[ANPPOM-Lista] A corrupção nos concursos públicos acadêmicos

Alvaro Henrique alvaroguitar em gmail.com
Qui Out 24 09:29:03 BRST 2013


A ideia de uma central de avaliação de vagas é muito positiva, e permitiria
que candidatos de uma cidade / região do país pudessem concorrer para vagas
em cidades distantes do seu local de moradia, aumentando a concorrência, e
descentralizando a produção acadêmica.

Abraços,
Alvaro Henrique

Alvaro Henrique is a Price, Rubin & Partners artist. Info:
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Alvaro Henrique plays Royal Classics guitar strings.
http://www.royalclassics.com/catalogo_artista_detalle.htm?idioma=es&id=42
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Em 24 de outubro de 2013 03:47, Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>escreveu:

> *Professor critica ‘compadrismo’ na seleção de professores universitários
> e aponta soluções para o problema, como a criação de comissão independente
> para o assunto*
>
>
>
> *Por Angelo Segrillo **
>
>
> Um segredo de polichinelo é que muitos concursos públicos para professores
> universitários não são conduzidos da forma impessoal e neutra como
> idealmente deveriam ser. Amiúde ocorrem casos de favoritismo de
> determinados concorrentes com o resultado que nem sempre o melhor ou mais
> preparado é o escolhido. Este é um problema pouco discutido abertamente,
> pois mexe em interesses e estruturas de poder acadêmico. Entretanto, é
> mister enfrentarmos esta questão. Nós, professores universitários,
> intelectuais em geral, frequentemente acusamos os políticos de
> patrimonialismo, de usar o público como se fosse privado, e de deixar
> interesses privados se sobreporem ao público. Mas não será exatamente isso
> que ocorre nesses casos de favoritismo, nepotismo ou compadrio quando
> candidatos são favorecidos por estarem já conectados a alguma rede, grupo
> ou mesmo indivíduo local?
>
> <SW,-16>Outra razão por que é importante este problema ser sanado é a
> seguinte. Nós, os professores universitários, os intelectuais, somos uma
> espécie de “grilo falante” da sociedade, a consciência que pensa
> criticamente e aponta erros e caminhos. Se nós aceitarmos este tipo de
> “patrimonialismo” entre nós, como poderemos criticar os políticos por
> fazerem o mesmo?<SW>
>
> É claro que nem todos os concursos são corrompidos, muitos concursos são
> honestos e a grande maioria dos professores age honestamente. Mas há um
> mal-estar entre alguns de nós de que o número de concursos “arranjados”
> passa, talvez em muito, o nível do meramente esporádico.
>
> Mas como resolver este problema? É muito difícil. Em um concurso público
> para professor universitário as discussões são de um nível tão alto e
> abstrato que, muitas vezes, fica complicado para pessoas de fora da área
> compreender quem, por exemplo, fez uma “boa” ou “má” prova. Além disso, em
> vários países o problema se apresenta de outras formas.
>
> Esperar uma reação puramente endógena, espontaneamente surgida dos
> próprios professores já estabelecidos, parece irrealista. A maioria tem
> medo de mexer em um “vespeiro” desses que envolve tantos interesses e
> estruturas de poder acadêmico que podem deixar marcados qualquer eventual
> whistle blower “criador de problemas”.
>
> Um caminho diferente talvez seja possível. Aproveitando até o atual clima
> de insatisfação com todo tipo de corrupção no país, eu proporia a criação
> de um Movimento para Prevenção de Irregularidades em Concursos Públicos
> Acadêmicos, reunindo todas aquelas pessoas da área acadêmica e da sociedade
> civil que considerem ser este problema sério a ponto de merecer um
> tratamento em separado. Este grupo poderia estudar diferentes experiências
> mundiais no campo e propor medidas para tornar os concursos mais
> impessoais, impedindo “compadrios”.
>
> A partir daí este movimento deveria conclamar o Ministério da Educação a
> se juntar a esta batalha. Como é delicado para o ministério, formado por
> professores universitários, “investigar” a própria classe, o ministro da
> pasta poderia propor a criação de uma Comissão Independente para Propostas
> de Medidas para Prevenção de Irregularidades em Concursos Públicos
> Acadêmicos. Esta Comissão, a partir dos subsídios do movimento anterior, e
> ouvindo setores da sociedade civil e acadêmica, sugeriria uma série de
> medidas para melhoria nos concursos. E o Ministério da Educação (assim como
> faz em programas como o Reuni) poderia usar o estímulo de financiamentos
> extras para as universidades que adotarem os padrões mais seguros de
> concursos públicos com as novas medidas propostas. Ou seja, uma espécie de
> ISO 9000 de concursos como condição necessária para financiamentos
> acadêmicos adicionais.
>
> Acredito que a diminuição da corrupção em concursos seguirá o padrão da
> melhoria em nosso sistema eleitoral: passará por um esforço de
> centralização e padronização de processos. Na República Velha brasileira as
> eleições, locais e heterogêneas, eram extremamente corrompidas, com muitas
> fraudes eleitorais. Foi com a criação de uma justiça eleitoral central nos
> anos 1930, com padrões uniformes de segurança, que a situação começou a
> melhorar. Uma justiça eleitoral centralizada e independente até hoje é uma
> das razões dos nossos progressos nesta área. Igualmente, o Ministério da
> Educação deverá usar os incentivos que possui centralmente para estimular
> as universidades do Brasil a aderirem a este sistema mais seguro. Sem este
> estímulo mais centralizado de cima será difícil obter uma melhoria na
> situação de centenas de concursos fragmentados em estruturas locais de
> poder acadêmico, dispersas e independentes umas das outras. Uma das medidas
> que podem ser tentadas é criar a figura do “inspetor” nas bancas de
> concursos: um membro da banca (preferencialmente de fora da área do
> concurso, para evitar pressões) cujo principal papel seria de verificar que
> o processo está ocorrendo de acordo com os padrões de impessoalidade e sem
> favoritismos.
>
> *Sem cair na tentação da caça às bruxas
> *
> O principal é que, aproveitando o atual momento de repensar o Brasil,
> venha à tona para discussão este problema dos concursos acadêmicos. E que
> se crie um movimento para encaminhamento de propostas de solução. Este será
> o passo mais difícil.
>
> Finalmente, um dado que considero essencial. Em todos estes movimentos,
> acho que o importante é discutir apenas medidas institucionais para
> melhorar os concursos vindouros. De modo algum se deve cair na tentação da
> “caça às bruxas”, de buscar concursos no passado onde houve favoritismo.
> Isso só levaria a discussões de caráter pessoal, com dedos sendo apontados,
> mas com evidências difíceis de serem provadas. Em vez de perder tempo com
> mesquinharias pessoais do passado (o que dividiria o movimento e jogaria
> professor contra professor) deve-se concentrar em medidas institucionais,
> impessoais para melhorar os concursos do futuro. Considero este o caminho
> mais produtivo.
>
> *Angelo Segrillo é professor de História Contemporânea da Universidade de
> São Paulo*
>
>
> http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2013/07/27/a-corrupcao-nos-concursos-publicos-academicos-504814.asp
> *
> *
> --
> carlos palombini
> professor de musicologia ufmg
> proibidao.org
> ufmg.academia.edu/CarlosPalombini
> scholar.google.com.br/citations?user=YLmXN7AAAAA<http://scholar.google.com.br/citations?user=YLmXN7AAAAAJ>
>
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