[ANPPOM-Lista] Matéria sobre avaliação diferenciada entre arte e ciência

Daniel Lemos dal_lemos em yahoo.com.br
Seg Jul 2 13:47:36 BRT 2012


Olá Luciano,

Sim, o papel mais importante nos locais onde ainda não há este espaço consolidado de Artes é justamente convencer a importância de ter profissionais da área participando junto a comissões examinadoras de Editais de apoio à pesquisa e em outros locais onde a presença é fundamental.

E como tu disseste, a Música como área de conhecimento pode se aproximar de praticamente todas as outras áreas: temos diálogo com a Psicologia, Pedagogia, História, Antropologia, Geografia (a Música como instrumento identitário de uma região), Medicina (do Músico), Neurociência, Biologia (Fisiologia da voz), Educação Física, Letras (Música como linguagem e poesia como um híbrido com a Música), Física (Acústica), Matemática (Composição), Engenharia (de som), Teatro (híbrido com a Música como nas óperas), Artes Visuais (híbrido com a Música como os Etudes-Tableaux ou Quadros em Exposição)...

ufa!!!


Daniel Cerqueira
http://musica.ufma.br


--- Em seg, 2/7/12, luciano cesar <lucianocesar78 em yahoo.com.br> escreveu:

De: luciano cesar <lucianocesar78 em yahoo.com.br>
Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Matéria sobre avaliação diferenciada entre arte e ciência
Para: "Daniel Lemos" <dal_lemos em yahoo.com.br>
Data: Segunda-feira, 2 de Julho de 2012, 10:32

Caro Daniel,
   Acho que aqui vai valer a força do argumento. Por mais que haja diferenças, há semelhanças. E a medicina com a música tem esse lado de artes operativas, pode ser que por aí se consiga algum diálogo...A musicologia puramente teórica sofre com esse parentesco, como a filosofia. Mas pela chamada (na idade média) "música prática"talvez seja possível trazer a teoria junto. Ocupação de espaços parece fundamental...
Abraço, 
Luciano

--- Em dom, 1/7/12, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br> escreveu:

De: Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>
Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Matéria sobre avaliação
 diferenciada entre arte e ciência
Para: musicoyargentino em gmail.com, anppom-l em iar.unicamp.br
Data: Domingo, 1 de Julho de 2012, 13:06


Caro Damián,

A situação aqui no Maranhão não é muito diferente. A UFMA é uma universidade de médicos; há 6 departamentos de Medicina e 80% dos reitores eleitos na história da UFMA são dessa área. A área de Artes é relativamente antiga, mas sempre esteve à margem em termos de apoio e incentivo. Os professores de Artes que conseguem incentivos para pesquisa são aqueles que justamente adequam seus projetos aos moldes acadêmicos tradicionais, ou seja: as pesquisas não abarcam atividades artísticas.

Com relação aos Editais que tu mencionaste, certamente é porque nestas instituições de fomento à pesquisa, não há nenhum
 avaliador/representante/elaborador da área de Artes. As outras áreas - saúde e tecnologia, principalmente - já consolidaram seu espaço há décadas. Creio que a situação só seja resolvida quando um
 número maior de artistas pesquisadores passem a ocupar estes espaços. A situação na região Norte se assemelha muito ao Maranhão: temos uma diversidade cultural imensa que ainda é "virgem", e o apoio para trabalho é praticamente inexistente, até porque há relativamente poucos profissionais de nossa área nestes locais.

Entendo que a proposta de muitos colegas é equiparar os critérios de produção artística e colocá-los em pé de igualdade com o que já existe para regulamentar o incentivo à produção científica. Em termos de concepção, tendo a não concordar com isso, pelos motivos que havia exposto. Mas há realmente uma necessidade de afirmação da área de Artes no âmbito acadêmico e também na sociedade, e apoio os colegas que se proporem a fazê-lo sob esta perspectiva.

Essa situação me lembra a questão da Música no Brasil no final do século XIX: o Brasil necessitava se afirmar culturalmente, e a saída mais
 aparente foi com o movimento nacionalista do Século XX, quando nosso compositores criaram obras com "material sonoro nacional" sob o estilo erudito europeu. A tendência hoje é valorizar a manifestação artística dentro do seu contexto, mas o trabalho dos compositores da 1ª metade do Século XX foi fundamental para afirmar nossa identidade nacional.

Abraço,

Daniel Cerqueira
http://musica.ufma.br


--- Em dom, 1/7/12, Dr. K <musicoyargentino em gmail.com> escreveu:

De: Dr. K <musicoyargentino em gmail.com>
Assunto: Matéria sobre avaliação diferenciada entre arte e ciência
Para: anppom-l em iar.unicamp.br
Cc: silvioferrazmello em uol.com.br, dal_lemos em yahoo.com.br
Data: Domingo, 1 de Julho de 2012, 12:02

Caros Daniel e Silvio,
Eu gostaria muito de
poder concordar com vocês. Lamentavelmente, aqui no Norte o sistema
de avaliação tem impacto no dia-a-dia do trabalho de pesquisa. Cito
alguns exemplos:
- projetos da área de
música são eliminados de editais regionais por não estar dentro
das <áreas prioritárias>.
- a produção
artística é considerada como de <segunda categoria> em
relação às outras áreas. Isso é reforçado pela falta de
sistemas próprios de medição de impacto (por exemplo, enquanto o
JNMR tem uma classificação que não chega a 1 ponto no JCR (que
aparece no Lattes), revistas da área de biologia tem acima de 3
pontos).
- a falta de apoio da
Capes para as atividades de pesquisa em música (justificada pelos
motivos que coloquei no email anterior = não existe pósgraduação) embasa sistemas de avaliação internos onde <compor, gravar e
publicar uma obra> (em conjunto) é igual a 7 pontos, e publicar 1
artigo vale 20 pontos.



O mais estranho de tudo
é que o discurso oficial das agências de fomento é exatamente o
oposto: <[existe] a necessidade de se ofertar maior apoio aos 35
mil jovens doutores hoje envolvidos em pesquisas. “Eles precisam
ser apoiados, pois sem estímulos acabam desistindo e uma vez fora
não retornam”>. (CNPq, 28 jun 2012).
Como mencionei antes,
só vejo sentido nesta discussão se for para implementar propostas
concretas: (por exemplo) mudar o Qualis, criar uma pós para a região
Norte, incluir a música nos editais regionais.
Abraços,
Damián

-- 
Dr. Damián KellerNAP, Universidade Federal do Acre / Amazon Center for Music Research (NAP), Federal University of Acre / http://ccrma.stanford.edu/~dkeller



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