[ANPPOM-Lista] Composição em Grupo

Damián Keller musicoyargentino em hotmail.com
Seg Mar 26 22:29:37 BRT 2012




É isso aí, Silvio, bacana o resumo das ideias!
Concordo em que isto se deduz do modelo que estávamos discutindo:
> paradoxalmente no individuo o coletivo se faz mais forte do que no coletivo, pois neste é geralmente o senso comum que impera, a busca de pontos de encontro entre os participantes acaba sendo a componente que leva a aumentar a probabilidade do senso comum. no trabalho "individual" a invenção, por incrível que pareça, tem mais lugar. 
A contrapartida experimental desse aspecto é a probabilidade de <erro criativo> ou a quantidade de <lixo> gerado. Nosso MDF nos diz que no caso do <compositor omnisciente> toda produção tenderá a ser útil e relevante, ou seja, haverá pouco tempo de aprendizagem e poucas tentivas até chegar na decisão composicional. Já do lado de fora (o que estamos chamando de coletivo, senso comum, etc.) será necessário produzir uma quantidade grande de <lixo> (material irrelevante) até chegar numa decisão. 
Para confirmar ou refutar a predição de que sistemas perto do <dentro> são mais eficientes do que sistemas perto do <fora> do MDF, é só medir o tempo e o nível de consenso. Já para saber se o resultado individual é mais ou menos original que o coletivo, é necessário avaliar o resultado. Mas como as condições são diferentes, os resultados não são comparáveis. O que é comparável é a proporção entre material gerado e material descartado. Ali temos uma medida indireta do potencial de invenção, ou potencial criativo.
Abraço,Damián


Dr. Damián Keller -
Núcleo Amazônico de Pesquisa Musical (NAP) - Universidade Federal do Acre - Amazon Center for Music Research - Federal University of Acre -
http://ccrma.stanford.edu/~dkeller

> caro damian,realmente estamos falando a mesma coisa.
mesmo qdo tenho apenas uma pessoa trabalhando, nela opera uma trama de forças que vai muito além da matéria formada ou do eu formado.
ou seja, um compositor não é um ser no nada, ele está imerso em uma cadeia de forças que está inclusive implicada no material que utiliza. 
do mesmo modo as técnicas composicionais que emprega estão atravessadas de forças de época que pertencem a um coletivo que ele muitas vezes nem reconhece.
em um artigo sobre o "deja vu in computer aided composition" (organized sound, 2000) expus, junto com leonardo aldrovandi, como que nesta prática composicional o trabalho de compor é ainda mais perpassado de sensos comuns de época, visto todo aparato já implicado nos softwares e hardwares empregados.
e este deja vu não está apenas na composição com suporte tecnológico, mas também na composição sobre papel.

a outra questão que estes pontos de vistas trazem é a de que ao trabalhar sozinho somos atravessados por um coletivo mas não do mesmo modo de quando trabalhamos em grupo.
paradoxalmente no individuo o coletivo se faz mais forte do que no coletivo, pois neste é geralmente o senso comum que impera, a busca de pontos de encontro entre os participantes acaba sendo a componente que leva a aumentar a probabilidade do senso comum.
no trabalho "individual" a invenção, por incrível que pareça, tem mais lugar. 

daí a necessidade de um estudo sobre o coletivo, a individuação coletiva (simondon tem algumas aulas magistrais sobre esta questão publicadas em "imagination et invention"), o senso comum e o desvio (conceito bastante trabalhado por simondon em seus cursos).

abs
silvio  		 	   		  


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