[ANPPOM-Lista] Composição em Grupo

silvioferrazmello silvioferrazmello em uol.com.br
Sáb Mar 24 17:53:23 BRT 2012


OI Damian

eu parti um pouco de um modelo um pouco distante do modelo  clássico de indivduação e cognição.
e neste modelo, seja "individual" seja coletivo, é sempre coletivo.
até mesmo o autista.
aí aqui vale a pena uma referência pq a coisa começa a complicar para mail.
vale citar uma leitura de gilbert simondon e sua ideia de individuação e tal.
 
mas qdo falei de potencializar o coletivo, realmente aqui também é necessário uma outra quebra com paradigma clássico.
o paradigma da unidade formal e estrutural que herdamos do classico-romantico-moderno e que perpassa toda a vanguarda estruturalista.
e neste paradigma talvez possamos não ter esta etapa do consenso e substituir esta noção pela de consistência: a sobreposição ou justaposição de material dará conta sozinha de juntar as coisas. Neste caso, intverte-se a lógica q vc propõe: 2 permitem mais elementos e mais elementos permitem mais pontos de contato entre material, o que viria a garantir a consistência.

são lógicas distintas…
acho que isto vale um tema de congresso de criação musical, coisas que há tempo não temos no brasil, mas q pelo que temos debatido aqui fica claro que perpassa desde a educação musical até a musicologia analítica.

abs
silvio




On Mar 24, 2012, at 4:12 PM, Damián Keller wrote:

> 
> 
> Oi Silvio,
>>  vem daí que a experiência de coletivo é interessante qdo ela consegue dar mais velocidade a este coletivo que em um indivíduo também participa mas transvazado por uma filtragem maior e escolhas mais restritas.
> A ideia é boa, o problema é operacionalizar. Escolhas são entendidas geralmente como individuais. Partindo desse princípio, podemos pensar em dois modelos de decisão: (1) de dentro para fora, (2) de fora para dentro.
> No modelo 1 o resultado é decorrente das decisões individuais (a velha ideia do <compositor omnisciente> sentado na mesa de trabalho, o <autista> ;-). No modelo 2, a contribuição individual está determinada pelas condições externas (ou seja, <os compositores> respondem aos estímulos do ambiente). Entre esses dois extremos temos uma variedade de possibilidades.
> O problema é o seguinte:> filtragem maior e escolhas mais restritas
> Qualquer tipo de condicionamento externo (2) limita o rádio de influência dos fatores internos (1). Ou seja, a velocidade (ou fluidez) dessa troca e consequentemente das decisões composicionais tem limites intrínsecos: ou tende para o modelo 1 ou para o 2. 
> A partir daí da para fazer algumas predições:- o tempo para chegar a uma decisão composicional é proporcional ao número de fatores em jogo: (dadas condições iguais) (1) sempre é mais eficiente do que (2).- o nível de consenso nas decisões composicionais está diretamente relacionado à mecânica do sistema de decisão: (1) sempre tende a ter menos consenso do que (2).- não existe um sistema de decisão ideal: qualquer forma de composição coletiva sacrifica (1) para satisfazer (2) ou vice-versa. Ou seja, mais consenso = mais tempo para chegar a uma decisão.
> Ta aí, essa proposta é fácil de testar, se essas predições não forem corretas, o modelo vai para o lixo. Agora falta botar a mão na massa...
> Abraço,Damián
> 
> Dr. Damián Keller -
> Núcleo Amazônico de Pesquisa Musical (NAP) - Universidade Federal do Acre - Amazon Center for Music Research - Federal University of Acre -
> http://ccrma.stanford.edu/~dkeller
> 
> 
>>  se considerarmos algumas propostas mais recentes de que de fato todo ser reúne um certo coletivo.então a composição aparentemente individual de uma obra musical é de fato resultado de um coletivo.
> ou seja, bach não escreveria o que escreveu se tivesse nascido 30 anos depois e em alguma cidade 40ks de onde ele estava.
> uma composição, assim como uma conversa, é um jogo complexo de modulação de um individuo com o meio em que vive, com colegas e até mesmo com seus não amigos.
> isto quer dizer que o processo de individuação implicado não é do tipo autista.
> 
> vem daí que a experiência de coletivo é interessante qdo ela consegue dar mais velocidade a este coletivo que em um indivíduo também participa mas transvazado por uma filtragem maior e escolhas mais restritas.
> 
> abs
> s. 		 	   		  




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