[ANPPOM-Lista] [etnomusicologiabr] Caneta desmanipuladora: "O funk, o espelho e o reflexo"

Carlos Palombini cpalombini em gmail.com
Qua Jun 8 09:52:52 BRT 2016


Hugo,

Paciência eu teria se tivesse que desmontar este aqui:

http://goo.gl/td7zRE

Aliás, você precisará de paciência apenas para lê-lo. Foi publicado no
Farofafá e, pasme, no Geledés. Carla Mattos sintetizou, em postagem de 5 de
junho de 2016:

Mais um texto de demonização do Funk. O seu autor, Acauam Oliveira, almeja
> criticar o funk carioca sem criminalizar as periferias. Eis aqui uma
> reflexão etnocêntrica do início ao fim porque descontextualiza narrativas,
> repertórios e as experiências dos sujeitos que vivem nas favelas e
> periferias. O complexo imbricamento entre as narrativas de "sexo" e "crime"
> nas versões proibidas - território e xoxota são equivalente no discurso
> masculino - são termos de uma gramática patriarcal mais amplo, e que no
> Funk aparece no contexto da "guerra dos sexos", produzindo disputas,
> dissonâncias e resistências que acabara por projetar posições feministas
> entre as cantoras. Portanto, eleger o protagonismo feminino e feminista não
> é uma romantização de esquerda e sim é partir de um contexto estético que
> recupera a controvérsia, seja entre sujeitos homens, mulheres e homens,
> amantes e fieis, etc.
>
> Valorizar as perspectivas feministas no Funk é abordar a masculinidade
> hegemônica que sempre está aí em qualquer lugar ou ritmo musical. O Acauam
> não sabe isso porque ele é homem e como homem acha que valorizar a produção
> e resistência das mulheres no Funk seja algo menor porque...  seria um tema
> transversal apenas. Como homem ele também acha que a cultura do estupro é
> coisa de gente doente e monstruosa não reconhecendo a caráter mais
> ordinário e comum entre estupro e machismo. E é justamente o seu privilégio
> que o cega: ao dizer que o Funk é expressão da cultura do estupro, logo
> conclui que o Funk é expressão da barbárie, do horror civilizatório. Ele
> dirá: não é a periferia, é o Funk - grande parte, ao menos. O Funk, assim,
> seria um déficit civilizatório, mecanismo de sujeição simples e pura. É a
> expressão da barbárie social (ele disse querendo chocar a sociedade!). Não
> há outra visão para quem seja etnocêntrico, é tratar tudo como produto, a
> rapa do último, o resto do resto... E acusa os outros de "culturalistas",
> mas a sua visão descarta os agenciamentos e dissonâncias, contextos, os
> ruídos e diferenças. O que existe é só a "ralé estrutural". Não existem
> sujeitos de fala e sim sujeição sexual. A análise é rasa demais e o foco
> segue sendo a desqualificação do Funk e de seus pesquisadores e da temática
> feminista e popular. Por fim, é uma análise machista etnocêntrica e (por
> que não?) racista. Tanto o Funk e as favelas continuam como a alteridade
> radical da cidade na visão dominante e conservadora-moralista. A população
> pobre, preta, jovem, periférica são alvos de racismo e violência de Estado.
> Criminalizados e mortos. Vai vendo, machistas detonadores do Funk e das
> periferias não passarão!

Abraço,

Carlos

2016-06-08 8:54 GMT-03:00 Hugo Leonardo Ribeiro hugoleo75 em gmail.com
[etnomusicologiabr] <etnomusicologiabr em yahoogrupos.com.br>:

>
>
> Que paciência hein Palombini?
>
> Hugo
>
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