[ANPPOM-Lista] O Globo: A música está cada vez mais previsível

Martha Ulhôa mulhoa em unirio.br
Sex Ago 17 14:16:21 BRT 2012


"Só pra contrariar"... rsrs

O Lundu-dança era o "Tchan" da época...
Rui Barbosa discursou no congresso da época falando sobre o Corta Jaca como
"a mais baixa, a mais chula, a mais grosseira de todas as danças selvagens,
a irmã gêmea do batuque, do cateretê e do samba"...

A questão é que a música é do campo do sensível, seu significado está no
evento e não somente na estrutura de suas notas... Mas estou rezando padre
nosso pra vigário...

Ab. Mt.

Em 15 de agosto de 2012 02:42, Rael Bertarelli Gimenes Toffolo <
rael.gimenes em gmail.com> escreveu:

> Caros,
>
> Primeiro, desculpe se o Reply não saiu correto.. meu webmail as vezes faz
> besteria...
>
> Enfim,
> Concordo em alguns pontos e discordo em outros. Primeiro, o estudo é
> realmente positivista, ingênuo, faz medição de quantidade de notas,
> amplitude geral, etc, como todos já apresentaram aqui de forma
> interessante, porém não podemos desconsiderar a degeneração que realmente
> ocorre. Se compararmos isso com uma visão ingênua e "erudita" meio Haute
> Couture, realmente não acrescentamos nada de interessante à discussão. Os
> argumentos, a pouco apresentados pelo Alê, sobre o Webern e sua
> "simplicidade-complexidade" estrutural foram muito bem colocados. As
> críticas em relação ao repertorio escolhido também foram ótimos, entre
> todos os outros argumentos muito lúcidos que foram discutidos aqui, porém
> comparar os "sucessinhos" comerciais atuais ao lundú é um pouco exagerado.
> Temos que considerar o que é realmente produto "autêntico", e eu diria,
> honesto de um grupo social daquilo que é confeccionado à partir de um
> modelo de negócios dentro de uma "super saudável" estrutura de Budget
> Empresarial. Afinal, como saiu em uma dessas revistas semanais "que se
> dizem jornalísticas", nas palavras do próprio artista que criou a pérola,
> "a grande revolução do sertanejo atual foi a transformação da dupla
> sertaneja em uma empresa comercialmente organizada como qualquer outra".
> Bem, a última coisa que interessa ai é a música. Bem, o Lundu também não
> interessava tanto assim a música, era quase que um rito-social,
> fundamentalmente ligado à dança, ok, mas um rito social legítimo de um
> grupo que dava um valor autêntico para aquela prática. Bem, devemos
> considerar então que a população que ouve os Tchus e Tchas estão praticando
> seus ritos sociais? Não me parece, afinal, se fosse um rito ele seria mais
> constante nas escolhas musicais e até nas danças que os caracterizariam,
> não seria isso que define o rito? - constância e tradição com modificações,
> logicamente, pois o folclore deve ser vivo - mas o que vemos é uma troca
> acelerada e descartável o que parece confirmar que os Tchus e ai se te
> pegos, boquinhas da garrafa, água mineral, etc, etc, não podem ser
> considerados como manifestações legítimas de grupos sociais e sim "coisas"
> empurradas por ótimas técnicas de marketing para as pessoas. Não devemos
> esquecer que os profissionais de Marketing são caras muito bom no que
> fazem! Então acho que podemos falar sim de degradação cultural,
> empobrecimento perceptual, "regressão da audição", ainda que muita gente
> considere Adorno meio "batido". A pesquisa feita é em sí boba, mas as
> discussões aqui estão alçando vôos interessantes e não podemos ficar
> colocando tudo no mesmo saco. Citando Pound "Literatura é simplesmente
> linguagem carregada de significado até o máximo grau possível" e ainda: "Se
> a literatura de uma nação entra em declínio a nação se atrofia e decai.". A
> despeito das discussões de se música é ou não linguagem, acho no mínimo
> interessante pensarmos na música da mesma forma, já que música sendo ou não
> linguagem é um processo, no mínimo, significante, carregado de sentido. Não
> defendo aqui uma "erudição", tanto que me parece que o Lundú, ou qualquer
> outra manifestação artístico-social não tem nada de simplificante, muito
> pelo contrário, são extremamente complexos em sua natureza. E também não
> defendo os pastiches que foram feitos no romantismo brasileiro e
> subsequentes períodos de tentar "traduzir" esses fenômenos para as salas de
> concerto num ideal de Haute Couture de uma elite branca "europeizada" da
> época. Mas podemos sim separar o joio do trigo, principalmente na
> atualidade e termos claros aquilo que é feito com honestidade daquilo que é
> feito pra "vender plástico" (plástico do CD - se bem que hoje isso também
> morreu).
>
>
> 2012/8/14 luciano cesar <lucianocesar78 em yahoo.com.br>
>
>> Ok, então um levantamento de dados que acusa a falta absoluta de
>> criatividade e o clichesismo da música comercial que canaliza milhões em
>> dinheiro; um levantamento de dados - positivista, mas um levantamento - que
>> embasa a denúncia do oportunismo da vadiagem... e isso é chamado de eugenia
>> musical mal fundamentada por um acadêmico.
>>
>>   E tudo bem...
>>
>> Luciano
>>
>>
>> --- Em *seg, 13/8/12, Pedro Filho <pedrofilhoamorim em gmail.com>* escreveu:
>>
>>
>> De: Pedro Filho <pedrofilhoamorim em gmail.com>
>>
>> Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] O Globo: A música está cada vez mais
>> previsível
>> Para: "Ale Fenerich" <fenerich em gmail.com>
>> Cc: anppom-l em iar.unicamp.br
>> Data: Segunda-feira, 13 de Agosto de 2012, 10:16
>>
>>
>> O problema (ou a salvação, vai saber) é que os vigilantes não apitam
>> muito fora da cerquinha acadêmica.
>> E essas pesquisas que querem provar a decadência de alguma coisa (me
>> lembra um pouco Adorno, mal comparando, porque ele se aprofundava no
>> próprio preconceito e até o transcendia um pouco) na verdade querem é
>> reforçar uma visão rasa do que seria uma "arte maior"....como alguém
>> comentou aqui: bullshit...
>>
>> Isso pra mim só serve pra ouvir mais conversa fiada na mesa do bar, de
>> gente enaltecendo Chico Buarque e dizendo que o tchu-tchá, ou o funk, ou o
>> pagodão "não são música", igualzinho ao que os sinhozinhos diziam do lundu
>> outrora. Eugenia musical mal fundamentada. Que preguiça....
>>
>>
>> Em 12 de agosto de 2012 19:37, Ale Fenerich <fenerich em gmail.com<http://mc/compose?to=fenerich@gmail.com>
>> > escreveu:
>>
>> E não é?
>>
>> Webern, o Pai de Todos Nós, no fim estava compondo com 3 notinhas
>> apenas... mas ele tem a péssima mania de transpor, é um sujeito
>> impaciente...
>>
>>
>>
>> Em 12 de agosto de 2012 14:02, Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com<http://mc/compose?to=cpalombini@gmail.com>
>> > escreveu:
>>
>>  até que não está tão ruim: todo o "nosso" cânone foi criado com 12! E
>> são centenas de anos de música... Conclui-se que as 4 notas para 11 músicas
>> em uns poucos aninhos representam um significativo avanço. Sim, isto é
>> ciência.
>>
>>
>> 2012/8/12 Ale Fenerich <fenerich em gmail.com<http://mc/compose?to=fenerich@gmail.com>
>> >
>>
>> mais ciência...
>>
>>
>>
>> http://colunas.revistaepoca.globo.com/bombounaweb/2012/08/11/11-musicas-de-micareta-criadas-com-as-mesmas-quatro-notas-musicais/
>>
>>
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>> Lista de discussões ANPPOM
>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
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>>
>> http://soundcloud.com/ale_fenerich
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>> n-1.art.br
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Martha Tupinambá de Ulhôa
Professora Titular
Instituto Villa Lobos - PPGM - UNIRIO
IASPM - Executive Chair (2011-2013)
http://www.iaspm.net/proceedings/index.php/iaspm2013/IASPM17th

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