 
>>>>>>> Como disse Abbie Hoffman: "My critique of democracy begins and ends
>>>>>>> with
>>>>>>> this point. Kids must be educated to disrespect authority or else
>>>>>>> democracy
>>>>>>> is a farce." Ou, numa tradução livre: "Minha crítica à democracia
>>>>>>> começa
>>>>>>> e
>>>>>>> termina aqui. Neguim deve ser educado para desrespeitar a
>>>>>>> autoridade, se
>>>>>>> não, a democracia é uma farsa."
>>>>>>> 
>>>>>>> cp
>>>>>>> 
>>>>>>> --
>>>>>>> carlos palombini
>>>>>>> www.researcherid.com/rid/F-7345-2011
>>>>>>> 
>>>>>> 
>>>>>> 
>>>>>> 
>>>>>> ________________________________________________
>>>>>> Lista de discussões ANPPOM
>>>>>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>>>>>> ________________________________________________
>>>>>> 
>>>>> 
>>>>> 
>>>>> Zélia Chueke, DMA
>>>>> Pianist - researcher
>>>>> Professor of Music- DeArtes, UFPR
>>>>> Permanent Researcher - Observatoire Musical Français/Sorbonne,Paris 4
>>>>> www.zeliachueke.com
>>>>> 
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>>>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
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>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
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> Zélia Chueke, DMA
> Pianist - researcher
> Professor of Music- DeArtes, UFPR
> Permanent Researcher - Observatoire Musical Français/Sorbonne,Paris 4
> www.zeliachueke.com
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