[ANPPOM-L] RES: Area academica e area tecnica

Hugo Leonardo Ribeiro hugolribeiro em yahoo.com.br
Dom Abr 15 09:56:34 BRT 2007


Sim, recebi e estava "ruminando" as idéias. Só um mal entendido, o teste
seletivo ao qual eu me referia era o da universidade, e não o do
Conservatório.

A vantagem de sermos uma cidade de médio porte (800 mil habitantes), com um
conservatório de música gratuito nos traz diversas vantagens em relação à
Salvador, por exemplo, que é uma metrópole e não tem nenhuma escola pública
gratuita de música (ou pelo menos não tinha). Corrijam-me se estiver errado.
Mas deixa-me explicar melhor, do começo.

Recentemente, o Conservatório de Música de Sergipe (CMS), passou por uma
reforma curricular, da qual eu participei intensivamente (leia-se, fiz tudo
sozinho porque ninguém mais queria fazer nem participar das reuniões. Mas é
claro, depois de pronto, todos reclamam...). A principal mudança se referia
à separação dos cursos existentes (básico e técnico), que antes eram
contíguos e seqüenciais. Isso significava que a pessoa que fosse passando de
ano no básico, acabava entrando no curso técnico sem sequer parar para
pensar se queria, ou se estava preparada (tempo, habilidade oupsicologicamente)
para cursar um curso técnico de música.

Agora existem dois cursos distintos, com admissões diferentes e o que é mais
importante, com público alvo diverso. Para o curso de Formação Inicial e
Continuada de Trabalhadores (nomenclatura da LDB), a admissão não exige
conhecimento musical nenhum, e é voltado para qualquer pessoa, de qualquer
idade, que algum dia já teve desejo de aprender a tocar um instrumento, e
nunca teve oportunidade ou condições financeiras para pagar um curso
particular. Já o curso Técnico de Nível Médio, exige que o candidato esteja
matriculado no nível médio em qualquer instituição de ensino, ou tenha
concluído o mesmo. Além do que, há um teste seletivo para a admissão do
candidato para o curso técnico. As disciplinas do curso Técnico incluem:
quatro semestres de História da Música, seis semestres de aulas de
Estruturação Musical e Percepção Musical, ambas com duas aulas por semana,
além das aulas de instrumento, e prática de conjunto.

Assim sendo, uma vez que temos uma escola pública que pode preparar o
candidato, isso significaria (teoricamente), que poderíamos elaborar um
teste de admissão para o curso de música da Universidade Federal de Sergipe
mais exigente, incluindo questões de análise harmônica, percepção musical e
o que é mais importante, um teste prático que exija um profundo
conhecimentoinstrumental do
candidato. Aquele que não passasse na prova da UFS poderia se matricular no
CMS, e se preparar melhor (de forma gratuita, volta a enfatizar). Dessa
forma já teríamos um músico, faltando apenas aprofundar as
questõesteórico-filosóficas e pedagógicas (lembrando
que é um curso de licenciatura em música). E como você já havia mencionado,
seria necessário um mínimo de sincronia entre o currículo do CMS com o da
UFS, para um começar de onde o outro terminou.

Mas existem diversos problemas em relação a essa questão. Mas vou levantar
somente duas. Primeiro seria necessário que os professores do CMS estivessem
preparados para lidar com esse currículo (história, percepção e estruturação
musical) e de formarem bons músicos, o que não é uma realidade. Alguns dos
atuais professores (efetivos) do CMS não têm formação sólida na área, e
muitos ainda têm uma visão ultrapassada do que seja música, e do que seja o
ensino de música. Logo, o CMS ainda não forma bons músicos, no sentido amplo.
E, como o curso de nível superior iniciou-se esse ano, há pouquíssimas
pessoas com graduação em música que possam atuar no CMS (não somamos mais do
que quinze). E a demanda de alunos é muito grande (cerca de mil inscritos no
curso inicial a cada ano).

Segundo, como ficaria os demais músicos não contemplados pela tradição da
música de concerto européia? Sanfoneiros e rabequeiros, por exemplo, nãoteriam
espaço nem chance de entrar nesse curso superior de música. Teriam que se
sujeitar a aprender piano e violino no CMS?

Peço ajuda aos universitários...
Hugo

p.s. Em relação ao envio de mensagens para a lista, percebi que não basta um
reply, como as listas de discussão comuns. Temos sempre que procurar o
endereço <anppom-l em iar.unicamp.br> para enviar para todos.


Em 14/04/07, jamannis <jamannis em uol.com.br> escreveu:
>
>  Prezado Hugo,
>
> Respondi sua mensagem para Vc pessoalmente e para a lista. Mas como ela
> não saiu na lista, pergunto se VC a recebeu ou não.
>
> Estou vendo com o administrador da lista o que pode estar havendo com meus
> envios.
>
> Grato
>
> Atenciosamente
>
> J. A. Mannis
>
>  ------------------------------
> *De:* jamannis [mailto:jamannis em uol.com.br]
> *Enviada em:* quinta-feira, 12 de abril de 2007 13:09
> *Para:* 'Hugo Leonardo Ribeiro'; 'anppom-l em iar.unicamp.br'
> *Assunto:* RES: RES: [ANPPOM-L] Area academica e area tecnica
>
>  Prezado Hugo,
>
> No que constato em varias grades curriculares e nos ultimos 10 anos de
> experiencia em vestibular em música é que nos primeiros anos da graduação
> existem materias básicas que deveriam ter sido estudadas anteriormente.
> Acredito que essa é uma das razões pelas quais os cursos se música tem
> duração mais longa que muitos dos outros cursos na universidade.
>
> Vejo como uma ação possível a SINCRONIZAÇÃO (articulação coordenada do
> encadeamento) dos curriculos TECNICO com o SUPERIOR de modo que o final do
> Curso em Nível Técnico (Nivel elementar e básico) corresponda ao Exame de
> Ingresso na Universidade e que o curriculo do ensino superior em música
> (Niveis Intermediário e Avançado) comece mais adiante do que atualmente. No
> ensino de segundo grau poderiamos ter cumpridos alguns niveis iniciais (como
> por exemplo poderiamos supor ELEMENTAR e BÁSICO) e no superior os niveis
> seguintes (coerentemente com a suposição anterior os niveis aqui
> seriam INTERMEDIÁRIO e AVANÇADO). Atualmente há disciplinas na Universidade
> que começam em nivel ELEMENTAR.
>
> Somente para citar alguns EXEMPLOS, de forma não exaustiva, disciplinas
> que poderiam eventualmente ser trabalhadas em Nivel Técnico (NIVEIS
> ELEMENTAR e BASICO): Teoria geral da música, Estruturação musical, Análise
> elementar (formas tradicionais), Solfejo, Leitura à primeira vista, prática
> instrumental, Prática de música de câmara, Prática coral, Harmonia,
> Contraponto, Fuga, História da música, História da música brasileira. Estou
> enumerando algumas disciplinas que vem me chamando a atenção há um certo
> tempo. Porém, ainda não saberia deizer o programa exato de cada uma. Nem
> mesmo se essas disciplinas seriam seguramente todas as pertinentes. É
> somente uma informação para exemplificar o pensamento. Ou seja, não estou
> oferecendo uma informação exatamente definida e calculada. Há um grau de
> mobilidade muito amplo. É um ponto de partida.
>
> O teste seletivo de um conservatório é importante, mas o que conta mesmo é
> o nivel em que os alunos concluem o conservatório. Esse nivel precisa ser
> trabalhado. É preciso que haja a definição de QUE CAPACITAÇÕES qualquer
> aluno (em cada tipo de curso) egresso de qualquer conservatório (ou
> Escola com Especialização em Música em Segundo Grau) tem que possuir.
>
> O nivel dessa capacitação seria o nivel exigido em vestibular.
>
> O importante é COORDENAR a formação pré-universitária com a formação
> universitária, da mesma forma como ocorre com outras áreas e disciplinas:
> matemática, física, história, biologia, etc.
>
> Essa coordenação é fundamental para ter uma COERENCIA de curriculo.
>
> Assim, os cursos de graduação em música comecariam, grosso modo, onde hoje
> começa o terceiro ano de graduação. Para um aluno de 20 anos, 2 anos
> representa 10% de sua existência. É um tempo não desprezível.
>
> J. A. Mannis
>
>
>
>
>
>
>
>  ------------------------------
> *De:* anppom-l-bounces em iar.unicamp.br [mailto:
> anppom-l-bounces em iar.unicamp.br] *Em nome de *Hugo Leonardo Ribeiro
> *Enviada em:* quarta-feira, 11 de abril de 2007 11:09
> *Para:* anppom-l em iar.unicamp.br
> *Assunto:* Re: RES: [ANPPOM-L] Area academica e area tecnica
>
> Prezados,
>
> Como seria feita esse desvinculação então? Aqui em Aracaju nós temos um
> Conservatório de Música de nível Técnico, e acabamos de iniciar um curso de
> Licenciatura em Música. Como o Conservatório poderá ajudar para melhorar o
> curso universitário? Através de um teste seletivo mais exigente?
>
> Hugo Ribeiro
>
> Em 11/04/07, ja.mannis <ja.mannis em uol.com.br> escreveu:
> >
> >  Caro Jorge,
> >
> > Creio que sua colocação seja referente ao fato de que ENSINO TECNICO
> > seja ministrado numa instituição de ENSINO SUPERIOR.
> >
> > Vc tem direito à sua posição quanto a esse aspecto e respeito sua
> > opinião. Porém, pessoalmente, tenho outra maneira de ver a situação, de
> > analisar o contexto e, assim, outra opinião.
> >
> > Pessoalmente confesso que preferiria ver muitas instituições que
> > assegurassem uma formação básica eficiente em música antes da universidade.
> > Mas não acredito que isso venha a acontecer em breve. So sei que enquanto eu
> > tiver energia e puder fazer alguma coisa, vou tentar fazer o que posso para
> > melhorar o estado das coisas que me descontentam. Sei que posso de uma
> > maneira ou de outra empreender ações dentro dos meios e das possibilidades
> > que disponho.
> >
> > O ENSINO TÉCNICO está nas instituições de ensino superior no Brasil.
> > Isso é um fato constatado.
> >
> > Minhas colocações quanto à FORMAÇÂO MUSICAL partem desse fato evidente.
> >
> > Porém, se o assunto é sobre o fato de ter ou não ensino técnico numa
> > universidade, acho estamos abrindo um outro debate, distinto do anterior e
> > paralelo.
> >
> > A formação básica em música antes da universidade, ou seja, em nivel de
> > segundo grau, não atende à demanda em quantidade e muitas vezes, mas nem
> > sempre, em qualidade.
> >
> > Lembro que nos dois primeiros anos de graduação os alunos tem matérias
> > básicas.
> >
> > Portanto, o ENSINO TÉCNICO já é feito atualmente na Universidade, não
> > como tal, mas o conteudo é identico.
> >
> > Não podemos deixar de reconhecer isso.
> >
> > Não seria mais correto DESVINCULAR essa formação básica do ENSINO
> > SUPERIOR?
> >
> > Portanto, se é sobretudo na Universidade que esse ensino básico é
> > ministrado (por falta de instituições que atendam à demanda em nivel técnico
> > e de segundo grau), me parece pertinente que seja na Universidade (no lugar
> > onde esse ensino é praticado) que ele possa passar por um processo de
> > adequação e transformação.
> >
> > Cordial abraço,
> >
> > José Augusto Mannis
> >
> >
> >  ------------------------------
> > *De:* Jorge Antunes [mailto:antunes em unb.br]
> > *Enviada em:* terça-feira, 10 de abril de 2007 18:57
> > *Para:* ja.mannis em uol.com.br; anppom-l em iar.unicamp.br
> > *Assunto:* Re: RES: [ANPPOM-L] Area academica e area tecnica
> >
> >  Caro Zé Augusto:
> >
> > Porque não ter UM COLEGIO TECNICO EM MUSICA em uma universidade, ...?
> >
> > Essa sua pergunta me desmonta, me aturde, destrói totalmente meus
> > sonhos, meus ideais, minhas convicções porque, com ela, você me leva a um
> > triste banho de realidade brasileira.
> > Quando nos USA ou na Inglaterra alguém faz pergunta "Why not?", tem-se
> > logo respostas para argumentar por uma negativa.
> > O mesmo acontece na França quando perguntam "Pourquoi pas?".
> > Imediatamente aparecem argumentos que demovem o perguntador de suas
> > propostas.
> > No Brasil, quando alguém pergunta "Por que não?" ficamos totalmente sem
> > argumentos.
> >
> > Grupos de adolescentes em algumas cidades do DF não têm lazer nos finais
> > de semana: vivem em locais sem salas de cinema, sem teatros, sem campos de
> > futebol, sem nada, sem playgrounds, sem shows, sem concertos, sem shoppings,
> > sem dinheiro para virem ao Plano Piloto, sem zoológico. A única diversão
> > então passa a ser o assalto, as pichações e as formações de gangs. Vivem em
> > barracos sobre a lama e sob um teto de um pai desempregado e bêbado ou de
> > uma mãe solteira desempregada ou prostituta.
> > Próximo é criado um campus avançado da UnB. Que tal oferecer as
> > dependências da Universidade, nos finais de semana, para eles se divertirem?
> > Claro! Por que não? Que tal oferecer-lhes o campus, a piscina, nas
> > madrugadas dos dias úteis? Claro! Por que não?
> >
> > Uns mórmons que passam vêem o alto índice de criminalidade dos jovens e
> > começam a fazer trabalho de proselitismo, com encontros espiritualistas.
> > Falta espaço coberto e confortável. Que tal oferecer-lhes uma sala da
> > Universidade? Por que não?
> >
> > Grandes turmas de colégios se formam, e os pobres formandos, depois de
> > tanto sacrifício não têm onde fazer seus bailes de formatura e suas
> > cerimônias de diplomação. Coitados. Que tal oferecer-lhes o Theatro
> > Municipal? Por que não?
> >
> > No carnaval, festa belíssima, a burguesia afrescalhada e os estilistas
> > idem constróem, costuram, com paetês, lantejoulas e pedras preciosas,
> > algumas belas fantasias para desfiles e concursos, mas não têm espaços para
> > o certame. Que tal oferecer-lhes o Theatro Municipal? Por que não?
> >
> > Na Universidade de Brasília vivi recentemente experiência interessante.
> > Um professor, nosso colega, começou a oferecer cursos de iniciação musical
> > para crianças aos sábados. Todas as dependências do Departamento de Música
> > ficam abarrotadas de crianças e de seus respectivos papais e mamães. De
> > início eu senti um choque de preconceito acadêmico. Como era possível
> > aquilo, em uma Universidade? Eu via o formigueiro de criancinhas de longe e
> > não conhecia o trabalho de perto: dezenas de crianças.
> > Até que um dia cheguei perto, entrei em uma sala. Meus olhos se encheram
> > de lágrimas, fortemente emocionado. Vi cinco menininhos de uns 3 anos de
> > idade esfregando pequenos arcos nas cordas de violininhos. O trabalho é
> > lindo, emocionante. O professor se senta no chão, rodeado de criancinhas que
> > batem ritmos, criam, improvisam, tocam tambores, objetos, sons, ruídos. Hoje
> > o professor conta com 19 monitores e a meninada chega a centenas. Não dá
> > para chegar perto, sem o risco de pisar num neném. Sim! Agora ele trabalha
> > também com bebês. Dezenas e mais dezenas.
> > Chorei, sim, porque fiz-me a seguinte pergunta: por que não? Ora, se o
> > professor não fizer isso, na Universidade, onde fará?
> > Se o professor não continuar nesse sacerdócio admirável, quem dará
> > educação musical a essas centenas de crianças?
> >
> > Com esse raciocínio, essa humanidade, esse patriotismo, essa
> > brasilidade, essa emoção, essa magnanimidade, essa compaixão, essa
> > tolerância, conhecendo a triste realidade brasileira, claro, tudo deve ser
> > feito para remendar lacunas e sanar atrocidades cometidas pelo poder
> > constituído que não oferece condições de vida digna, não oferece emprego,
> > nem educação de qualidade, nem saúde, nem lazer, nem cultura, etc.
> >
> > Assim, evidentemente, por que não? A Universidade, com suas salas
> > confortáveis, seus aparelhos de ginástica, seus gramados, suas máquinas
> > xerox, seus computadores, seus sistemas de som, seus centros esportivos,
> > seus anfiteatros, seus pianos, pode, sim, abrigar cursos para DJs, técnicos,
> > copistas, assistentes de som, garçons, lutiers, jardineiros, pedreiros,
> > produtores, marceneiros, mestres de obras, técnicos em sonorização,
> > costureiras, afinadores de piano, etc, etc. São poucas as vagas oferecidas
> > nos Sesi e nos Sesc.
> > Apesar de laica, a Universidade, nessa conjuntura de guerra civil, pode
> > até mesmo oferecer seus espaços para que jovens abracem religiões e credos,
> > e gritem, e se exorcizem, e orem em catarse, e rebolem em bailes funk,
> > usando essas atividades como meio e terapia para abandonarem o consumo de
> > drogas.
> > Então, nesse Brasil em situação de guerra, de pobreza, de desemprego, de
> > miséria, de injustiças, de escravidão, de falta de perspectivas futuras para
> > as novas gerações e para todo esse povo sofrido e fodido, claro, deveríamos
> > abrir os campi totalmente.
> > Por que não?
> >
> > Abraço,
> > Jorge Antunes
> >
> >
> >
> >
> >
> >
> > "ja.mannis" wrote:
> >
> >   Caro JORGE e Cara ADRIANA,
> >
> > Colegas da Anppom,
> >  Caro JORGE, sua iniciativa na UnB de oferecer aos estudantes atividades
> > de ciência e tecnologia aplicadas à musica, bem como música em contexto
> > multimeios é de fato muito boa.
> >  Também procuramos desenvolver essas práticas na Unicamp, de diversos
> > aspectos.
> >  O que defendo não é ATENDER À DEMANDA DO MERCADO. Isso já fazem as
> > inúmeras escolas e centros que TREINAM seus alunos. Eles aprendem rotinas,
> > soluções padrão e muitas atividades fim são de escopo fechado.  Falta FORMAR
> > ALUNOS que saibam se desenvolver e que tenham bagagem e ferramentas para
> > isso. Os treinados repetem as soluções que aprenderam nas apostilas. FALTAM
> > estruturas para FORMACÃO COMPLETA. Para treinamento já existem diversas
> > opções.
> >  As praticas TÉCNICAS são, para mim, muito importantes. Eu mesmo formei
> > minha maneira de trabalhar e minha abordagem da matéria sonora através de
> > atividades técnicas. Agora é que estou formulando em formato ACADEMICO, com
> > um Doutorado, o que desenvolvi. Se tivesse feito outro caminho nao teria
> > descoberto muitas coisas importantes que descobri, justamente porque fiz
> > outro trajeto. E acredito que as atividades técnicas tem muitos subsidios à
> > dar à outras atividades, cientificas / artísticas.
> >  Contudo, está claro para mim que seria um equívoco MISTURAR métodos de
> > ensino e pesquisa (desenvolvimento/criação) entre PERFIL TÉCNICO e PERFIL
> > CIENTÍFICO (no cientifico incluo o ARTISTA NA UNIVERSIDADE). Mas seria
> > também um equivoco ignorar e desprezar o FAZER ARTISTICO o FAZER TÉCNICO e
> > todo tipo de KNOW HOW dos chamados `TÉCNICOS`.
> >  Já formei alunos que fizeram trabalhos de acústica em afinação de
> > teclados. E foi de fato uma atividade excelente. Foram comparados diversos
> > tipos de afinação e o aluno pode colocar como tal ou tal tipo de afinação se
> > adequam a tal ou tal estilo de música. A afinação de um teclado pode mesmo
> > suscitar uma tese de doutorado, dependendo da abordagem.
> > OK. Não é porque uma tese é feita que já se pode implementar uma
> > DISCIPLINA sobre a tese e mesmo... UM CURSO todo. Estou de acordo. Mas vejo
> > que simplesmente o que em um momento é do DOMINIO TÉCNICO num outro pode
> > estar envolvido em estágios avançados do dominio CIENTIFICO.
> >  Ao mesmo tempo NÃO CABE fazer uma graduação para (por exemplo) AFINADOR
> > DE PIANO, STAGE MANAGER, COPISTA... pois cada uma dessas atividades ainda
> > não têm estofo suficiente para isso. Mas isso não significa que a ACADEMIA
> > deva necessariamente ignorar o que eles fazem. Acho que há coisas muito
> > importantes na atividade de COPISTA. Eu mesmo fui copista das editoras
> > SALABERT na França. Aprendi muita coisa e tenho muitas facilidades em gerar
> > material musical devido a isso. E treino meus alunos em COPIAS e preparação
> > de material de orquestra. É uma produção bastante complexa.
> >  Portanto o CONHECIMENTO INERENTE a essas atividades TÉCNICAS não deve
> > ser confundido com a ENVERGADURA DAS ATIVIDADES EM SÍ.
> >  As atividades de um simples pedreiro nunca foram desprezadas pelos
> > cientistas, tecnologos, pesquisadores e estudantes de engenharia civil.
> >  Existem técnicas que foram desenvolvidas no canteiro de obras e que
> > passaram ao dominio cientifico depois.
> >  Talhar pedras pode parecer primitivo, mas chega a ser uma arte quando
> > esse TALHAR começa a se tornar expressivo.
> >  Contudo, não me parece sensato fazer uma GRADUAÇÃO para MESTRE DE OBRAS
> > (por exemplo)
> >  Mas é muito importante UM ESTUDANTE de ENGENHARIA CIVIL ver e saber o
> > que faz e como faz um MESTRE DE OBRAS.
> >  Se os Mestres de Obras no Brasil tivessem um mínimo de formação, a
> > construção civil em nosso país seria diferente. A começar pelo desperdício
> > inutil de material e pelos atropelos de planejamento em um canteiro de
> > obras. De fato falta uma formação dessas!
> >  Porque a Universidade não poderia assegurar uma atividade dessas EM
> > NIVEL TECNICO?
> >  Na Unicamp temos um Colegio Técnico que forma TECNICOS em nivel de
> > SEGUNDO GRAU.
> >  Porque não ter UM COLEGIO TECNICO EM MUSICA em uma universidade, com o
> > por exemplo faz a Pontifica Universidade Catoloca do Chile em Santiago. Os
> > alunos podem entrar com 12 anos. E se passarem por todas as avaliações
> > necessarias e exames etc. chegam ao Doutorado. Senão fazem o ingresso como
> > todos os outros e entram no curso pela metade, mas em nivel superior.
> >  Acredito que a UNIVERSIDADE deva se preocupar com a FORMCAO TËCNICA EM
> > NIVEL TÉCNICO.
> >  Mais uma vez: Não conjugar PERFIS DIFERENTES: TECNICO é TËCNICO,
> > CIENTIFICO é CIENTIFICO. CONTUDO não ISOLAR os conhecimentos entre ambos, e
> > sim integrá-los, de modo que UM SAIBA DO OUTRO.
> >  Assim, um AFINADOR DE PIANO poderia ser formado numa universidade. A
> > Proposta da ADRIANA é muito boa: poderia ser uma atividade de EXTENSÃO.
> > Algumas atividades técnicas poderiam ser um MESTRADO PROFISSIONALIZANTE,
> > como por exemplo, ENGENHEIRO DE SOM.
> >  E considero que a integração de um DJ seria muito importante. O FAZER
> > do DJ é muito importante. Vem do fazer do RADIO, das tradicoes ORAIS. É o
> > fazer sobre a MIDIA. É a poética que brota do suporte. Não cabe uma
> > GRADUACAO em DJ. Por enquanto isso é óbvio. Mas gostaria muito de pensar em
> > uma discplina onde os alunos possam saber quais são as bases da expressão de
> > um DJ. E a partir daí poderem extrair metodos expressivo, tecnicas de ação,
> > gestos de linguagem. De fato, os produtos de um DJs de modo geral são
> > pertinentes a estilos e estietcias particulares. Mas se mudarmos o material
> > e os objetivos, temos um novo instrumento (no sentido tradicional do termo e
> > não no sentido schaefferiano).
> >  Considerando os CURSOS SUPERIORES DE MUSICA no Brasil há uma falta
> > evidente de estruturas para assegurar formação solida em musica em nivel de
> > segundo grau.
> >  Os alunos acabam tendo que fazer um CURSO SUPERIOR de 5 ANOS no qual os
> > 2 primeiros são o CONSERVATORIO 'espremido'.
> >  A Universidade poderia assegurar a FORMACAO DE SEGUNDO GRAU
> > especializada, associada `as escolas de sua cidade, e depois, pouco a pouco,
> > a GRADUACÃO se reduziria de 5 anos para 3 anos. Nossos alunos estariam com
> > Pos-Graduacao completa (Ms + Dr) aos 25 anos. Isso não ocorre muito agora.
> >  Assim, ao escolher um curso técnico em música, um estudante de segundo
> > grau poderia OPTAR por TECNICO EM MUSICA em uma MODALIDADE "X" na qual ele
> > possa adquirir conhecimentos para AFINADOR DE PIANO entre outros. Poderia
> > também EVIDENTEMENTE fazer uma MODALIDADE TECNICA "Y" para INTERPRETE
> > INSTRUMENTISTA. Ou Talvez "W" para COMPOSICAO. Ou mesmo "Z" para
> > Etnomusicologia básica, etc. Há muitas possibilidades. Não estão todas aqui,
> > somente algumas para exemplificar. Talvez nem sejam as denominações certas,
> > pois estou pensando junto com Vcs. Mas seria algo nesse caminho o que vejo.
> >  Cordial abraço
> >  Mannis
> >
> >  ------------------------------
> > *De:* anppom-l-bounces em iar.unicamp.br [mailto:anppom-l-bounces em iar.unicamp.br<anppom-l-bounces em iar.unicamp.br>]
> > *Em nome de *Lopes Moreira
> > *Enviada em:* terça-feira, 10 de abril de 2007 08:52
> > *Para:* ANPPOM
> > *Assunto:* Re: [ANPPOM-L] Area academica e area tecnica
> >
> > Caros colegas, Não seria papel da extensão universitária o oferecimento
> > de cursos para a formação de Técnicos, Copistas, DJs, Técnicos em
> > sonorização, Afinadores de Piano, Produtores, Redator de Release, Assistente
> > de som, etc? Abraços a todos,Adriana Lopes Moreira (USP)
> >  ------------------------------
> > *De:* anppom-l-bounces em iar.unicamp.br [mailto:anppom-l-bounces em iar.unicamp.br<anppom-l-bounces em iar.unicamp.br>]
> > *Em nome de *Jorge Antunes
> > *Enviada em:* segunda-feira, 9 de abril de 2007 11:55
> > *Para:* anppom-l em iar.unicamp.br
> > *Assunto:* [ANPPOM-L] Area academica e area tecnica
> >
> > Caro Mannis:
> >
> > Acho que estamos quase de acordo.
> > Mas existe um aspecto que, por ser comum em minha seara, pensei que
> > fosse óbvio e também comum nas outras Universidades brasileiras.
> > Aqui na UnB o estudante que faz o curso de Composição faz, além das
> > disciplinas tradicionais (harmonia, contraponto, fuga, análise,
> > instrumentação, orquestração, etc), estas outras: Prática de Gravação,
> > Tecnologia Musical (síntese, análise, ressíntese, C-sound, softwares),
> > Acústica Musical (a Física do som, Psicoacústica e Acústica de Salas),
> > Música Eletroacústica (softwares de gravação, processamento, montagem,
> > edição, mixagem).
> > A penúltima vez que ministrei Estágio Supervisionado em Composição
> > Musical (disciplina do último semestre, em que se prepara o concerto de
> > formatura), fizemos realização conjunta com o Departamento de Comunicação:
> > os formandos em Composição Musical compuseram as trilhas sonoro-musicais
> > para os filmes dos formandos em Cinema.
> > O que temo é, na Universidade, para atender à demanda do mercado,
> > começarmos a abrir cursos de um e dois anos para formação de Técnicos,
> > Copistas, DJs, Técnicos em sonorização, Afinadores de Piano, Produtores,
> > Redator de Release, Assistente de som, etc.
> > Profissionais nessas áreas, com excelência, devem ser formados. Mas não
> > na Universidade. Técnicos na área musical, aqui em Brasília, são formados no
> > Ensino Médio: na Escola de Música de Brasília.
> > Em todas as Unidades da Federação deveria haver Ensino Médio e Técnico
> > nessas áreas técnicas.
> > Abraço,
> > Jorge Antunes
> >
> >
> > ________________________________________________
> > Lista de discussões ANPPOM
> > http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
> > ________________________________________________
> >
>
>
-------------- Próxima Parte ----------
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