RES: [ANPPOM-L] Referendum Performance X Praticas interpretativas

Jose Augusto Mannis jamannis em uol.com.br
Seg Out 24 11:30:16 BRST 2005


Caras e Caros Colegas,

 

Acho que há duas questões sendo tratadas simultaneamente e antes que
aconteça algum mal entendido

por omissões involuntárias é importante que se saiba:

 

1) NATUREZA E DEFINICAO da(s) atividade(s).

 

2) TERMO(S) a ser(em) adotado(s). 

 

Para mim, a estrutura do processo criativo emprestado da retórica é perfeito
e consistente.

Me parece também suficientemente amplo para englobar todas as praticas e
atividades variadas

que se constata nas praticas dos interpretes contemporâneos.

 

Assim, uma vez de acordo com A NATUREZA E A DEFINICAO das ATIVIDADES,
poderíamos proceder 

aos TERMOS MAIS ADEQUADOS para representá-las, ou seja:

 

=> primeiro a reflexão sobre o que é que se faz 

 

=> depois dá-se um nome a isso.

 

Acho que este exercício permitiria romper as estruturas pré-concebidas e, 

a partir dos fragmentos dos conceitos, reconfigurar o mosaico em comum
acordo.

 

Justificativa: Tanto INTERPRETACAO (Fausto) quanto PERFORMANCE (Helena) são
termos IMPERFEITOS.

 

Proposta: Ao invés de REFERENDUM ( A  x B ) , uma DISCUSSÃO para arejar o
raciocínio.

 

Objetivo: Chegar a uma FORMULACAO ADEQUADA das atividades e a um TERMO
REPRESENTATIVO eficiente.

 

Metodologia: DESCONSTRUÇÃO – ANÁLISE – SÍNTESE

 

Abraços

 

Mannis

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  _____  

De: anppom-l-bounces em iar.unicamp.br [mailto:anppom-l-bounces em iar.unicamp.br]
Em nome de fborem em musica.ufmg.br
Enviada em: sábado, 22 de outubro de 2005 13:19
Para: antunes em unb.br
Cc: anppom-l em iar.unicamp.br
Assunto: [ANPPOM-L] Referendum Performance X Praticas interpretativas

 

Prezados Helena e Jorge, 

  

Discordo inteiramente de vocês, pois sou pelo termo Performance Musical.
Penso se não há uma xenofobia por tras do seu ponto de vista. Se formos
levar em conta o Aurélio ou outras referências que não conseguem acompanhar
a mobilidade da língua portuguesa, o termo performance, de fato, se
restringe a desempenho. Mais do que isto, o termo interpretação é que está
ligado à idéia romântica do intérprete que não faz pesquisa e é tratado
sempre como secundário ao texto, à figura do compositor. Por outro lado,
Performance Musical é muito mais do que o que foi sugerido por vocês e
inclui, entre outras coisas, processos criativos, processos interativos
(dentro da música, com outras artes e com outras áreas), aspectos
psicológicos (ansiedade, medo de palco etc.), aspectos fisiológicos
(postura, lesões etc.) e aspectos do comportamento motor (controle e
aprendizagem) envolvidos na performance musical. Quando houve um referendum
sobre esta questão em 2000 (um congresso nacional com mais de 120
pesquisadores apresentando trabalhos de pesquisa na área de Performance
Musical) o termo performance foi debatido e o preferido pela comunidade (em
detrimento de todos os outros apresentados). Assim, voto e conclamo a todos
a votarem no termo Performance Musical.
 

Fausto Borém
Escola de Música da UFMG
Av. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha
31.270-010   Belo Horizonte  -   MG

 

-----anppom-l-bounces em iar.unicamp.br escreveu: -----

Para: Helena Jank <hjank em iar.unicamp.br>
De: Jorge Antunes <antunes em unb.br>
Enviado por: anppom-l-bounces em iar.unicamp.br
Data: 22/10/2005 11:40AM
cc: anppom-l em iar.unicamp.br
Assunto: Re: [ANPPOM-L] Re:praticas interpretativas

Cara Helena:

Concordo totalmente com você.
Acho bem mais pertinentes e coerentes essas duas denominações:"Processos
Interpretativos" ou "Teoria e prática da interpretaçãomusical".
Seus argumentos, que evocam os tempos especulativos deAristóteles, são
definitivos.
Realmente a palavra "performance" se reporta à"presença no palco". A palavra
"performático" se refere apenasaos aspectos cênicos e gestuais.
O estudo da elocução, "léxis" nodizer de Aristóteles, conceito que se opõe
ao de "dianóia",pode ser teórico, estudando-se o processo antes de se chegar
aopalco.
Abraço,
Jorge Antunes
 
 

Helena Jank wrote:

Colegas:

Eu não me conformo com a insistência em usar este termo"performance", a
meu ver completamente equivocado, desde a sua origem.

Vejam meus argumentos:
Em todos os dicionários que consultei, encontrei este termo_sempre_
aliado à idéia de _desempenho_.  Mesmo quando usadoem relação a
atividades artísticas, tem a ver com o desempenho no palco,com a
apresentação pública.  O termo, quando começoua ser usado nas
univesidades e escolas de música, vinha influenciado pela idéia
romântica do artista- intérprete / "performer", aqueleque tem um
desempenho espetacular no palco.  Aquele que não se preocupavanem um
pouco com pesquisa histórica, com análise musical, com"Zeitgeist"
(ainda mais  - era antagônico a tudo isso).  Sónas últimas décadas do
sec.XX começou a surgir algo como a "pesquisa em interpretação",até
hoje ainda um tanto incipiente e sofrendo muito a dificuldade de _se_
definir corretamente.
Daí vem também a minha preocupação como termo.
A pesquisa em interpretação, como nós a conhecemoshoje,  propõe o
envolvimento do intérprete com todo o caminho retóricopercorrido pelo
autor quando cria a obra, para levar ao resultado final, que é
prerrogativa do intérprete.
- o *exordium*, que é o momento da criação
- o *dispositio*, que é o momento da organizaçãodo discurso: que forma
terá, como serão trabalhadas suas partes, etc..
- o *divisio*, que é o momento de elaboração dasfiguras retóricas, de
acordo com as intenções do autor e as qualidades do públicoao     qual
o discurso se direciona
- a *memoria*, que é a preparação do discurso
- a *actio* (ação) -  /Este é o momento da"performance".

Claro que um excelente desempenho, como entendemos hoje em dia, deveser
conseqüência de uma excelente pesquisa, mas insisto em defenderque a
pesquisa não será em "performance" - a pesquisa serános elementos que
levarão a uma boa performance.
Insisto que o corpo teórico e a metodologia própria,que sem dúvida já
existem, existem para o conceito de "performance" apenas nas duas partes
finais do discurso retórico: a *memoria* e a *actio*.

/Alguns exemplos:
o motor a gasolina tem uma melhor performance do que o motor a álcool.
Esta melhor performance não é resultado da pesquisa em"performance de
motores", mas em "combustíveis", "projeto e construçãode motores",
"produção de cana de açúcar", "petróleo",etc....
Para melhorar a performance de um atleta, a pesquisa se desenvolveem:
"movimento", "alimentação", "aparelhos desportivos" ... ...

Gostaria que aqueles que defendem o termo procurassem argumentos mais
sólidos do que apenas: "já estamos acostumados a usareste termo".  Pior
ainda, quando o termo vira "performance practice": a "práticado
desempenho" ... ... ... ...

Quero lembrar também que muito da pesquisa em interpretaçãoque fazemos
hoje não chega ao palco - não se transforma em /performance/: faz parte
do processo, quando em elaboração.  Lembro o trabalhoque fazem hoje os
intérpretes  juntamente com os compositores, à procurapor novas
sonoridades,  surgidas do domínio técnico do instrumento,aliado ao
domínio teórico e à criação. Estesresultados vão aparecer em muitas
situações desvinculadas da "performance" e nãomerecem ser desprezados.

Sou por *Processos Interpretativos* - ou, como proposto recentemente
pela Carol *teoria e prática da interpretaçãomusical*

Sei que isto é um problema para os cursos que já nasceramcom o nome de
"performance", mas não gostaria de me render ao termo sóporque alguém,
muito antes de nós, começou por uma trilha que hoje éerrada.

Saudações
Helena

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