[ANPPOM-Lista] [etnomusicologiabr] ARSC Conference 2017: Call for Presentation Proposals

Carlos Palombini cpalombini em gmail.com
Sáb Out 8 18:16:26 BRT 2016


Martha,

Sim, existe a *Discografia brasileira* e o site do Instituto Moreira
Salles, mas se você os for comparar com os projetos da UCSB verá que não há
comparação possível. Para começar, é verdade que os cilindros foram
produzidos por pouco tempo no Brasil, pelo menos segundo Franceschi, mas,
que eu tenha conhecimento, não sobreviveu um para ser ouvido. Franceschi
dizia ter uma coleção, o que é feito dela, não se sabe. Me disse ele que
eram todos inaudíveis porque a cera do núcleo teria um quociente de
dilatação mais alto que a cera externa, e esta acabava por se romper. Neste
quesito apenas, veja o que você encontra na UCSB:

The UCSB Library has several major collections of cylinders. The Todd
> Collection consists of approximately 6,000 cylinders, ranging from brown
> wax to late Blue Amberols. It is especially strong in two- and four-minute
> Edison wax cylinders. The Blanche Browning-Rich Collection consists of
> approximately 1,200 Blue Amberol cylinders from unplayed dealer's
> inventory, acquired by the library in 2002 from the Rich family of Ogden,
> Utah. The collection of the late author and discographer William R. Moran
> is especially strong in operatic cylinders, including many Edison rarities.
> The Library of Congress, Bowling Green State University, UCLA, UW Madison,
> and Western Michigan University also contributed cylinders to the project
> for digitization. The Fred Williams collection consists of over 1,000
> cylinders of concert and military band recordings. The Edouard Pecourt
> collection contains over 3,000 French cylinders. Other smaller collections
> of cylinders have been acquired from various donors
> <http://cylinders.library.ucsb.edu/donate.php>.
>


Segundo fato: as transferências do IMS são muito ruins ou péssimas, embora
não sejam tão imprestáveis quanto as do selo Revivendo, que consegue fazer
o violão de Sinhô soar como um sintetizador. Quando eu estudava a canção
"Gargalhada", gravada por Eduardo das Neves, provavelmente em 1906, David
me disse que tinha alguns 78s brasileiros. Mandei a transferência do IMS
pra ele verificar o que haviam feito e o técnico ficou chocado: me disse
que parecia que haviam gravado embaixo d'água. Ele fez duas transferências
para mim a partir da cópia que eles possuem.

Terceiro fato: quem e qundo e como realizou as transferências do IMS?
Mistério! Quanto à UCSB, veja você mesma:

Cylinders were transferred using a French-made Archeophone, using custom
> Shure styli from Expert Stylus in England. The audio was converted from
> analog to digital using a CEDAR ADA (through 2014) or Prism ADA (after
> 2014) and captured at 44.1kHz with a bit depth of 24 bits in Steinberg
> Wavelab software running on a PC. Starting in 2014, raw files were captured
> at 24 bits and 96kHz. Files were edited and normalized and then processed
> with CEDAR's Series X and Series X+ Declicker, Decrackler, Dehisser, and
> Debuzzer units. After "cleaning," a third file, dithered down to 16 bits,
> was created. Surrogate files for online distribution are created via batch
> process. After 2009, cylinder transfers have been captured simultaneously
> as raw and processed wav files by splitting the digital signal, routing one
> channel through the CEDAR/Prism components and recombining them and
> capturing simultaneously on the DAW as two mono wav files.
>

Quarto fato: a *Discografia brasileira*, além de incompleta, é vaga. Lê-se,
por exemplo: "A série 70.000 deve situar-se, aproximadamente, entre 1908 e
1912". Eu comentei esse fato com a responsável pelo setor de música no IMS
e ela me disse que isso era suficiente. Depois disso, não tive muito o que
conversar com ela, porque se a diretora acha que 2 de agosto é a mesma
coisa que 7 de setembro... Entre na DAHR, clique em >> search >> names, e
digite "Pinheiro". Você obterá dois links: um para as gravações dele como
violonista, outro para as gravações como cantor. Clique em qualquer um
deles e verifique que tipo de informações você tem ali e em que tipo de
apresentação.

Quinto fato: o catálogo do IMS é péssimo. Há contradições gritantes entre
os catálogos dos acervos Franceschi e Tinhorão, e ninguém parece se
preocupar com isso.

Sexto fato: você não pode baixar arquivos a não ser que instale Audio
Hijack. Na UCSB, você pode encolher entre streaming e download em MP3.
Antigamente, no site piloto, era possível inclusive baixar áudio sem
compressão.

Sétimo fato: a *Discografia brasileira*, além de vaga, está incompleta.
Tenho um volume anotado por Abel Silva, que deu-se ao trabalho de completar
o que pode.

Oitavo fato: você encontra datas mais precisas no Acervo Nirez, mas não se
sabe de onde nem como nem por que. Além do que, já não é possível acessá-lo
porque o site está infectado. Tente você mesma: arquivonirez.com.br.

Finalmente, seria possível fazer algo parecido talvez a partir de um
esforço coletivo, por exemplo, do IMS, da Fundação Joaquim Nabuco, do
Acervo Nirez, do Centro Cultural Vergueiro, e, principalmente, da coleção
do selo Revivendo, que não sei onde foi parar, mas é a maior do Brasil.
desde que abordada por profissionais, e não por amadores que gostam de
ouvir Sinhô tocar sintetizador.

Abraço,

Carlos

2016-10-08 16:31 GMT-03:00 Martha Tupinambá de Ulhoa <mulhoa em unirio.br>:

> Mas existe a Discografia Musical Brasileira 78 rpm... A expertise no
> restsuro também tem. Pena que o  acesso às coleções esteja de algum modo
> restrito no site do IMS. Cada vez que tento escutar tem um novo plugin que
> nem sempre funciona para uma analfabeta funcional em internet como eu.
> Uma solução ótima para o problema de copyright foi alcansado pelo Museu do
> Fado. Apenas as gravações em 78 rpm estão completamente abertas.
>


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