[ANPPOM-Lista] Número especial sobre Music and Shape - Empirical Musicology Review

Damián Keller musicoyargentino em gmail.com
Qua Jan 22 13:39:05 BRST 2014


Silvio,

Tua descrição dos pareceres é justa.

> O que temos hoje é avaliações desrespeitosas... eu mesmo me constranjo um
pouco em enviar artigos que trazem debates mais arrojados e que caem em
mãos impiedosas, invejosas e por vezes até mal intencionadas (negando
artigos ou projetos que depois aparecem como que misteriosamente em mãos
alheias).

Se serve de consolo, não é só no âmbito brasileiro que acontece essa
modalidade de plágio. Lembro de ter enviado em 2001 um projeto sobre
modelos de síntese embasados no estudo das ruínas de Chavín de Huántar para
o comitê de humanidades de Stanford. O projeto foi rejeitado.
Surpreendentemente, um tempo depois, um conhecido professor dessa
universidade divulgou os resultados da sua pesquisa sobre Chavín de Huántar.

> Talvez os pareceres cegos sirvam ainda para avaliação de trabalhos de
estudantes... mas mesmo assim é bobagem se 100% dos pareceres que damos
para as agências não é cego.

Acho que vale a pena diferenciar entre duplo cego e parecer anônimo. No
caso das agências de fomento, o avaliador não é identificado mas o
proponente é. Como o percurso acadêmico do coordenador da proposta é parte
da avaliação, o formato duplo cego é complicado de implementar. Nesse caso,
a avaliação da produção anterior deveria ficar nas mãos de um técnico. Para
isso seria necessário ter um Qualis que realmente mostre o impacto da
produção. Um indicador inicial que está sendo usado por vários
pesquisadores é o índice-h. Esse indicador geral pode ser complementado com
dados mais específicos, na linha dos que você já propôs aqui na lista
(apresentações internacionais, nacionais, regionais, etc.).

> Talvez com este respeito que acredito seja o que Martha também está
procurando, as leituras cegas... que muitas vezes se revelam em pareceres
também cegos, míopes, vesgos... possam dar lugar às leituras transparentes.
Os pareceres transparentes em que sabe-se quem leu, sabe-se o que se leu, e
antes da publicação dá-se o debate... Isto seria dar um passo.

Com certeza. Esse formato funciona muito bem nas revistas de acesso aberto
e poderia ser aplicado também no processo de seleção nos eventos. Para
evitar personalizar os comentários, podem ser usados <grupos de avaliação>
em lugar de pareceristas isolados, de forma similar ao que acontece nas
bancas de concurso. Ao ter pareceres públicos, evitaríamos o tipo de
baixaria frequente nos pareceres anônimos isolados. Mas ao mesmo tempo,
evitaríamos o constrangimento de individualizar a rejeição ou a aprovação
da proposta.

> O mesmo deveria ser pensado para os foruns de composição.

A situação atual na avaliação de trabalhos artísticos é muito pior. Não são
colocadas (nem exigidas) referências ao estado da arte nas subáreas.
Raramente são documentados de forma precisa os métodos de trabalho ou os
mecanismos validação. Fora a escolha ou o gosto pessoal, não temos
critérios para discutir os resultados artísticos.

Abraços,
Damián


Dr. Damián Keller | ccrma.stanford.edu/~dkeller
NAP | sites.google.com/site/napmusica


2014/1/21 silvio ferraz <silvioferrazmello em gmail.com>

> De fato... um dia deveríamos chegar à maturidade de ter que pesquisadores
> seniores, gente que vem produzindo há 20 anos, raramente escrevem bobagem e
> quando aparentemente o fazem é pq estão em busca de algo que talvez aponte
> um novo caminho e que este poderá ser a saída para muitos jovens (que por
> fim darão os lastros necessários ao insight de um sênior).
> O que temos hoje é avaliações desrespeitosas... eu mesmo me constranjo um
> pouco em enviar artigos que trazem debates mais arrojados e que caem em
> mãos impiedosas, invejosas e por vezes até mal intencionadas (negando
> artigos ou projetos que depois aparecem como que misteriosamente em mãos
> alheias).
> Talvez com este respeito que acredito seja o que Martha também está
> procurando, as leituras cegas... que muitas vezes se revelam em pareceres
> também cegos, míopes, vesgos... possam dar lugar às leituras transparentes.
> Os pareceres transparentes em que sabe-se quem leu, sabe-se o que se leu, e
> antes da publicação dá-se o debate...
> Isto seria dar um passo.
> Talvez os pareceres cegos sirvam ainda para avaliação de trabalhos de
> estudantes... mas mesmo assim é bobagem se 100% dos pareceres que damos
> para as agências não é cego.
> O mesmo deveria ser pensado para os foruns de composição.
> Abs
> Silvio
>
>
-------------- Próxima Parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: <http://www.listas.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20140122/6c335517/attachment.html>


Mais detalhes sobre a lista de discussão Anppom-L