[ANPPOM-Lista] avaliação qualitativa

Daniel Lemos dal_lemos em yahoo.com.br
Dom Maio 12 11:03:31 BRT 2013


Caro prof. Palombini,

Perfeita colocação. A qualidade de trabalhos acadêmicos só pode ser medida a partir da análise dos trabalhos em particular. Esta tendência de numeração e, consequentemente, rotulação, apresenta muitos problemas. Como solução, seria interessante estabelecer comissões que pudessem avaliar mais detalhadamente cada trabalho.

Com relação ao que fora citado de Vitor Haase, é nítida a incoerência de discurso e prática daqueles que defendem a "inclusão social", o "acesso democrático" e outras palavras idealistas do "bem" que, quando questionadas, transformam o crítico em herege. Voltamos à Idade Média. E isso tudo surgiu, coincidentemente, após o 11 de Setembro de 2011, onde o fanatismo idealista ataca a tudo e a todos que se opõem ideologicamente à "Liberdade" e "Democracia", ideais que já provaram não representar o ser humano comum. Em breve, voltaremos à Idade Antiga.

Abraço,

Daniel Lemos Cerqueira 
http://musica.ufma.br

--- Em sáb, 11/5/13, Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com> escreveu:

De: Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>
Assunto: [ANPPOM-Lista] avaliação qualitativa
Para: anppom-l em iar.unicamp.br, "etnomusicologiabr" <etnomusicologiabr em yahoogrupos.com.br>, "Pesquisadores em Sonologia (Música)" <sonologia-l em listas.unicamp.br>
Data: Sábado, 11 de Maio de 2013, 16:51


Muito se tem falado, com mais ou menos propriedade, contra as avaliações quantitavivas. A avaliação qualitativa, por outro lado, só tem sido discutida nos termos de queixumes contra o qualis. O qualis certamente apresenta problemas. Em resumo, não vejo ali nada de qualitativo. Todos os seus oito estratos, exceto o C, de peso 0, começam com a mais infeliz das frases: "Publicações reconhecidas pela área, seriadas e arbitradas e dirigidas à comunidade acadêmico-científica, que atendam às normas da ABNT ou equivalente (no exterior) [...]" Eu diria, ao ler isso, que os melhores textos tenham as melhores chances de estar em periódicos de peso 0 ou no exterior, onde nada de equivalente existe para publicações científicas. Nas publicações anglo-saxãs, quem determina aquilo acerca do qual, no Brasil, a ABNT legisla, é precisamente cada periódico e cada editora. Como essas sabem bem que diferentes tipos de pesquisa (numa mesma área,
 inclusive) se apresentam melhor através de sistemas de referência distintos, elas imprimem manuais tão precisos que se dão ao trabalho de oferecer um conjunto de modelos de referência associados aos tipos de pesquisa que via de regra lhes correspondem. E me parece evidente que uma das responsabilidades do pesquisador é definir o sistema que se coaduna com sua pesquisa. Só há uma maneira de avaliar a qualidade de um periódico: lê-lo.


Numa entrevista recente, contudo, meu colega Vitor Haase, do departamento de Psicologia da UFMG, apresentou o problema sob outro ponto de vista: o de uma psicopatologia coletiva. O texto integral encontra-se aqui:


http://scienceblogs.com.br/socialmente/2012/03/psicologia-brazuca-vitor-haase-e-a-neuropsicologia/


Refiro-me diretamente a este excerto:

Vou encerrar a resposta a esta pergunta 
comentando sobre um paradoxo e contrastando o ambiente intelectual 
brasileiro com o ambiente intelectual em outros países.
O paradoxo é o seguinte: Os mesmos grupos
 e correntes que argumentam em favor da transformação da realidade, da 
aceitação e convivência com as diferenças, pela diversidade etc. e tal, 
são justamente aqueles que na academia tentam eliminar as formas rivais 
de pensamento de maneiras por vezes abjetas, incluindo perseguições, 
humilhações e desmoralização de colegas, como tantas vezes já tive 
oportunidade de testemunhar. O paradoxo aparente é o fato de as mesmas 
pessoas que argumentam contra o preconceito e pela diversidade 
comportarem-se de forma hegemônica em relação aos que divergem do seu 
pensamento. Parece que eles propugnam um tipo bem específico de 
diversidade, uma diversidade enviesada, abrangendo apenas um segmento do
 espectro de opções possíveis. Isto leva a uma forma de pensamento 
dicotômico, de nós contra eles, de luta da forças do bem e do 
“progresso” contra as forças da reação, do mal. Mas o paradoxo é apenas 
aparente, desaparecendo quando lembramos que somos todos seres humanos e
 que as associações entre conspecíficos são reguladas de modos bastante 
típicos, os quais são extensivamente investigados pela psicologia 
social.
A última questão diz respeito à 
comparação do panorama intelectual brasileiro e internacional. O nível 
dos debates no Brasil é muito baixo, muito ideologizado, contrastando 
com o que se observa em congressos internacionais e em instituições 
universitárias de outros países.

cp
-- 
carlos palombini
pesquisador visitante, centro de letras e artes, unirio
ufmg.academia.edu/CarlosPalombini




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