[ANPPOM-Lista] o globo defende o fim da universidade pública

Guilherme Sauerbronn guisauer em gmail.com
Sex Jul 29 09:58:18 BRT 2016


Obrigado Marcos,

Espero que os que ainda pensam "fora Dilma" - pois muitos já não têm mais
coragem de gritar em voz alta - estejam pelo menos começando a enxergar
essa enorme falácia construída paulatinamente pela Veja, pela Globo, pelas
agências de avaliação de risco internacionais, pelos programas de campanha
política do PSDB. Sem essa clareza e um esforço conjunto em defesa do
ensino público não teremos chance...

abraços

Guilherme

Em 27 de julho de 2016 11:53, <mcamara em usp.br> escreveu:

> Gustavo Castañon desmonta editorial do Globo contra universidade pública:
> Farsa, do título ao último pagrágafo
> 26 de julho de 2016 às 17h06
>
> Editoral de O Globo pelo fim do ensino gratuito por Gustavo Castañon,
> especial para o Viomundo
>
> No último domingo, 24 de julho, menos de uma semana após a presidenta do
> Chile, Michelle Bachelet, ter instituído a gratuidade do ensino
> universitário em instituições públicas (antiga luta da juventude lá), o
> jornal O Globo, sempre na vanguarda do atraso brasileiro, publicou
>  editorial  no sentido oposto.
>
> Sofismas e mentiras. Uma farsa do início ao fim, que vamos desmontar aqui,
> parágrafo por parágrafo. Começando pelo título:
>
> A crise força é o fim do injusto sistema tributário brasileiro e do saque
> da dívida pública que roubou ano passado 43% do orçamento, baseado nos
> juros mais altos do mundo. Sistema esse do qual a família Marinho é uma das
> principais beneficiárias.
>
> Globo: “Os alunos de renda mais alta conseguem ocupar a maior parte das
> vagas nos estabelecimentos públicos, enquanto aos pobres restam as
> faculdades pagas.”
>
> A maior parte das vagas é ocupada por alunos de classe média, que também
> não teriam, em grande parte, condições de pagar por essas vagas.
>
> Mas agora, com a política de cotas, praticamente metade das vagas federais
> está sendo ocupada por alunos de classe média baixa e baixa. Além disso, é
> o Estado que, infelizmente, subsidia grande parte das vagas nas
> universidades privadas.
>
> Globo: “Numa abordagem mais ampla dos efeitos da maior crise fiscal de que
> se tem notícia na história republicana do país, em qualquer discussão sobre
> alternativas a lógica aconselha a que se busquem opções para financiar
> serviços prestados pelo Estado. Considerando-se que a principal fórmula
> usada desde o início da redemocratização, em 1985, para irrigar o Tesouro —
> a criação e aumento de impostos — é uma via esgotada.”
>
> Afirmações peremptórias sem qualquer fundamento:
>
> a) Não é a maior crise fiscal da história (e temos notícias de todas).
>
> b) Ridícula afirmação peremptória de que aumentar imposto é via esgotada
> para financiar o Estado. É inadequada se for aumentar impostos para a
> classe média e empresas. É fundamental aumentar, e massivamente, a taxação
> de ricos no Brasil, que basicamente vivem no paraíso mundial dos oligarcas
> sem pagar impostos e muitas vezes só vivendo do saque da dívida pública,
> montados nas heranças que receberam sem mérito algum.
>
> Globo: “Mesmo quando a economia vier a se recuperar, será necessário
> reformar o próprio Estado, diante da impossibilidade de se manter uma carga
> tributária nos píncaros de mais de 35% do PIB, o índice mais elevado entre
> economias emergentes, comparável ao de países desenvolvidos, em que os
> serviços públicos são de boa qualidade. Ao contrário dos do Brasil.”
>
> Sim, o Estado precisa ser reformado. Ele precisa duplicar de tamanho se
> queremos serviços equivalentes aos dos países europeus. Mesmo assim, eles
> ainda teriam que ser oferecidos consumindo quatro vezes menos recursos.
>
> Explico. O funcionalismo brasileiro é mínimo, só 11% da população
> empregada, enquanto a média dos países desenvolvidos é de 22% (OCDE) e nos
> escandinavos, como a Dinamarca, chega a 39%. Ao mesmo tempo, nossa carga
> tributária é baixa se comparada com a Europa (Dinamarca, 49%; Suécia, 43%;
> Finlândia, 44%; dados de 2013, OCDE), e não equivalente.
>
> Além disso, nossa riqueza, nossa renda per capita, é menor, brutalmente
> menor. Um brasileiro médio produz U$ 8.672 por ano. Já um norueguês produz
> U$ 74.822. Um dinamarquês, para manter o termo de comparação, produz U$
> 52.114 (dados FMI, 2015).
>
> Resumindo, somos seis vezes menos ricos que a Dinamarca, cobramos muito
> menos impostos dessa riqueza, temos menos gente no funcionalismo público e
> 43% de nosso orçamento vão para financiar a fortuna de parasitas rentistas,
> Marinhos inclusos. Na Dinamarca, zero.
>
> Enquanto o Estado brasileiro tem em torno de U$ 1.730 por pessoa-ano para
> prover investimento, educação, saúde, previdência, justiça e segurança, o
> Estado dinamarquês tem U$ 25.535 por pessoa. E esses saqueadores do erário
> ainda cobram o mesmo padrão de serviços de países europeus.
>
> Globo: “Para combater uma crise nunca vista, necessita-se de ideias nunca
> aplicadas. Neste sentido, por que não aproveitar para acabar com o ensino
> superior gratuito, também um mecanismo de injustiça social? Pagará quem
> puder, receberá bolsa quem não tiver condições para tal. Funciona assim, e
> bem, no ensino privado. E em países avançados, com muito mais centros de
> excelência universitária que o Brasil.”
>
> Quando qualquer pessoa com mais de quarenta anos lê alguém com mais de
> quarenta anos falando de “crise nunca vista” sabe instantaneamente se
> tratar de um canalha.
>
> Mas é verdade, a crise que o Levy, com essas ideias, e os bandidos do PMDB
> provocaram com as molecagens políticas e orçamentárias é grave. Podemos
> aplicar a ideia nunca aplicada no Brasil de fazer rico pagar imposto.
>
> Nada que uma nova alíquota de 40% no imposto de renda, imposto sobre lucro
> e sobre fortunas não resolva. Ou melhor que isso. Nada que uma taxa de
> juros real de somente dois por cento não resolva.
>
> Na Inglaterra e EUA funciona como o Globo quer, no resto da Europa, não.
> Não é isso que faz a excelência dos cursos anglófonos. No entanto, apesar
> de excelentes, são de acesso extremamente excludente e criam uma sociedade
> totalmente controlada pelo capital. O aluno pobre de alto rendimento
> acadêmico, em vez de receber sua educação como um direito, acaba tendo que
> mendigar o financiamento de seu futuro a fundações controladas por
> oligarcas bilionários, que a partir desses instrumentos controlam suas
> vidas, sua voz e o sistema universitário.
>
> Globo: “Tome-se a maior universidade nacional e mais bem colocada em
> rankings internacionais, a de São Paulo, a USP — também um monumento à
> incúria administrativa, nos últimos anos às voltas com crônica falta de
> dinheiro, mesmo recebendo cerca de 5% do ICMS paulista, a maior arrecadação
> estadual do país.”
>
> Como é que a única universidade latino-americana entre as 100 melhores do
> mundo pode ser um monumento à incúria administrativa? E no que privatizá-la
> resolveria isso?
>
> Não é difícil imaginar o resultado da incompetência privada no Brasil,
> como transformou a energia mais barata e renovável do mundo em uma das mais
> caras ao consumidor final, como criou a telefonia e a internet mais caras
> do mundo, mesmo com subsídios públicos (e faliu, como a Oi). O que teríamos
> na universidade pública é o que temos na universidade privada hoje: nem é
> preciso imaginar. Incompetência administrativa, subsídios públicos (Prouni,
> bolsas de pós), mensalidades escorchantes e péssimo, péssimo simulacro de
> educação.
>
> Globo: “Ao conjunto dos estabelecimentos de ensino superior público do
> estado de São Paulo — além da USP, a Unicamp e a Unifesp — são destinados
> 9,5% do ICMS paulista. Se antes da crise econômica, a USP, por exemplo, já
> tinha dificuldades para pagar as contas, com a retração das receitas
> tributárias o quadro se degradou. A mesma dificuldade se abate sobre a
> Uerj, no Rio de Janeiro, com o aperto no caixa fluminense.”
>
> O ICMS é só uma das fontes de receita do Estado e a Unifesp é federal. São
> informações sem nexo para confundir o leitor e fazê-lo acreditar que 10% de
> seus impostos vão para bancar universidades.
>
> No Brasil, o orçamento da educação inteira, incluindo a básica e a média,
> não atinge 4% do orçamento. É muito, muito pouco.
>
> Se a UERJ está em crise é porque a universidade é, historicamente, a
> primeira a sofrer cortes quando os orçamentos estão em crise. E o orçamento
> do Rio está em crise porque o preço do barril do petróleo caiu brutalmente,
> deprimindo o valor dos royalties, tem um grupo político apoiado pelos
> irmãos Marinho no poder há dez anos dando isenções fiscais para
> concessionárias públicas, e porque a ação do juiz Moro, bancado pela Globo,
> quebrou a indústria de petróleo e a de construção naval brasileira,
> sediadas basicamente no Rio.
>
> Globo: “Circula muito dinheiro no setor. Na USP, em que a folha de
> salários ultrapassa todo o orçamento da universidade, há uma reserva,
> calculada no final do ano passado em R$ 1,3 bilhão. Mas já foi de R$ 3,61
> bilhões. Está em queda, para tapar rombos na instituição. Tende a zero.”
>
> Vejam a manipulação. Universidade é basicamente recursos humanos. Em
> qualquer universidade, o orçamento é em sua maior parte salário. O problema
> é que a proporção recebida do ICMS é fixa e a arrecadação do Estado de São
> Paulo caiu.
>
> Aliás, o PIB paulista arrasta o nacional para trás desde que o PSDB
> assumiu o poder em São Paulo. Se o orçamento da instituição não está
> suportando, deve haver o natural, uma reforma administrativa que
> racionalize cursos, salários ou aumente os recursos dedicados no orçamento
> estadual. O que não se deve pressupor, é que uma instituição que, no alto
> dessa crise, ainda tem uma reserva de 1,3 bilhão, seja uma instituição mal
> administrada. É um escárnio!
>
> E o que se deve lembrar também, é que o período em que o fundo de reserva
> da USP despencou foi o período em que foi gerido por um reitor biônico,
> nomeado pelo ex-governador José Serra.
>
> Globo: “O momento é oportuno para se debater a sério o ensino superior
> público pago. Até porque é entre os mecanismos do Estado concentradores de
> renda que está a universidade pública gratuita. Pois ela favorece apenas os
> ricos, de melhor formação educacional, donos das primeiras colocações nos
> vestibulares.”
>
> Monstros. Esse é o ponto máximo do cinismo, apontar a universidade
> pública, um dos poucos instrumentos que permite à classe média brasileira
> manter seu nível de vida e à classe baixa ascender socialmente através dos
> programas de cotas, como “mecanismo concentrador de renda do Estado”.
> Enquanto isso, protegem em seus editoriais e telejornais a política mais
> insana de juros da história e vetam, neste mesmo editorial, o uso do
> instrumento mais eficiente de desconcentração de renda do Estado: o
> tributário.
>
> Globo: “Já o pobre, com formação educacional mais frágil, precisa pagar a
> faculdade privada, onde o ensino, salvo exceções, é de mais baixa
> qualidade. Assim, completa-se uma gritante injustiça social, nunca
> denunciada por sindicatos de servidores e centros acadêmicos.”
>
> Falso! Sempre foi denunciado, até que os governos do PT criaram o Prouni
> para as privadas e o sistema de cotas nas públicas, o mesmo sistema contra
> o qual o Globo se bate em outros editoriais. E na hora que interessa ao
> argumento, também admite que o ensino privado no país é de baixa qualidade.
> Mas é exatamente nisso que a Globo quer transformar todo ensino no Brasil!
>
> Globo: “Levantamento feito pela “Folha de S.Paulo”, há dois anos,
> constatou que 60% dos alunos da USP poderiam pagar mensalidades na faixa
> das cobradas por estabelecimentos privados. Quanto aos estudantes de
> famílias de renda baixa, receberiam bolsas.”
>
> Você, leitor bobalhão de classe média direitista, está nesses 60%. “Poder
> pagar” pra eles é quando você ainda pode comer e morar depois que deixa
> todo o resto de seu salário na universidade. É você, e depois seus filhos,
> que vão pagar por isso. Porque os filhos da elite não estudam aqui, a
> maioria estuda ou nas PUCs ou no exterior.
>
> Globo: “Além de corrigir uma distorção social, a medida ajudaria a
> equilibrar os orçamentos deficitários das universidades, e contribuiria
> para o reequilíbrio das contas públicas.”
>
> O que corrigirá essa distorção social é triplicar o orçamento da educação
> básica no Brasil e permitir educação pública de qualidade universal. O que
> corrigirá essa e outras distorções sociais no Brasil é fazer os ricos
> pagarem impostos. O que reequilibrará as contas públicas é parar de pagar
> aos irmãos Marinho e outros oligarcas parasitas metade de nossos impostos
> na forma de juros.
>
> Eu estou muito cansado de ter condescendência democrática com uma
> instituição que nunca respeitou a democracia, que não tem qualquer pudor em
> usar todo seu poder, usurpado na ditadura, para aumentar a riqueza de seus
> donos e destruir nossa democracia, nosso patrimônio, nosso Estado, nosso
> futuro.
>
> Eu tenho profunda amargura que familiares e amigos queridos dediquem sua
> vida de trabalho, o melhor de sua inteligência e esforços, a uma
> organização que só trabalha para destruir não só tudo o que é bom e decente
> no Brasil, mas também qualquer esperança de termos algo bom e decente em
> nosso futuro.
>
> Não podemos, no entanto, ser mais condescendentes com essa emissora e
> aqueles que a constroem. Está na hora de cobrar a fatura de tanta
> destruição.
>
> Nossa geração tem que acabar com essa corporação monstruosa. É nosso dever
> com o país e as gerações futuras.
>
> Gustavo Castañon é professor de Filosofia e Psicologia na Universidade
> Federal de Juiz de Fora.
>
> ------------------------------
>
> *De: *mcamara em usp.br
> *Para: *"luciano cesar" <lucianocesar78 em yahoo.com.br>
> *Cc: *"etnomusicologiabr" <etnomusicologiabr em yahoogrupos.com.br>,
> anppom-l em iar.unicamp.br
> *Enviadas: *Quarta-feira, 27 de Julho de 2016 8:54:11
>
> *Assunto: *Re: [ANPPOM-Lista] o globo defende o fim da universidade
> pública
>
> ... só acrescentando que uma interesssante narrativa sobre a criação da
> USP é o capítulo "São Paulo", de *Tristes trópicos*, de Lévy-Strauss.
>
> ------------------------------
>
> *De: *"luciano cesar" <lucianocesar78 em yahoo.com.br>
> *Para: *"Camila Zerbinatti" <camiladuze em gmail.com>, "Carlos Palombini" <
> cpalombini em gmail.com>
> *Cc: *"etnomusicologiabr" <etnomusicologiabr em yahoogrupos.com.br>,
> anppom-l em iar.unicamp.br
> *Enviadas: *Terça-feira, 26 de Julho de 2016 10:37:00
> *Assunto: *Re: [ANPPOM-Lista] o globo defende o fim da universidade
> pública
>
> Camila, fecho contigo, muito obrigado por seu comentário.
>
>    Sugiro, no entanto, um olhar mais aterrorizante:
>    A universidade "pública" brasileira, nunca foi pública. A USP, por
> exemplo, nasceu de uma doação (do espólio dos barões do café, doação feita
> pela famíglia de Armando Salles) daquele terreno gigante, com o intuito de
> abrigar alguns institutos (dentre eles, a Escola Politécnica, de
> engenharia, onde o próprio Armando se graduou) e criar a USP. Alguns
> humanistas estruturalistas da França "(i)lustraram" o empreendimento, que
> começou em 1930. 1930, atenção! Foi o ano seguinte ao da quebra da Bolsa,
> início de uma crise maior do que a de 2008, que impediu a classe dirigente
> de São Paulo de enviar seus filhos para estudarem fora, o que sempre foi
> feito antes, enquanto a exploração do Brasil e dos brasileiros continuava
> com critérios coloniais.
>     A USP foi, portanto, um projeto privado, que visava abrigar a formação
> superior dos descendentes da classe patrimonialista, dirigente e abastada.
> Armando Salles era sócio do jornal O Estado de São Paulo, e amigo de Julio
> de Mesquita Filho. A "dinastia" tem uns casamentos cruzados com os Marinho
> e com os Frias, da Folha de São Paulo, a mesma que, em setembro de 2014,
> divulgou meu salário de professor substituto e o de todos os colegas das
> estaduais paulistas como sendo de 7 mil e poucos reais, quando o valor em
> edital é de 1.560,00. O superfaturamento foi comparável em todas as
> categorias salariais.
>     Bem, as universidades federais, então... basta dizer que se
> proliferaram nos tempos da ditadura, em campus de Minas, Goiás,
> concorrentes simbólicos e econômicos clássicos da classe dirigente de São
> Paulo.
>    Ou seja, nunca houve uma campanha para privatizar o ensino. A campanha
> é para publicizá-lo.
>    Isso me arrepia a nuca.
>    Alguém topa se manifestar contra esse editorial? Se não fizermos algum
> barulho, o discurso se acomoda...
>
>    Antes que se levantem as vozes fáusticas: o editorial do Globo tem
> dados errados, mesmo se analisados sob uma ótica neoliberal: qualquer país
> desenvolvido tem uma relação maior de imposto como componente do PIB. Os 35
> por cento do Brasil estão abaixo dos 50 por cento de toda a Europa
> "desenvolvida", Suécia, Suíça, Alemanha (que recentemente ESTATIZOU todo o
> seu ensino superior). E Dilma foi tirada sem que analisasse o real impacto
> da criação de uma CPMF (imposto progressivo que resolveria o problema do
> défict de 90 bi em uma só tacada se consequências para a classe baixa, que
> movimenta pouca grana por banco. Temer pediu défict de 170 e até agora
> ninguém reclamou. Gente como o professor de história da Unesp Jean Marcel
> França aplaudem o impeachment de Dilma, mesmo que isso signifique
> substituí-la por um projeto não eleito...).
>     Ou seja, mesmo do ponto de vista econômico, sem levar em conta
> escolhas políticas, democráticas, ideológicas ou humanistas, o enxugamento
> do Estado é um erro crasso.
>
> Um abraço,
>
> Luciano
>
>
>
> Em Segunda-feira, 25 de Julho de 2016 20:07, Camila Zerbinatti <
> camiladuze em gmail.com> escreveu:
>
>
> Olá professor Palombini,
>
>
> Muito obrigada por trazer esta discussão também aqui para a lista da
> ANPPOM, o que faz muito e total sentido, afinal, a imensa e esmagadora
> maioria de integrantes da ANPPOM está diretamente relacionada à educação
> pública superior do Brasil de alguma forma (seja por serem ou terem sido
> alunos/as de graduação e pós-graduação da educação pública, por receberem
> ou terem recebido, em algum momento de suas trajetórias, bolsas públicas de
> financiamento de cursos, pesquisas, formação, eventos, seja por serem
> eles/as mesmos/as docentes da/na educação pública superior brasileira). A
> própria realização anual dos congressos da Anppom (como de tantos outros)
> depende diretamente de investimentos e recursos públicos para acontecer.
>
> Eu sinceramente me pergunto sobre toda esta gigante e notória (e
> "estranha") coincidência dos ataques diretos e indiretos que a Educação
> Brasileira -e em especial a Educação Pública- está sofrendo, sendo tão
> bombardeada e atacada, com tanta força e descaramento, justo neste momento
> em que vivemos um Golpe de Estado Parlamentar, ataques às instituições
> brasileiras, à Democracia e ao Estado de Direitos. Precarização acentuada
> de condições e salários no ensino Fundamental e Médio (ataques aos fundos
> de pensão dos/as professores/as, precarização das merendas, superlotação de
> salas, fim do piso nacional da educação e de seu reajuste, projetos de
> privatização dos sistemas estaduais de educação pública, criminalização
> [ilegal] dos movimentos de resistência dos/as estudantes secundaristas,
> criminalização, perseguição e censura de professores/as e de estudantes
> [contra os quais até a ONU e a UNESCO já começam a se manifestar]...),
> ~Escola Sem Partido~(sic!) e, agora, esta campanha midiática e aberta pelo
> fim do Ensino Superior Público e gratuito. É estranha, e muito estranha, no
> mínimo, tantas "coincidências". Me pergunto: quem se beneficia com isto? a
> quem interessa tudo isso?  Uma amiga me escreveu hoje: "*A agenda da
> privatização da educação superior é mais antiga do que o governo do PT.
> Estejamos atentos, com certeza. Chumbo grosso vindo por aí.*" Quem se
> lembra do estado das universidades públicas em 2002, por exemplo, sabe, e
> bem.
>
>
> Sobre este editorial privatista que ataca a Educação Superior Pública e
> gratuita, compartilho dois textos:
>
> - Caneta Desmanipuladora:
>
> https://www.facebook.com/canetadesmanipuladora/photos/a.245804172452703.1073741828.245795719120215/279562565743530/?type=3&theater
>
>
>
> -Jean Wyllys:
> https://www.facebook.com/jean.wyllys/posts/1135364183178254:0
>
>
>
>
> Saudações cordiais,
> Camila.
>
>
> Em 24 de julho de 2016 15:43, Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>
> escreveu:
>
> Crise força o fim do injusto ensino superior gratuito Os alunos de renda
> mais alta conseguem ocupar a maior parte das vagas nos estabelecimentos
> públicos, enquanto aos pobres restam as faculdades pagas
> por EDITORIAL
> 24/07/2016 0:00 / Atualizado 24/07/2016 14:40
> Numa abordagem mais ampla dos efeitos da maior crise fiscal de que se tem
> notícia na história republicana do país, em qualquer discussão sobre
> alternativas a lógica aconselha a que se busquem opções para financiar
> serviços prestados pelo Estado. Considerando-se que a principal fórmula
> usada desde o início da redemocratização, em 1985, para irrigar o Tesouro —
> a criação e aumento de impostos — é uma via esgotada.
> Mesmo quando a economia vier a se recuperar, será necessário reformar o
> próprio Estado, diante da impossibilidade de se manter uma carga tributária
> nos píncaros de mais de 35% do PIB, o índice mais elevado entre economias
> emergentes, comparável ao de países desenvolvidos, em que os serviços
> públicos são de boa qualidade. Ao contrário dos do Brasil.
> Para combater uma crise nunca vista, necessita-se de ideias nunca
> aplicadas. Neste sentido, por que não aproveitar para acabar com o ensino
> superior gratuito, também um mecanismo de injustiça social? Pagará quem
> puder, receberá bolsa quem não tiver condições para tal. Funciona assim, e
> bem, no ensino privado. E em países avançados, com muito mais centros de
> excelência universitária que o Brasil.
> Tome-se a maior universidade nacional e mais bem colocada em rankings
> internacionais, a de São Paulo, a USP — também um monumento à incúria
> administrativa, nos últimos anos às voltas com crônica falta de dinheiro,
> mesmo recebendo cerca de 5% do ICMS paulista, a maior arrecadação estadual
> do país.
> Ao conjunto dos estabelecimentos de ensino superior público do estado de
> São Paulo — além da USP, a Unicamp e a Unifesp — são destinados 9,5% do
> ICMS paulista. Se antes da crise econômica, a USP, por exemplo, já tinha
> dificuldades para pagar as contas, com a retração das receitas tributárias
> o quadro se degradou. A mesma dificuldade se abate sobre a Uerj, no Rio de
> Janeiro, com o aperto no caixa fluminense.
> Circula muito dinheiro no setor. Na USP, em que a folha de salários
> ultrapassa todo o orçamento da universidade, há uma reserva, calculada no
> final do ano passado em R$ 1, 3 bilhão. Mas já foi de R$ 3,61 bilhões. Está
> em queda, para tapar rombos na instituição. Tende a zero.
> O momento é oportuno para se debater a sério o ensino superior público
> pago. Até porque é entre os mecanismos do Estado concentradores de renda
> que está a universidade pública gratuita. Pois ela favorece apenas os
> ricos, de melhor formação educacional, donos das primeiras colocações nos
> vestibulares.
> Já o pobre, com formação educacional mais frágil, precisa pagar a
> faculdade privada, onde o ensino, salvo exceções, é de mais baixa
> qualidade. Assim, completa-se uma gritante injustiça social, nunca
> denunciada por sindicatos de servidores e centros acadêmicos.
> Levantamento feito pela “Folha de S.Paulo”, há dois anos, constatou que
> 60% dos alunos da USP poderiam pagar mensalidades na faixa das cobradas por
> estabelecimentos privados. Quanto aos estudantes de famílias de renda
> baixa, receberiam bolsas.
> Além de corrigir uma distorção social, a medida ajudaria a equilibrar os
> orçamentos deficitários das universidades, e contribuiria para o
> reequilíbrio das contas públicas.
> http://goo.gl/B7Q0HE
>
> --
> carlos palombini, ph.d. (dunelm)
> professor de musicologia ufmg
> professor colaborador ppgm-unirio
> www.proibidao.org
> ufmg.academia.edu/CarlosPalombini <http://goo.gl/KMV98I>
> www.researchgate.net/profile/Carlos_Palombini2
> scholar.google.com.br/citations?user=YLmXN7AAAAAJ
>
> ________________________________________________
> Lista de discussões ANPPOM
> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
> ________________________________________________
>
>
>
> ________________________________________________
> Lista de discussões ANPPOM
> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
> ________________________________________________
>
>
>
> ________________________________________________
> Lista de discussões ANPPOM
> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
> ________________________________________________
>
>
>
>
> --
> Prof. Dr. Marcos Câmara de Castro
> Departamento de Música
> Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
> Universidade de São Paulo
> http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/4094693495303397
> http://portal.ffclrp.usp.br/sites/camaradecastro
> http://lattes.cnpq.br/8866596468646798
>
> https://scholar.google.com.br/citations?hl=pt-BR&user=GBa82HMAAAAJ&view_op=list_works&sortby=pubdate
>
>
> ________________________________________________
> Lista de discussões ANPPOM
> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
> ________________________________________________
>
>
>
>
> --
> Prof. Dr. Marcos Câmara de Castro
> Departamento de Música
> Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
> Universidade de São Paulo
> http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/4094693495303397
> http://portal.ffclrp.usp.br/sites/camaradecastro
> http://lattes.cnpq.br/8866596468646798
>
> https://scholar.google.com.br/citations?hl=pt-BR&user=GBa82HMAAAAJ&view_op=list_works&sortby=pubdate
>
>
> ________________________________________________
> Lista de discussões ANPPOM
> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
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>
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