[ANPPOM-Lista] Consonância e Dissonância
Daniel Lemos
dal_lemos em yahoo.com.br
Sex Abr 20 00:12:27 BRT 2012
Caros colegas,
Estou trabalhando em um material didático sobre Teoria Musical,
trabalhando os conceitos de forma linear e musicalmente contextualizada,
dividindo-os em relativos - tudo aquilo que varia de acordo com o
contexto musical; e absolutos - conceitos que podem ser mensurados de
forma mais explicitamente lógica. Quem tiver interesse em dar uma olhada
neste material, temos uma versão "beta" dele na página do curso de
Música aqui, logo nos comunicados.
Após tratar de alturas (relativas - agudo e grave; absolutas - notas
musicais), durações (relativas - relação de dobro e metade, métrica;
absolutas - valores das figuras rítmicas, fórmula de compasso),
intensidade (relativa - não existe intensidade absoluta na Música
tradicional) e timbre, cheguei aos intervalos, que classifiquei em
relativos (segundas, terças, quartas, etc.) e absolutos (tom e semitom).
Os conceitos de justo, maior e menor são introduzidos posteriormente no
método.
O problema é: como apresentar de forma contextualizada o conceito de
Consonância e Dissonância. Pelas referências que estudei, há algumas
formas de explicá-los, mas nenhuma delas ainda está adequada:
1) Quanto mais o intervalo ( e suas respectivas inversões) "demora" a
aparecer na série harmônica, mais dissonante ele é (8J - 5J - 4J - 3M -
3m - 3m - 2M - 2m - 2m...). Problema: a série harmônica não possui as
mesmas frequências das notas do temperamento igual/ocidental;
2) O conceito de consonância e dissonância, além de subjetivo, varia de
acordo com o estilo. Não posso falar que a 4ª justa é consonância, pois é
dissonância em casos particulares (como no contraponto renascentista, é
dissonância com o baixo devido ao choque que produz na série
harmônica). Alguns autores dizem que o trítono é dissonância, outros
falam que não há classificação. Poderíamos justificar que o trítono não
aparece na série harmônica de forma progressiva, caso não
considerássemos o trítono entre o 4º e 6º harmônicos);
3) O método é planejado para trabalhar com a linguagem modal,
introduzindo o tonalismo somente à frente. Problema: os conceitos de
consonância e dissonância são fortemente atrelados ao tonalismo, no
sentido de estabilidade/instabilidade tonal;
4) Há uma conceituação interessante da Psicoacústica sobre o nível de dissonância/consonância das frequências, conforme este gráfico. Porém, acho complicado e antididático tratar deste tipo de conteúdo em um método para iniciação;
5) Por fim, há a preocupação de apresentar o conceito de forma
contextualmente musicalizada. Seria melhor apresentar uma situação
musical (uma gravação de áudio ou tocar intervalos harmônicos no Piano)
onde o estudante pudesse discernir auditivamente estas características.
Segundo a estratégia de "aprendizagem por descoberta", seria mais
adequado apresentar a situação musical primeiro pra dar "nome aos bois".
Que sugestões vocês recomendariam?
Obrigado pela ajuda!
Saudações,
Daniel LemosCurso de Música/DEART - musica.ufma.brufma.academia.edu/dlemos - audioarte.blogspot.com
Universidade Federal do Maranhão
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