[ANPPOM-Lista] Angelo Antônio Raphael: Grandmaster Raphael

Carlos Palombini cpalombini em gmail.com
Ter Fev 4 00:10:14 BRST 2014


2014-02-03 Fernanda Canaud <fernandacanaud em oi.com.br>:

  Querido Carlos Palombini e demais colegas
>
> Com todo respeito ao trabalho de todos, apenas como contribuição para
> reflexão e crítica. Eu considero que o Funk é o resultado de longos de
> falta de aulas de música nas escolas.
> Aliás, anos de aulas de música em escolas voltadas para a animação
> cultural. O professor de artes era o mesmo de música. Até a Xuxa tem
> carteira da Ordem dos Músicos.
> Acho que é uma manifestação artística pertinente e reconhecida como
> contribuição social, pois tirou muitos artistas da marginalidade e até da
> miséria. Porém eu não tenho conhecimento de um músico que tenha se tornado
> músico tendo aulas de Funk, ou compondo Funk.
> Eu mesma já fui convidada no Clube Democráticos , na Lapa, RJ, com músicos
> do Choro Funk http://youtu.be/7aq7CmS0aYU que fazem um excelente trabalho
> instrumental. Mas são músicos que já possuíam experiência e instrução
> musical e que ampliam seu leque de atividades criativas. O contrário ainda
> não vi acontecer.
> A minha discussão entre outras, é a relação entre o volume do som,  a
> lingua portuguesa jogada no lixo, e o efeito catarsis dos bailes Funk como
> legado americanizante, na construção do musicalmente edificante.
> Seria de fato uma busca do novo fazer musical, ou a necessidade de estar
> na mídia como meio para o auto reconhecimento de cidadania ?
> Já tentei diversas vezes gostar, mas de fato não consigo. E é um mercado
> que gera um salário de 120 mil reais por mês a muitos "musicos compositores
> e artistas" do gênero, que  atualmente, atingiu diversos subgêneros: Funk
> Gospel, Funk Paulista, Choro Funk, Funk Ostentação, Funk Periferia, Funk
> Anita, Funk Soul , etc, etc, etc.
>
> Daleste era ligado ao estilo conhecido como "funk ostentação" ou "funk
> paulista", que mistura a batida do funk carioca com letras sobre bens
> materiais. Em vez de ousadias sexuais, os temas são artigos de preços
> altos: carros, motos, óculos, roupas e bebidas. No início da carreira, o
> funkeiro causou polêmica ao cantar o estilo chamado de "proibidão", com
> letras que fazem referência a atos de violência, sexo e drogas, como a
> música "Apologia", com o trecho "matar os policia é a nossa meta". Nas
> redes sociais, músicos lamentaram a morte e pedem o ato 'funk acordou'.
>
> Solicito o ato A educação musical no Brasil acordou.
>
> Obrigada pela oportunidade,
>
> Fernanda Canaud
>

Desculpe, mas eu enviei um texto (que obviamente não foi lido), e não um
pretexto. De modo análogo, mas muito mais sórdido, você transforma a
execução do MC Daleste num mero estratagema retórico para um
pseudo-ativismo de gabinete ao solicitar o ato "A educação musical no
Brasil acordou". Ao criminalizar a vítima do modo mais leviano possível,
você se torna, você mesma, cúmplice do crime. A educação musical no Brasil,
tanto quanto posso julgar pelo que você escreve, não está dormindo: o
ouvido não tem pálpebras, e portanto não nos tornamos surdos no sono.

Sem mais, saudações cordiais!

-- 
carlos palombini
professor de musicologia ufmg
proibidao.org
ufmg.academia.edu/CarlosPalombini
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