[ANPPOM-L] pós-modernidade ou paradoxos da modernidade?
silvio
silvio.ferraz em terra.com.br
Dom Jul 22 11:49:33 BRT 2007
caro rubens
como deixar os padrões medianos da Ind.cultural
de fora se o q caracteriza o pós-modernismo é a
produção de arte como mercadoria de consumo
rápido (insisto na leitura de livros sobre o
assunto).
no Brasil existe um uso corrente do termo
pós-moderno pq ele alivia a alma daqueles que se
mantinham numa arte tradicionalista, sobretudo de
cunho nacionaL.
só q numa lidinha rápida em jameson, vale ver q o
verdadeiro músico pomô é o DJ.
abs
silvio
>caros colegas da anppom,
>1) o q se chama pós-moderno talvez sejam
>tão-somente novos casos de paradoxo da
>modernidade (já houve vários destes casos na
>música - por exemplo, o neoclassicismo dos anos
>20-40, o jdanovismo dos anos 50 etc. - antes
>mesmo que os filósofos tentassem interpretar a
>tal pós-modernidade enquanto conceito);
>2) aliás, pós-modernismo ou valetudismo?
>(seguramente "nem tudo é relativo", como diz o
>Prof. Hilton Japiassu)...
>3) mesmo em nossos tempos seguramente
>pós-vanguarda há ainda tanto jovens epígonos
>modernistas como demais compositores apenas
>convencionais...
>ps: e, já que estamos falando de música,
>deixemos os padrões medianos da indústria
>cultural fora da questão...
>rubens ricciardi
>
>----- Original Message -----
>From: <mailto:silvio.ferraz em terra.com.br>silvio
>To: <mailto:sandramontreal em hotmail.com>Sandra
>Reis ;
><mailto:anppom-l em iar.unicamp.br>anppom-l em iar.unicamp.br
>Sent: Saturday, July 21, 2007 12:36 PM
>Subject: Re: [ANPPOM-L] FWD: TRADI ÇÃ O E
>RUPTURA - John Corigliano e a m ú sica do
>presentepor Matheus G. Bito ndi
>
>sandra e carlos cobertos de razão.
>vale pegar dois livros muito pouco lidos pelos
>brasileiros que gostam de pós-modernismo:
>a condição pós-moderna de Lyotard e pósmodernismo e jameson.
>ora, nos dois o termo é claramente uma crítica à
>forma de relações humanas nascidas do
>capitalismo recente.
>nos dois livros é clara a noção de último homem,
>alertada por nietzsche, para falar do nihilismo
>ao qual chegaríamos.
>para checar tanto, basta ler o artigo e
>entrevistas com artístas ditos pós-modernos e
>notar que todo o entusiasmo do discurso das
>utopias dos anos 50 se desfaz num ressentimento
>e no tanto faz, sobretudo tanto faz qdo aquele
>que tanto faz tem condições financeiras que
>beiram a agressão.
>Por outro lado, esta coisa de misturar, isto não
>era antropofagia? e antropfagia não é uma coisa
>do modernismo de oswald? O q isto tema ver com
>pós-modernismo?
>
>silvio ferraz
>
>
>>Amigos,
>>
>Estou de acordo com a postura crítica do Carlos Palombini.
>
>Para iniciar, não aprecio o termo
>Pós-Modernismo. É muito confuso. Se Descartes
>foi o introdutor da Idade Moderna, se Baudelaire
>chamava o seu momento de Modernidade, se ser
>moderno é estar dentro do agora de seu tempo,
>não existe "Pós-Modernismo" mas sim,
>Pós-Modernismos.
>
>Inventaram o termo, o coro dos influentes gostou
>e impuseram na área de artes um epíteto que os
>pósteros vão ter de agüentar?
>
>Quando estive no Canadá , o Pós-Modernismo era
>visto como uma justaposição de tendências no
>tempo atual, validando todos os estilos
>suprassumidos no tempo histórico em pé de
>igualdade como fonte de inspiração e meio
>para exercitar e dar forma à criatividade no
>momento hodierno.
>
>A partir daí, comecei a "engulir" o termo com
>menos sofrimento porque passei a ver o
>Pós-Modernismo como a expressão de liberdade no
>nosso tempo : cada um deve criar como deseja, de
>acordo com suas tendências e ideais, sem ter de
>seguir as determinações de um grupo que se acha
>dono da história. Se alguém deseja ressuscitar,
>por exemplo, o estilo de Palestrina, está no seu
>direito e certamente fará algo novo pois nunca
>"atravessamos o mesmo rio, em cada momento, ele
>está diferente", como disse o nosso colega
>Heráclito, no VI século antes de Cristo.
>
>Daí, que as preferências ocorram é muito
>natural, mas dizer que X, Y ou Z são os modelos
>de Pós-Modernismo, é voltar às ditaduras do
>poder na história que é feita a partir das
>"estrelas" eleitas pelos historiadores e
>teóricos que se concentram em determinados
>pontos como abelhas no mel, sem vislumbrar
>outras riquezas ao seu redor.
>
>Um abraço para todos,
>
>Sandra Loureiro de Freitas Reis
>
>From: carlos palombini <palombini em terra.com.br>
>To: ANPPOM <anppom-l em iar.unicamp.br>
>Subject: Re: [ANPPOM-L] FWD: TRADI ÇÃ O E
>RUPTURA - John Corigliano e a m ú sica do
>presentepor Matheus G. Bito ndi
>Date: Fri, 20 Jul 2007 22:05:01 -0300
>>
>>Achei muita coisa estranha neste artigo.
>>
>>[1] É estranho ver Gilberto Mendes descrito como o representante
>>brasileiro do pós-modernismo. Matheus Bitondi não deve ter lido o
>>prefácio que o compositor santista escreveu para o livro em que Jorge
>>Antunes publicou sobre Jorge Antunes, _Uma poética musical brasileira e
>>revolucionária_. Considerem este excerto:
>>
>>"Neste momento em que o hip-hop e DJs são elevados, pela mídia, à
>>importância de Stockhausen, Berio, Pousseur, este livro de análises das
>>obras de Antunes vem em boa hora, como reação a esta descaracterização
>>das diversidades. Vem para colocar as coisas em seus devidos lugares,
>>mostrando o que é de fato um compositor voltado para uma música
>>realmente de invenção. Um compositor que pensa a música, como um
>>artista, como um homem da alta cultura."
>>
>>[2] É estranho ver o "ecletismo" de um compositor norte-americano dos
>>séculos XX e XXI ser apresentado como tendo raízes em Monteverdi,
>>Tchaikovski e Dvorak e, portanto, não sendo realmente novo. O serialismo
>
> >integral de Boulez não combinava Webern, Messiaen, Varèse, Cage e
>>Stravinski? E o dodecafonismo
>>de Schoenberg não era a conseqüência necessária de Brahms, Mozart, Bach,
>>Beethoven e Wagner? Por que o pós-modernismo de uns necessita reduzir-se
>>às mesmas narrativas historiográficas que o modernismo de outros? E por
>>que estas estruturas narrativas são usadas ao mesmo tempo para
>>justificar os modernistas como conseqüência lógica da tradição e
>>desqualificar os pós-modernos como nem tão novos assim?
>>
>>[3] É estranho ver os compositores ditos pós-modernos só podendo ser
>>compreendidos se colocados em oposição ao serialismo integral, como se
>>só o serialismo integral os tivesse precedido e nos anos cinqüenta não
>>houvesse mais nada de novo acontecendo no mundo. Não houve Cage? Não
>>houve Scelsi? Não houve Messiaen? Não houve Varèse? E não houve o soul,
>>o gospel, o rock, o twist, o cool jazz? E não houve Villa-Lobos, Camargo
>>Guarnieri, o baião, Ary Barroso, Ângela Maria, a bossa nova?
>>
>>--
>>cvp
>>
>>
>>silvio escreveu:
>> > interessante a frase:
>> >
>> > " A libertação das amarras seriais e a
>> > conseqüente reabertura dos ouvidos para toda a
>> > história da música"
>> > afinal de contas ela era usada antes de outro
>> > modo: "a liberação da música das amarras do
>> > tonalismo", "a liberação do som". E não houve
>> > época mais aberta a ouvir toda a história do que
>> > os anos 50 e 60, nas classes de messiaen e
>> > maderna.
>> >
>>
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