[ANPPOM-Lista] Pela Memória de Mayara Amaral, pelas vidas das mulheres na música e no mundo: #NenhumaAMenos

Marcia Taborda marciataborda em musica.ufrj.br
Qui Jul 27 11:24:13 BRT 2017


Quero expressar a minha dor frente a essa  violência absurda,  e a minha
solidariedade à família, aos amigos e à luta pelo reconhecimento ao lugar
da mulher na sociedade. Muita tristeza...

Em 27 de jul de 2017 10:50, "Camila Durães Zerbinatti" <camiladuze em gmail.com>
escreveu:

> Olá,
>
>
> Compartilho texto em memória de Mayara Amaral, da Rede Sonora - músicas e
> feminismos.
>
> Expresso aqui meu profundo pesar à família e amigas/os de Mayara, e dedico
> meus sentimentos e minha solidariedade.
>
> Que vocês possam encontrar conforto e superar essa perda. Que Mayara possa
> descansar em paz.
>
>
> Saudações tristes,
>
> Camila.
>
>
>
>
>
>
> *Pela Memória de Mayara Amaral, pelas vidas das mulheres na música e no
> mundo: #NenhumaAMenos. *
>
>
>
> É com profundo pesar que nós, da Rede Sonora - músicas e feminismos,
> escrevemos esse texto pela memória de Mayara Amaral, violonista,
> pesquisadora e professora de música. Escrevemos pelas vidas das mulheres na
> música e no mundo todo. Lamentavelmente Mayara Amaral (1989 - 2017) foi
> brutalmente assassinada em Campo Grande – MS, em um crime que contou com a
> participação central de outro músico - um baterista que já tinha tocado e
> trabalhado com Mayara e que de acordo com as notícias locais, tinha um
> relacionamento com ela. [1]
>
>
>
> À família e às/aos amigas/os e conhecidas/os de Mayara, expressamos nossos
> sentimentos e nossa solidariedade. À essas pessoas pedimos desculpas e
> licença para falar do que aconteceu com Mayara nesse texto que chega em um
> momento tão grave e de tão indizível dor. Para vocês, nesse momento,
> dedicamos nossa total e irrestrita solidariedade, nosso apoio e nossas
> condolências - estamos com vocês.
>
>
>
> Nós, mulheres da Rede Sonora - músicas e feminismos, criada em abril de
> 2015, [2], escrevemos esse texto movidas por nosso compromisso e vontade de
> honrar a memória e a vida de Mayara Amaral, homenageando e reconhecendo sua
> trajetória e suas contribuições para a música, mesmo que postumamente.
>
>
>
> Mayara Amaral era violonista, formada pelo curso de música da UFMS
> (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), onde também foi professora.
> Em Campo Grande ela havia integrado o quarteto Pétalas de Pixe, formado
> apenas por mulheres e dedicado à produção de pop-rock regional. Sua
> dissertação de mestrado em Música pela UFG (Universidade Federal de Goiás),
> “A mulher compositora e o violão na década de 1970: vertentes analíticas e
> contextualização histórico-­estilística” [3], defendida recentemente, é
> fruto de sua pesquisa sobre obras de compositoras brasileiras para violão
> compostas na década de 1970.
>
>
>
> Mayara tinha dois trabalhos aprovados para o XXVII CONGRESSO DA
> ANPPOM Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música, [4], o
> maior congresso da Área de Música no Brasil, que acontecerá na Unicamp no
> fim de agosto, e havia comemorado a aprovação de seus trabalhos neste
> congresso. Ela iria apresentar a comunicação de seu artigo “Aspectos
> idiomáticos do Estudo n. 1 para violão de Esther Scliar”, em co-autoria com
> Eduardo Meirinhos, como pesquisadora, e, iria fazer sua apresentação
> artística “A mulher compositora e o violão na década de 1970”, como
> violonista.
>
>
>
> Ela era uma dedicada intérprete [5], pesquisadora e professora em formação,
> começando a ser reconhecida por suas/eus pares, desenvolvendo importantes e
> inéditas contribuições para a música e para a pesquisa brasileira.
>
>
>
> Entendemos que o que aconteceu com Mayara Amaral diz respeito à todas/os/es
> nós na música, e atinge infelizmente à todas as pessoas da música, sem
> exceção. O que aconteceu com ela é uma tragédia pessoal para quem era
> próximo dela, e por isso queremos nos solidarizar à Mayara, à família e
> amigos/as dela, com ações em defesa da memória dela.
>
>
>
> Mas, o assassinato de Mayara é também uma tragédia coletiva, o que nos leva
> a ver a necessidade de visibilizar essa notícia, endossando a denúncia do
> crime que ceifou sua vida – mais um que aumenta as estatísticas de nosso
> país. O último Atlas da Violência do Brasil, de 2014, [6], apontava que 13
> mulheres são assassinadas por dia no Brasil. O estado do Mato Grosso do Sul
> já era, então, um dos 8 estados brasileiros com taxa de mortalidade por
> homicídio de mulheres que estavam acima da média nacional (4,6) por grupo
> de 100 mil mulheres: a taxa desse estado já era de (6,4) em 2014. Segundo o
> Atlas, *“Embora esses dados sejam alarmantes, o debate em torno da
> violência contra a mulher por vezes fica invisibilizado diante dos ainda
> maiores números da violência letal entre homens, ou mesmo pela resistência
> em reconhecer este tema como um problema de política pública.”*
>
>
>
> Como mulheres da música, pensamos que também são importantes e urgentes, em
> especial nesse momento, ações que possam ajudar a alertar e conscientizar
> os mundos da música (assim como o mundo em geral) sobre os riscos aos quais
> mulheres estão expostas na música, assim como na nossa sociedade; sobre as
> diversas violências contra as mulheres; e, sobre a necessidade de ações de
> prevenção - de educação, formação e conscientização - para que isso não se
> repita com mais nenhuma mulher, seja de onde ela for, onde lá ela estiver.
>
>
>
> Todas/os/es nós precisamos, enfim, darmos o primeiro passo para que isso
> seja possível, e o primeiro passo é vencer a “*resistência em reconhecer
> este tema como um problema de política pública”*, como um problema de toda
> a nossa sociedade.
>
>
>
> Nós, mulheres da Rede Sonora - músicas e feminismos, manifestamos aqui
> nosso repúdio ao crime brutal que tirou a vida de Mayara Amaral.
>
>
>
> Mayara saiu de sua casa na última segunda-feira para ir a um ensaio e não
> mais voltou. Mayara era uma de nós, mulheres na música, mulheres no mundo.
> O que aconteceu com ela podia ter acontecido com qualquer uma de nós. Por
> Mayara, #NenhumaAMenos!
>
>
>
>
>
> Rede Sonora – músicas e feminismos.
>
>
>
>
>
> *Links:*
>
> *[1] *Mayara foi morta em motel e depois jogada no Inferninho, diz polícia:
> https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/mayara-
> foi-morta-em-motel-e-depois-jogada-no-inferninho-diz-policia
>
> Baterista e comparsa mataram Mayara a marteladas em motel para roubar
> carro:
> http://www.midiamax.com.br/policia/baterista-comparsa-
> mataram-mayara-marteladas-motel-rouba-la-348729
>
>
>
> *[2] *Rede Sonora – músicas e feminismos:  http://www.sonora.me/
>
>
>
> *[3] *Dissertação de Mestrado de Mayara Amaral:
> https://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/7348
>
>
>
> *[4] *Anppom: http://www.anppom.com.br/
>
>
>
> *[5] *Canal no Youtube de Mayara Amaral:
> https://www.youtube.com/channel/UCMoniUgqFA6QwaOk1kv-4Tw
>
>
>
> *[6] *Atlas da Violência 2016:
> http://www.compromissoeatitude.org.br/wp-content/uploads/2016/03/atlas_
> da_violencia_2016_finalizado.pdf
>
>
>
>
> ​Texto publicado no Portal Catarinas:​
> http://catarinas.info/pela-memoria-de-mayara-amaral-
> pelas-vidas-das-mulheres-na-musica-e-no-mundo-nenhumaamenos/
> ________________________________________
> anppom-l em listas.unicamp.br
> Lista de Discussão dos Associados da ANPPOM - Associação Nacional de
> Pesquisa e Pós-Graduação em Música
> https://www.listas.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>
> Conforme deliberado na Assembleia Geral realizada em 24 de agosto de 2016,
> das 17 às 19 horas, no Auditório da Fundação de Apoio e Desenvolvimento da
> Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, B. Horizonte – Não são
> veiculadas nesta lista mensagens contendo ANEXOS.
>


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