[ANPPOM-Lista] Matéria sobre avaliação diferenciada entre arte e ciência
Daniel Lemos
dal_lemos em yahoo.com.br
Seg Jul 2 23:29:49 BRT 2012
Olá Heloísa,
Muito bem lembrado! Esqueci da área de Comunicação, inclusive organizamos um evento aqui chamado MUSICOM com sobre Música e Mídia, me esqueci disso, hehehe. Agora já tentei imaginar outra área: Música e Química tem algo a ver? Será que são mesmo "pão e durex"?
Bem colocado: são os Conservatórios do Século retrasado. Particularmente, não gosto quando as pessoas utilizam as palavras "Conservatório" e "Música Erudita" de forma pejorativa... elas só tem sido utilizadas para ilustrar o que é "retrógrado", "reprodutivo", "mecânico". Isto que as pessoas falam é um sistema de ensino do Século XIX, como tu mencionaste; esse sistema não pode ser associado a um estilo musical ou à instituição. Há vários conservatórios que adotam estratégias de ensino em consonância com a realidade atual.
Daniel Cerqueira
http://musica.ufma.br
--- Em seg, 2/7/12, Heloísa e Wagner Valente <whvalent em terra.com.br> escreveu:
De: Heloísa e Wagner Valente <whvalent em terra.com.br>
Assunto: Re: [ANPPOM-Lista]Matéria sobre avaliação diferenciada entre arte e ciência
Para: "Daniel Lemos" <dal_lemos em yahoo.com.br>
Data: Segunda-feira, 2 de Julho de 2012, 22:21
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olá, Daniel,
mal estou podendo acompanhar a conversa. Mas não poderia deixar de dizer que gostei muito do segundo parágrafo!
enquanto isso, teimosamente, nossos colegas insistem em que a música se limite às abordagens conservatoriais do século retrasado...
acrescente à lista as aáreas da comunicação, também (não só porque lido com isso....)
na assembleia passada, ficou decidido que se criaria um tempo-espaço para tais discussões.é esperar o programa para ver...
abraço, Heloísa
On Seg 02/07/12 13:47 , Daniel Lemos dal_lemos em yahoo.com.br sent:
Olá Luciano,
Sim, o papel mais importante nos locais onde ainda não há este espaço consolidado de Artes é justamente convencer a importância de ter profissionais da área participando junto a comissões examinadoras de Editais de apoio à pesquisa e em outros locais onde a presença é fundamental.
E como tu disseste, a Música como área de conhecimento pode se aproximar de praticamente todas as outras áreas: temos diálogo com a Psicologia, Pedagogia, História, Antropologia, Geografia (a Música como instrumento identitário de uma região), Medicina (do Músico), Neurociência, Biologia (Fisiologia da voz), Educação Física, Letras (Música como linguagem e poesia como um híbrido com a Música), Física (Acústica), Matemática (Composição), Engenharia (de som), Teatro (híbrido com a Música como nas óperas), Artes Visuais
(híbrido com a Música como os Etudes-Tableaux ou Quadros em Exposição)...
ufa!!!
Daniel Cerqueira
http://musica.ufma.br
--- Em seg, 2/7/12, luciano cesar escreveu:
De: luciano cesar
Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Matéria sobre avaliação diferenciada entre arte e ciência
Para: "Daniel Lemos"
Data: Segunda-feira, 2 de Julho de 2012, 10:32
Caro Daniel,
Acho que aqui vai valer a força do argumento. Por mais que haja diferenças, há semelhanças. E a medicina com a música tem esse lado de artes operativas, pode ser que por aí se consiga algum diálogo...A musicologia puramente teórica sofre com esse parentesco, como a filosofia. Mas pela chamada (na idade média) "música prática"talvez seja possível trazer a teoria junto. Ocupação de espaços parece fundamental...
Abraço,
Luciano
--- Em dom, 1/7/12, Daniel Lemos
escreveu:
De: Daniel Lemos
Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Matéria sobre avaliação
diferenciada entre arte e ciência
Para: musicoyargentino em gmail.com, anppom-l em iar.unicamp.br
Data: Domingo, 1 de Julho de 2012, 13:06
Caro Damián,
A situação aqui no Maranhão não é muito diferente. A UFMA é uma universidade de médicos; há 6 departamentos de Medicina e 80% dos reitores eleitos na história da UFMA são dessa área. A área de Artes é relativamente antiga, mas sempre esteve à margem em termos de apoio e incentivo. Os professores de Artes que conseguem incentivos para pesquisa são aqueles que justamente adequam seus projetos aos moldes acadêmicos tradicionais, ou seja: as pesquisas não abarcam atividades artísticas.
Com relação aos Editais que tu mencionaste, certamente é porque nestas instituições de fomento à pesquisa, não há nenhum
avaliador/representante/elaborador da área de Artes. As outras áreas - saúde e tecnologia, principalmente - já consolidaram seu espaço há décadas. Creio que a situação só seja resolvida quando um
número maior de artistas pesquisadores passem a ocupar estes espaços. A situação na região Norte se assemelha muito ao Maranhão: temos uma diversidade cultural imensa que ainda é "virgem", e o apoio para trabalho é praticamente inexistente, até porque há relativamente poucos profissionais de nossa área nestes locais.
Entendo que a proposta de muitos colegas é equiparar os critérios de produção artística e colocá-los em pé de igualdade com o que já existe para regulamentar o incentivo à produção científica. Em termos de concepção, tendo a não concordar com isso, pelos motivos que havia exposto. Mas há realmente uma necessidade de afirmação da área de Artes no âmbito acadêmico e também na sociedade, e apoio os colegas que se proporem a fazê-lo sob esta perspectiva.
Essa situação me lembra a questão da Música no Brasil no final do século XIX: o Brasil necessitava se afirmar culturalmente, e a saída mais
aparente foi com o movimento nacionalista do Século XX, quando nosso compositores criaram obras com "material sonoro nacional" sob o estilo erudito europeu. A tendência hoje é valorizar a manifestação artística dentro do seu contexto, mas o trabalho dos compositores da 1ª metade do Século XX foi fundamental para afirmar nossa identidade nacional.
Abraço,
Daniel Cerqueira
http://musica.ufma.br
--- Em dom, 1/7/12, Dr. K escreveu:
De: Dr. K
Assunto: Matéria sobre avaliação diferenciada entre arte e ciência
Para: anppom-l em iar.unicamp.br
Cc: silvioferrazmello em uol.com.br, dal_lemos em yahoo.com.br
Data: Domingo, 1 de Julho de 2012, 12:02
Caros Daniel e Silvio,
Eu gostaria muito de
poder concordar com vocês. Lamentavelmente, aqui no Norte o sistema
de avaliação tem impacto no dia-a-dia do trabalho de pesquisa. Cito
alguns exemplos:
- projetos da área de
música são eliminados de editais regionais por não estar dentro
das <áreas prioritárias>.
- a produção
artística é considerada como de em
relação às outras áreas. Isso é reforçado pela falta de
sistemas próprios de medição de impacto (por exemplo, enquanto o
JNMR tem uma classificação que não chega a 1 ponto no JCR (que
aparece no Lattes), revistas da área de biologia tem acima de 3
pontos).
- a falta de apoio da
Capes para as atividades de pesquisa em música (justificada pelos
motivos que coloquei no email anterior = não existe pósgraduação) embasa sistemas de avaliação internos onde (em conjunto) é igual a 7 pontos, e publicar 1
artigo vale 20 pontos.
O mais estranho de tudo
é que o discurso oficial das agências de fomento é exatamente o
oposto: <[existe] a necessidade de se ofertar maior apoio aos 35
mil jovens doutores hoje envolvidos em pesquisas. “Eles precisam
ser apoiados, pois sem estímulos acabam desistindo e uma vez fora
não retornam”>. (CNPq, 28 jun 2012).
Como mencionei antes,
só vejo sentido nesta discussão se for para implementar propostas
concretas: (por exemplo) mudar o Qualis, criar uma pós para a região
Norte, incluir a música nos editais regionais.
Abraços,
Damián
--
Dr. Damián KellerNAP, Universidade Federal do Acre / Amazon Center for Music Research (NAP), Federal University of Acre / http://ccrma.stanford.edu/~dkeller
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