[ANPPOM-Lista] o villa-lobos de guérios

Jorge Antunes antunes em unb.br
Qui Jan 9 10:15:22 BRST 2014


Oi, Rubens:

Mas é claro!
A brasilidade e a modernidade de Villa existiu desde o momento em que a mãe
dele pariu ele.
Ele participou da Semana de 22 como gaiato, solicitado, pressionado,
convocado, implorado: ele não tinha nada a ver com aquele pessoal.
Mas os “semanistas” precisavam de sua presença e participação para que o
evento ganhasse respeitabilidade.
Quando o pobre Villa entrou no palco com o pé engessado, a plateia pensou
que o apetrecho de gesso fazia parte de um modernismo performático.
Abraço,
Jorge Antunes




Em 9 de janeiro de 2014 02:27, Rubens Ricciardi <rrrr em usp.br> escreveu:

>  Caro Prof. Antunes,
>
> Então quer dizer que Villa-Lobos foi moderno (naquela época se dizia
> “futurista”) e já compunha brasilidades antes mesmo da Semana de 1922, não
> obstante o neocronologismo suspeitoso?
>
> Abs, com a admiração de sempre,
>
> Rubens R. Ricciardi
>
>
>
> *De:* anppom-l-bounces em iar.unicamp.br [mailto:
> anppom-l-bounces em iar.unicamp.br] *Em nome de *Jorge Antunes
> *Enviada em:* quarta-feira, 8 de janeiro de 2014 12:11
> *Para:* Carlos Palombini
> *Cc:* anppom-l em iar.unicamp.br
> *Assunto:* Re: [ANPPOM-Lista] o villa-lobos de guérios
>
>
>
> Oi,
>
>
>
> Antes de 1923?
>
> Mas é óbvio!
>
> A *Lenda do Caboclo*, composta em 1920, foi estreada no ano seguinte
> (1921), por Iberê Lemos, a quem a peça é dedicada, no Teatro São Pedro de
> Porto Alegre: exatamente no dia 13 de junho de 1921.
>
>
>
> Em 1922 Villa fez uma versão da *Lenda do Caboclo *para orquestra.
> Infelizmente essa partitura para orquestra está extraviada.
>
>
>
> Feliz 2014 para todos e todas colegas da ANPPOM,
>
>
>
> Jorge Antunes
>
>
>
> Em 8 de janeiro de 2014 02:34, Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>
> escreveu:
>
> Marcus,
>
>
>
>   obrigado por suas colocações. Que bom que o Dil Fonseca nos trouxe
> esses dados sobre a "Lenda do Caboclo" que corroboram o que eu havia
> afirmado anteriormente sobre a apresentação dessa peça antes de 1923...
> (ano do contato com Cocteau em Paris).
>
>
>
> Sim, fico feliz em ter contribuído com uma evidência em favor de seu
> argumento, ainda que, no *match* Guérios vs Wolff, eu torça pelo
> primeiro.
>
>
>
>     Fora a questão da alteração das datas de composição de algumas obras,
> como indica Jorge Coli, é bom sair um pouco do âmbito estritamente musical
> e lembrar que Villa conhecia Graça Aranha, cuja "Estética da Vida" (1921),
> já pregava a integração da cultura ao "solo" da nação. Como vc deve ter
> lido, defendo no artigo que apresentei no 2o Simpósio Villa-Lobos que  "O
> legado de Graça Aranha foi fundamental para essa retomada da questão da
> brasilidade e assim, para a reviravolta que o modernismo sofreu a partir de
> 1924, quando a descoberta da brasilidade tornou-se seu ponto central, que
> assim convergiu para aquilo que passou a ser valorizado pela vanguarda
> francesa após a Primeira Guerra".  Isso não nega a tal influência da
> vanguarda francesa - 2 coisas que convergiram no sentido da construção de
> representações da nação através das artes.
>
>
>
> Confesso que uma das coisas de que mais gostei em seu artigo foi ler os
> excertos de Graça Aranha. Fui portanto olhar agora na Wikipedia (*will
> you pardon me?*) quem teria sido esse Graça Aranha, e veja o que
> encontrei:
>
> Devido aos cargos que ocupou na diplomacia brasileira em países europeus,
> ele esteve a par dos movimentos vanguardistas que surgiam na Europa, tendo
> tentado introduzi-los, à sua maneira, na literatura brasileira, rompendo
> com a Academia Brasileira de Letras por isso em 1924.
>
>
>
>
>    Acho que muita coisa precisa ser ainda investigada para que com base
> na análise dos documentos, possamos reinterpretar o "gênio", vc não acha?
>
>
>
> Sem dúvida. Fazemos muitas interpretações (quando não exibição de
> opiniões) sem ter antes realizado a "Musicologia positivista" necessária.
>
>
>
>   PS - espero que vc não se importe de eu postar essa minha resposta
> (repensada após a contribuição do Dil que trabalha no Museu Villa-Lobos) na
> lista de etno na lista da ANPPOM já que agora tem mais gente entrando no
> debate.
>
>
>
> Claro que não! O Dil fez o que qualquer um que queira ir além do "não
> pretendo escrever sobre o assunto, mas..." deveria ter feito: apresentar os
> documentos que embasam o argumento (no caso, alheio).
>
> Abraço,
>
> Carlos
>
>
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