[ANPPOM-Lista] RES: o villa-lobos de guérios

Rubens Ricciardi rrrr em usp.br
Qui Jan 9 02:27:40 BRST 2014


Caro Prof. Antunes,

Então quer dizer que Villa-Lobos foi moderno (naquela época se dizia
“futurista”) e já compunha brasilidades antes mesmo da Semana de 1922, não
obstante o neocronologismo suspeitoso?

Abs, com a admiração de sempre,

Rubens R. Ricciardi

 

De: anppom-l-bounces em iar.unicamp.br [mailto:anppom-l-bounces em iar.unicamp.br]
Em nome de Jorge Antunes
Enviada em: quarta-feira, 8 de janeiro de 2014 12:11
Para: Carlos Palombini
Cc: anppom-l em iar.unicamp.br
Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] o villa-lobos de guérios

 

Oi,

 

Antes de 1923?

Mas é óbvio!

A Lenda do Caboclo, composta em 1920, foi estreada no ano seguinte (1921),
por Iberê Lemos, a quem a peça é dedicada, no Teatro São Pedro de Porto
Alegre: exatamente no dia 13 de junho de 1921.

 

Em 1922 Villa fez uma versão da Lenda do Caboclo para orquestra.
Infelizmente essa partitura para orquestra está extraviada.

 

Feliz 2014 para todos e todas colegas da ANPPOM,

 

Jorge Antunes

 

Em 8 de janeiro de 2014 02:34, Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>
escreveu:

Marcus,

 

obrigado por suas colocações. Que bom que o Dil Fonseca nos trouxe esses
dados sobre a "Lenda do Caboclo" que corroboram o que eu havia afirmado
anteriormente sobre a apresentação dessa peça antes de 1923... (ano do
contato com Cocteau em Paris).

 

Sim, fico feliz em ter contribuído com uma evidência em favor de seu
argumento, ainda que, no match Guérios vs Wolff, eu torça pelo primeiro. 

 

 Fora a questão da alteração das datas de composição de algumas obras, como
indica Jorge Coli, é bom sair um pouco do âmbito estritamente musical e
lembrar que Villa conhecia Graça Aranha, cuja "Estética da Vida" (1921), já
pregava a integração da cultura ao "solo" da nação. Como vc deve ter lido,
defendo no artigo que apresentei no 2o Simpósio Villa-Lobos que  "O legado
de Graça Aranha foi fundamental para essa retomada da questão da brasilidade
e assim, para a reviravolta que o modernismo sofreu a partir de 1924, quando
a descoberta da brasilidade tornou-se seu ponto central, que assim convergiu
para aquilo que passou a ser valorizado pela vanguarda francesa após a
Primeira Guerra".  Isso não nega a tal influência da vanguarda francesa - 2
coisas que convergiram no sentido da construção de representações da nação
através das artes.

 

Confesso que uma das coisas de que mais gostei em seu artigo foi ler os
excertos de Graça Aranha. Fui portanto olhar agora na Wikipedia (will you
pardon me?) quem teria sido esse Graça Aranha, e veja o que encontrei:

Devido aos cargos que ocupou na diplomacia brasileira em países europeus,
ele esteve a par dos movimentos vanguardistas que surgiam na Europa, tendo
tentado introduzi-los, à sua maneira, na literatura brasileira, rompendo com
a Academia Brasileira de Letras por isso em 1924.


 

Acho que muita coisa precisa ser ainda investigada para que com base na
análise dos documentos, possamos reinterpretar o "gênio", vc não acha? 

 

Sem dúvida. Fazemos muitas interpretações (quando não exibição de opiniões)
sem ter antes realizado a "Musicologia positivista" necessária.

 

PS - espero que vc não se importe de eu postar essa minha resposta
(repensada após a contribuição do Dil que trabalha no Museu Villa-Lobos) na
lista de etno na lista da ANPPOM já que agora tem mais gente entrando no
debate.

 

Claro que não! O Dil fez o que qualquer um que queira ir além do "não
pretendo escrever sobre o assunto, mas..." deveria ter feito: apresentar os
documentos que embasam o argumento (no caso, alheio).

Abraço,

Carlos


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