[ANPPOM-Lista] Saving Britain's universities: The brains go into battle

Ale Fenerich fenerich em gmail.com
Dom Nov 18 12:41:21 BRST 2012


De minha parte, acredito que a qualidade da minha aula é inversamente
proporcional ao número de alunos que a assistem. Com um número menor de
alunos consigo estabelecer uma relação caso a caso, de modo a entender em
cada um suas limitações ou talentos/vontades. Não se trata, de fato, de uma
questão do "fim do elitismo", mas de qual qualidade de ensino gostaríamos
de oferecer. Se o Brasil de hoje tem os tais recursos para universalizar a
educação superior, deveria fazê-lo com qualidade.

Na minha opinião, esse boom indiscriminado de vagas só acentua a visão
(errônea - eu ganho muito menos numa universidade federal que ganharia
dando aulas particulares e tocando numa grande cidade) de que "ter diploma"
é sinônimo de bons salários. Vejam só... na minha instituição fala-se em
abrir um curso para 60 ingressantes/ano. Algo totalmente irreal, tanto
fisicamente quanto em termos de honestidade do ensino. Mas que esses
músicos irão fazer na universidade? se aperfeiçoar? Não, vão ganhar
diploma!! Mas se serve pra isso o tal ensino superior (maiores salários),
que tenha ao menos um bom efeito colateral (educação digna).

Mas creio que aqui está um ponto importante: até onde somos honestos no
nosso ensino? uma classe de percepção com mais de 20 alunos é, pra mim, uma
desonestidade.

Porque permaneço na Universidade, se poderia dar aulas particulares a
estudantes ricos, com muito mais retorno ao meu prestígio como professor?
Pelo salário? Certamente não. Por acreditar que posso fazer ali um bom
trabalho. Mas sou bobo, pois vejo essa possibilidade ser bandalhada e
sabotada dia a dia pelo populismo, do governo, da reitoria, dos meus
próprios colegas...


um abraço!


Em 17 de novembro de 2012 17:41, Carlos Palombini
<cpalombini em gmail.com>escreveu:

> Vc reduz a questão a um problema de números. No que não diz respeito ao
> salário, não me parece ser a medida adequada. Que tipo de educação se dá a
> 60 pessoas reunidas, sejam elas de classe A ou de classe D? O método e o
> conteúdo são os mesmos? E por que se trataria de tirar de quem ganha pouco
> para dar a quem ganha menos?
>
> 2012/11/17 Hugo Leonardo Ribeiro <hugoleo75 em gmail.com>
>
>>
>> Acredito que é muito fácil a gente criticar que as universidades estão
>> cheias e que teríamos uma educação "melhor" com menos estudantes por sala.
>> Mas e aquelas pessoas que não podem ou não conseguem cursar uma
>> universidade, o que será do futuro delas? Serão sempre os peões braçais
>> sobre os quais os intelectuais irão explorar para ter a vida luxuosa que
>> têm. Se não houvesse tanta disparidade salarial entre aqueles que fizeram
>> curso superior e aqueles que fizeram escolas técnicas ou foram direto para
>> o campo de trabalho após o segundo grau, tenho certeza que os cursos
>> universitários não estariam tão cheios. Nem todos gostariam de ser
>> professores, pesquisadores, médicos etc...  Também ninguém tem o sonho de
>> ser lixeiro, vendedor de lojas ou caixa de supermercado. Mas, atualmente
>> são profissões necessárias em nossa sociedade. Até mesmo a profissão de
>> empregada doméstica ainda faz parte de nossa organização social. Talvez
>> isso diminua, como é o caso dos Estados Unidos e alguns países europeus,
>> onde o salário de um(a) empregado(a) doméstico(a) é tão alto que nem todos
>> podem se dar o luxo de tê-los.
>>
>> Para mim é tudo uma questão financeira.
>>
>> Então façamos o seguinte, elevemos o salário mínimo para cerca de dois
>> mil reais e vamos diminuir os salários dos demais servidores públicos para,
>> no máximo, cinco vezes um salário mínimo. Quem está disposto a ganhar menos
>> e ter uma sociedade com uma distribuição de renda mais justa?
>>
>> Demagogia? Pode até ser, mas quem sabe assim nossas universidades seriam
>> menos procuradas. Afinal de contas, qual o objetivo de um curso superior
>> universitário? O objetivo real, atual, e o utópico, aquele que todos
>> gostaríamos que fosse?
>>
>> De minha parte, fico louco quando tenho que dar aula de graduação para
>> cinco pessoas. Sinto que meu dinheiro de contribuinte está sendo
>> péssimamente gasto. Sempre me questiono sobre minha utilidade social.
>> Principalmente quando ouço falar das tragédias como os furacões e
>> terremotos como o do Haiti. Fico pensando como eu seria capaz de contribuir
>> na reconstrução se aquilo acontecesse na minha cidade. Ora, sou um mero
>> músico, ou pior, um simples professor de música. Um pedreiro seria mais
>> útil do que eu... Às vezes me sinto um inútil em nossa sociedade. Mas esses
>> são só meus questionamentos pessoais, e como sei que sou voto vencido entre
>> meus pares, volto para minha vida hipócrita.
>>
>> Hugo Ribeiro
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