[ANPPOM-Lista] Res: [Sonologia-l] situação da composição e d a musicologia nos (novos) cursos de música

Pedro Filho pedrofilhoamorim em gmail.com
Dom Out 30 13:06:03 BRST 2011


Caros

Acho que o prof. Mannis tocou em pontos cirúrgicos no que diz respeito à
situação do ensino de composição no Brasil. Os fatores apontados por ele,
são causas (embora não as únicas) da relativa desvalorizacão que a área da
composição vem sofrendo em detrimento de outros cursos mais "úteis" (com
perdão do termo impreciso e sem intenção de ironizar).

É de fato urgente um "redesenho" no currículo e, mais urgente ainda, me
parece, que o pensamento acadêmico sobre composição musical (afinal de
contas um lugar de aplicação da criatividade)  amplie seu alcance, tanto no
que diz respeito às concepções de forma, material, processos - ou seja,
assuntos intrínsecos ao compor em si - tanto quanto em relação aos
contextos: dialogar com ambientes culturais outros que não apenas o da
"música de concerto" (transcendendo concepções dicotômicas: música popular
X erudita, compositor X intérprete, etc etc) e diversificar os
procedimentos pedagógicos e epistemológicos.

Para isso, seguindo na concordância com a fala do Mannis, é fundamental
repensar metodologias. "Inventar metodologias em função das necessidades
dos alunos" me parece não apenas o mais desejável, como também o mais
indicado. Sintomático.

Tom Zé (que aliás, estudou composição na universidade), em sua canção
"Complexo de Épico", define o professor universitário como "aquela tal
classe que, ou passa a aprender com os alunos - quer dizer, com a rua - ou
não vai sobreviver". Curiosamente, o refrão da canção diz: "Todo compositor
brasileiro é um complexado"

Acho válida a reflexão.

Abraços,

Pedro Filho

Em 29 de outubro de 2011 18:39, <jamannis em uol.com.br> escreveu:

> Na unicamp tinhamos 10 vagas para composicao ate a licenciantura comecar.
> Agora sao 5 vagas.
> Mas a procura tb caiu, penso que deviddo ao fato de haver um descompasso
> entre o que se aprende e aquilo que de fato se operacionaliza no exercicio
> pratico profissional hoje em dia.
>
> Ha urgencia de um redesenho do curso de composicao, disciplinas a serem
> incluidas e outras a serem remodeladas e revistas.
>
> Tb o tipo de aula deve ser revisto. Se nossa pratica e essencialmente ao
> redor da heuristica eh preciso que as atividades praticadas em aula estejam
> dirigidas a esse objtivo. Ou seja, eh necessario rever a metodologia de
> ensino.
>
> Inventar metodologias em funcao das necessidades dos alunos seria o mais
> desejavel, mas eh tb o mais dificil.
>
> Abs
>
> Mannis
>
> --
> José Augusto Mannis
> +55 19 81163160
> jamannis em uol.com.br
>
> -----Original Message-----
> From: josé henrique padovani <zepadovani em gmail.com>
> Sender: sonologia-l-bounces em listas.unicamp.br
> Date: Sat, 29 Oct 2011 12:40:44
> To: <anppom-l em iar.unicamp.br>; "Pesquisadores em Son ologia (Música)"<
> sonologia-l em listas.unicamp.br>
> Reply-To: Pesquisadores em Sonologia (Música)
>  <sonologia-l em listas.unicamp.br>
> Subject: [Sonologia-l] situação da composição e d
>  a musicologia nos (novos) cursos de música
>
> Olá a todos,
>
> Recebi algumas respostas ao e-mail original e estou encaminhando essa
> resposta às listas e, privadamente, às pessoas responderam diretamente a
> mim. Espero, no futuro, poder delinear melhor um panorama a partir do
> que recebi (ou vier a receber). No momento ando consideravelmente
> atarefado e, de toda maneira, minha intenção é mais aquela de estimular
> um debate do que a de realizar um estudo.
>
> Em síntese:
>
> Cursos mais tradicionais (UFMG, UFBA, UFRJ, Unesp, etc.) possuem
> graduação em composição, possuindo até 20 vagas p/ a área (Bahia). Me
> parece, no entanto que, na maioria dos cursos, o preenchimento de vagas
> fica no máximo em 10. Não estou certo de que seja assim em SP (se alguém
> souber os números por favor diga). [SP é, evidentemente, um caso a parte
> e conta com uma estrutura acadêmica singular, em grande parte devido à
> sua situação econômica, às universidades estaduais, mas também, é claro,
> devido à tradição da área e ao esforço pessoal de compositores do estado.]
>
> Já os cursos novos, em sua maioria, estão dedicados quase exclusivamente
> à implantação da licenciatura, o que, a princípio, é compreensível e
> justificável nesse momento histórico específico (tendo em vista a
> necessidade de formar professores p/ a educação básica). Não me parece
> justificável, entretanto, o fato de não se implantar novos cursos de
> composição em um momento de criação de novos centros acadêmicos ligados
> à música usando-se, para isso, o argumento da prioridade de se criar
> cursos de licenciatura. Ao meu ver, esse é um antagonismo artificial e
> prejudicial ao amadurecimento da área da música no país.
>
> Ao meu ver, a depreciação da composição (e da musicologia) certamente
> causa outros efeitos que esse baixo número de ingressantes/formandos
> nessas habilitações. Afeta, por exemplo, o próprio ambiente acadêmico
> que formará os futuros licenciados em música do país. Se é inegavelmente
> urgente criar as condições para que surjam novos professores de música,
> devemos pensar que esses professores se formam em um habitat
> universitário: e se não existirem modelos nesses ambientes que coloquem
> a criação e a pesquisa musicológica como atividades/posturas/valores
> importantes, penso que a própria formação desses professores (e de seus
> futuros alunos) estará seriamente comprometida.
>
> Por fim, acredito que essa situação deveria ser ao menos discutida de
> maneira menos reservada às salas de reuniões de departamentos, já que é
> de interesse público.
>
> Abraços e obrigado a todos os que me escreveram pelo retorno,
> (desculpem-me não responder individualmente a cada um)
>
> José Henrique
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