[ANPPOM-Lista] Fotógrafo francês traça a ‘geografia noturna’ dos bailes funk no Rio

lcm em usp.br lcm em usp.br
Ter Nov 6 13:42:36 BRST 2012


Cultura pra francês ver. Às "elites" interessa exatamente isso: alienação, ignorância, superficialidade da classe popular. O funk não é uma insurreição contra nenhuma estrutura social, pelo contrário. Até defendo o o funk como expressão social e cultural de uma classe oprimida, mas a apologia e a esteticização disso me parece a mesma coisa que elogiar a pujança e a beleza das senzalas. 
Abraço, 

Luciano Morais 
----- Mensagem original -----

> De: "Carlos Palombini" <cpalombini em gmail.com>
> Para: anppom-l em iar.unicamp.br, "Pesquisadores em Sonologia (Música)"
> <sonologia-l em listas.unicamp.br>
> Enviadas: Sexta-feira, 2 de Novembro de 2012 14:22:31
> Assunto: [ANPPOM-Lista] Fotógrafo francês traça a ‘geografia noturna’
> dos bailes funk no Rio

> Vincent Rosenblatt mergulhou no universo dos bailes há sete anos e
> criou site para exibir as imagens dessa coleção

> http://oglobo.globo.com/cultura/fotografo-frances-traca-geografia-noturna-dos-bailes-funk-no-rio-6613037#ixzz2B5CDvYEq

> Fabiano Moreira
> Publicado: 2/11/12 - 7h00
> Atualizado: 2/11/12 - 7h00

> Fotos de mais de cem lugares registrados em 300 noites compõem o
> portfólio de Rosenblatt
> Foto: Reprodução de site

> Fotos de mais de cem lugares registrados em 300 noites compõem o
> portfólio de Rosenblatt

> RIO — Um desavisado pode entrar no riobaile funk.net e achar que está
> em uma espécie de ‘I Hate Flash’ (site com fotos da noite carioca)
> da favela. Só que os bailes retratados ali pelo fotógrafo francês
> Vincent Rosenblatt não aconteceram no último fim de semana, muito
> menos na Zona Sul da cidade. E a maioria deles não existe mais após
> a entrada das UPPs nas comunidades cariocas.

> As imagens, de rara sensibilidade, são apenas 10% de um acervo
> construído durante sete anos, em 300 noites, em mais de cem lugares
> diferentes, às vezes de carona com algum MC que fazia cinco bailes
> de uma vez, na tentativa de desenhar um mapa do funk e traçar a
> “geografia noturna do Grande Rio, mostrando uma cidade negra que
> dança contra a proibição e o desprezo das elites”. As fotos foram
> expostas na Maison Européenne de La Photographie, em Paris, mas
> ainda são pouco conhecidas aqui, por isso a ideia do site, que
> também reúne textos sobre o ritmo.
> Vincent veio para o Brasil por meio de uma bolsa de estudos de seu
> curso na Escola Superior de Belas Artes de Paris, há 12 anos, mas só
> há sete sentiu o que chama de “espécie de epifania”.
> — Meu primeiro baile funk, no Castelo das Pedras, teve um sentido
> quase religioso. Ali estava a cidade como ela é, não como ela se
> sonha e idealiza — conta o fotógrafo, que ouviu o chamado do funk
> quando sentiu as paredes de seu apartamento, na época em Santa
> Teresa, vibrarem com o batidão do Morro Santo Amaro. — Eu não sabia
> como chegar lá. Quando comprei os CDs, vi que aquilo era poesia
> pura, mesmo a mais bruta, que fala do Brasil, de uma realidade. Não
> gosto da MPB cordial, charmosa, que fala de seu coraçãozinho, sua
> dorzinha, desconectada da realidade social.
> No site, dá para refazer parte do trajeto de Vincent, em noitadas que
> consumiam até R$ 150 de táxi para chegar aos locais mais distantes.
> Estão lá os extintos bailes de Andaraí, Gambá, Austin, Santa Marta e
> Morro dos Prazeres, além dos que ainda acontecem, como o do Castelo
> das Pedras, o de Olaria, e o do Fazenda, em São João de Meriti.
> — Não tem coisa mais linda do que o baile do Cantagalo — ele diz.
> E recomenda:
> — Quem quiser ir a um baile fácil de acesso e de acompanhar a música,
> pode ir ao Castelo das Pedras, ao Boqueirão, ao Emoções, na
> Rocinha... Mas não aponto os bailes nas comunidades porque a
> midiatização pode atrair perseguição e proibição. Na Penha, o
> quartel general da UPP agora fica na quadra onde se dançava. Em
> alguns bailes, não se pode mais tirar a camisa, proibição de
> comandantes. Para mim, isso é uma questão de direitos humanos. E o
> Rio, sem baile funk, é um tremendo tédio.
> As fotos feitas nas comunidades são exibidas, depois, em sessões nos
> próprios bailes, que ele mesmo organiza, com laptop, projetor e a
> solidariedade que tem encontrado nos morros.
> — As pessoas se veem retratadas ali no auge do gesto, da dança, da
> expressão. Conhecem os outros bailes funk e percebem que fazem parte
> de algo muito maior e bonito — diz.
> Vincent tem sua própria agência de fotografia, a Olhares, que
> representa alguns fotógrafos no Brasil e que o ajuda a vender suas
> fotos para agências em Paris, Hamburgo e Inglaterra. No Brasil, ele
> ainda desenvolveu o projeto Olhares do Morro, estimulando jovens da
> Santa Marta, da Rocinha e do Vidigal, entre outras comunidades, a
> atuar como correspondentes de suas favelas, mostrando seus olhares
> sobre o cotidiano. O projeto rendeu exposição no Oi Futuro e na sede
> da Unesco, em Paris.
> Enquanto fala ao telefone, Vincent se distrai:
> — Tem um DJ, no Facebook, me chamando para um baile numa comunidade
> em que eu nunca fui. Nenhum baile é igual a outro, não se dança
> igual, as músicas mudam, é sempre único, tem nuances e modismos.
> Cada comunidade desenvolve uma arte diferente.
> --

> carlos palombini
> www.researcherid.com/rid/F-7345-2011

> ________________________________________________
> Lista de discussões ANPPOM
> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
> ________________________________________________
-------------- Próxima Parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: <http://www.listas.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20121106/55924ece/attachment.html>


Mais detalhes sobre a lista de discussão Anppom-L