[ANPPOM-Lista] o villa-lobos de guérios - e Graça Aranha?

Marcus S. Wolff m_swolff em hotmail.com
Qui Jan 9 00:54:33 BRST 2014


Prezado maestro Antunes,que bom que seu comentário reforça o que escrevi no meu artigo publicado no 2o. Simpósio Villa-Lobos. Agradeço sua colaboração.Quanto a Graça Aranha, devo dizer ao Palombini que não creio que a proposta de integração da cultura à natureza, o que era visto como um enraizamento da cultura brasileira, se deva aos contatos de Aranha comas vanguardas europeias, apesar dele (como se lê na wikipedia) ter viajado bastante devido a seu posto diplomático, mas sim à formação que teve na faculdade de direito de Recife, onde conheceu os expoentes da chamada Escola de Recife, berço de uma produção filosófica desde o final do XIX, que contou com a participação de Clovis Bevilaqua, Joaquim Nabuco e outros. Então, eu volto a insistir no que falei pro Wander que a gente precisa desconstruir certos rótulos construídos por uma historiografia datada e compreender melhor a riqueza da obra e do pensamento desses caras! abraços,Marcus Wolff.

Date: Wed, 8 Jan 2014 12:11:09 -0200
From: antunes em unb.br
To: cpalombini em gmail.com
CC: anppom-l em iar.unicamp.br
Subject: Re: [ANPPOM-Lista] o villa-lobos de guérios

Oi,
Antes de 1923?Mas é óbvio!A Lenda do Caboclo, composta em 1920, foi estreada no ano seguinte (1921), por Iberê Lemos, a quem a peça é dedicada, no Teatro São Pedro de Porto Alegre: exatamente no dia 13 de junho de 1921.

Em 1922 Villa fez uma versão da Lenda do Caboclo para orquestra. Infelizmente essa partitura para orquestra está extraviada.
Feliz 2014 para todos e todas colegas da ANPPOM,

Jorge Antunes

Em 8 de janeiro de 2014 02:34, Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com> escreveu:

Marcus,



obrigado por suas colocações. Que bom que o Dil Fonseca nos trouxe esses dados sobre a "Lenda do Caboclo" que corroboram o que eu havia afirmado anteriormente sobre a apresentação dessa peça antes de 1923... (ano do contato com Cocteau em Paris).


Sim, fico feliz em ter contribuído com uma evidência em favor de seu argumento, ainda que, no match Guérios vs Wolff, eu torça pelo primeiro. 



 Fora a questão da alteração das datas de composição de algumas obras, como indica Jorge Coli, é bom sair um pouco do âmbito estritamente musical e lembrar que Villa conhecia Graça Aranha, cuja "Estética da Vida" (1921), já pregava a integração da cultura ao "solo" da nação. Como vc deve ter lido, defendo no artigo que apresentei no 2o Simpósio Villa-Lobos que  "O legado de Graça Aranha foi fundamental para essa retomada da questão
da brasilidade e assim, para a reviravolta que o modernismo sofreu a partir de
1924, quando a descoberta da brasilidade tornou-se seu ponto central, que assim
convergiu para aquilo que passou a ser valorizado pela vanguarda francesa após
a Primeira Guerra".  Isso não nega a tal influência da vanguarda francesa - 2 coisas que convergiram no sentido da construção de representações da nação através das artes.


Confesso que uma das coisas de que mais gostei em seu artigo foi ler os excertos de Graça Aranha. Fui portanto olhar agora na Wikipedia (will you pardon me?) quem teria sido esse Graça Aranha, e veja o que encontrei:



Devido aos cargos que ocupou na diplomacia brasileira em países europeus, ele esteve a par dos movimentos vanguardistas que surgiam na Europa, tendo tentado introduzi-los, à sua maneira, na literatura brasileira, rompendo com a Academia Brasileira de Letras por isso em 1924.



 Acho que muita coisa precisa ser ainda investigada para que com base na análise dos documentos, possamos reinterpretar o "gênio", vc não acha? 


Sem dúvida. Fazemos muitas interpretações (quando não exibição de opiniões) sem ter antes realizado a "Musicologia positivista" necessária.


 PS - espero que vc não se importe de eu postar essa minha resposta (repensada após a contribuição do Dil que trabalha no Museu Villa-Lobos) na lista de etno na lista da ANPPOM já que agora tem mais gente entrando no debate.



Claro que não! O Dil fez o que qualquer um que queira ir além do "não pretendo escrever sobre o assunto, mas..." deveria ter feito: apresentar os documentos que embasam o argumento (no caso, alheio).



Abraço,

Carlos



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