[ANPPOM-Lista] atribuição de "mulato calado"

Alexandre Negreiros alexandrenegreiros em yahoo.com.br
Qui Fev 19 16:35:37 BRST 2015


Oi Climério e todos,

Creio que até a “Coligação", e depois o “SDDA (Serviço de Distribuição de Direitos Autorais)", as duas tentativas autônomas de unificação pré-ECAD que tivemos, a competição grassava entre as sociedades, exigindo esse tipo de manobra. Embora o mais comum fosse o autor restringir-se a parceiros de sua própria sociedade. Com os militares, a partir da lei de 73 (e a implantação em 76) a baixaria só deixou de ser tão visível, mas a centralização solucionou a possibilidade de combinação entre filiados em diferentes sociedades. 

Lembro que este é um problema essencialmente brasileiro e estadunidense, onde há mais de uma sociedade para o mesmo tipo de obra (no caso, musical) Sendo que, nos EUA, há uma espécie de termo de ajuste de conduta (que lá se chama "consent decree") assinados pelas duas maiores com o DOJ em que ambas tornam-se submetidas às mesmíssimas regras, aprovação de preços e mecanismos de transparência determinadas por um tribunal (um federal district) no sul de Manhatan, que é quem dá as cartas por lá junto com o Copyright Office e o Copyright Royalty Board. O Brasil é o único em que sociedades competem, e o único sem regulação pública.

O livro da Rita de Cássia Morelli ("Arrogantes, Anônimos, Subversivos: interpretando o acordo e a discórdia na tradição autoral brasileira") é rico em esclarecimentos sobre essa realidade vivida até o final da década de 1980, apesar dela basear boa parte de sua análise apenas nos boletins da SBACEM para a maior parte do período que analisa. Autores ficavam meio que presos às associações (como ainda hoje) por estas funcionarem como agentes financeiros, oferecendo adiantamentos que por vezes atingiam algum à beira do ostracismo, o que o deixava incapaz de se livrar.

Mandei uma mensagem anterior com uma busca que fiz por “Mulato Calado” no banco de dados do ECAD, mas não vi chegar na lista…mandarei outra vez.

Abcs!
Alexandre


> Em 19/02/2015, à(s) 11:44, climério de oliveira santos <zabumba2 em gmail.com> escreveu:
> 
> Olá, Carlos e demais interessados.
> 
> Ventilaram cá os meus botões: Talvez tenha ocorrido algo parecido com a canção "Chiclete com banana", assinada oficialmente por Almira Castilho e Gordurinha, mas composta pelos autores oficiais juntamente com Jackson do Pandeiro (parceiro de trabalho e marido de Almira). A biografia de Jackson escrita por F. Moura e Zé Vicente traz um longo depoimento de Almira Castilho que menciona o caso de "Chiclete com banana" e ainda explica porque assinava algumas canções de Jackson e vice-versa: 
> 
> "Eu não podia assinar composição com Jackson, ele era da UBC e eu da SBACEM. Como tudo o que fazíamos era em conjunto, quando aparecia algum parceiro, ora registrava ele, ora eu, dependendo da sociedade do camarada..." (MOURA & VICENTE, 2001:268).
> 
> Teria o caso de "Mulato calado" algo a ver com essa ocorrência de "Chiclete com banana"?
> 
> Abraços,
> 
> Climério de Oliveira.
> 
> 
> Em 16 de fevereiro de 2015 14:43, Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com <mailto:cpalombini em gmail.com>> escreveu:
> 
> ​Alguém saberia me dizer com que base "Mulato calado" é atribuído a Wilson Batista? No acervo do Instituto Moreira Salles, a gravação, por Aracy de Almeida, em 1947, aparece como de autoria de Benjamin Batista e Marina Batista (acervo Franceschi). No acervo Tinhorão do IMS, a partitura impressa, também de 1947, aparece como de Benjamin Batista.
> 
> O livro Wilson Batista e sua época, de Bruno Ferreira Gomes (Funarte, 1985), não cita a música, mas também não fala dos dons musicais de Marina Silva Batista, esposa do compositor, e, para completar, ainda chama um amigo deste, de "o 'Mulato Calado'". 
> 
> Por fim, também em 1985, a Funarte lança um LP em cujo selo "Mulato calado" aparece como de Marina Baptista e Benjamin Baptista, mas o LP se chama Wilson Batista, e, no encarte, Jairo Severiano afirma que, em "Mulato calado" substituiu-se "o nome do autor pelos de Benjamin e Marina Baptista, respectivamente, seu tio e esposa". Severiano diz ainda que Wilson Batista "deixou viúva (D. Marina Baptista) e três filhos, que não herdariam suas qualidades artísticas."​ Em seu último livro, Severiano cita "Mulato calado" como de Wilson Batista pura e simplesmente, mas não fornece maiores explicações.
> 
> -- 
> carlos palombini
> professor de musicologia ufmg
> professor colaborador ppgm-unirio
> ufmg.academia.edu/CarlosPalombini <http://goo.gl/KMV98I>
> www.researchgate.net/profile/Carlos_Palombini2 <http://www.researchgate.net/profile/Carlos_Palombini2>
> 
> ________________________________________________
> Lista de discussões ANPPOM
> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l <http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l>
> ________________________________________________
> 
> 
> 
> -- 
> Climério de Oliveira Santos
> 
> (81) 9945-9434
> 
> Aguardo sua resposta.
> ________________________________________________
> Lista de discussões ANPPOM
> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
> ________________________________________________

-------------- Próxima Parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: <http://www.listas.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20150219/ed064c9e/attachment.html>


Mais detalhes sobre a lista de discussão Anppom-L