[ANPPOM-L] Ai, que susto! e bota susto nisto!

Rubens Ricciardi rrrr em usp.br
Dom Jun 3 22:41:03 BRT 2007


Ai, que susto! e bota susto nisto!caríssimo Silvio Ferraz,

sobre os teus citados "preconceitos" em relação às "comunidades", só espero que vc, por outro lado, não esteja tão-somente assumindo uma visão sociologicamente redutiva e ignorando as reais dimensões do problema enquanto música...

um abraço do Rubens Ricciardi
  ----- Original Message ----- 
  From: silvio 
  To: anppom-l em iar.unicamp.br 
  Sent: Sunday, June 03, 2007 3:58 PM
  Subject: [ANPPOM-L] Ai, que susto! e bota susto nisto!


  bravo por tua mensagem alexandre
  realmente interessante a leitura e a argumentação.
  no mais:
  antes que nos apavoremos com coisas que pertencem a comunidades das quais não entendemos nada (vale a pena ler um pouco ou ouvir as entrevistas com juninho do complexo do alemão pra entender que estamos por fora de uma dinâmica muito mais complexa do que nossos preconceitos)...
  então, antes que nos apavoremos mais
  vale a pena entrar na página abaixo e assinar a petição contra a aprovação da lei rouanet para templos, projeto do crivelinha (prb-rio; mais conhecido por ser sobrinho do edir maicedo).
  http://www.petitiononline.com/cult2007/petition.html


  não precisa assinar ou visitar a página, assim como também não era necessário visitar a página sugerida pelo carlos palombini (a qual eu ainda não tive paciência de visitar).


  silvio ferraz


  petição:


  To:  Congresso Nacional do Brasil

  O Senado está a um passo de aprovar um projeto de lei, de autoria do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), sobrinho de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus) que incluiria as igrejas entre as beneficiárias do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Mais conhecida como "Lei Rouanet", aprovada em 1991 pelo Congresso Nacional, o Pronac permite que empresas invistam em projetos culturais até 4% do equivalente ao Imposto de Renda devido. O projeto chegou a ser aprovado em caráter terminativo na Comissão de Educação, mas um recurso para que fosse apreciado pelo plenário impediu que seguisse para a Câmara. Uma emenda apresentada pelo senador Sibá Machado (PT-AC) obrigou a volta do texto para a comissão. Ainda precisará ser votado no plenário do Senado e depois ir à Câmara. Como o projeto original fazia referência apenas a "templos", sem especificar sua natureza, ao estender a eles os benefícios da Lei Rouanet, o senador Sibá considerou necessário acrescentar um adendo. A emenda, que teve o parecer favorável do senador Paulo Paim (PT-RS), foi aprovada pela Comissão de Educação e deixa mais claro que o Pronac poderá ser usado para contemplar não só museus, bibliotecas, arquivos e entidades culturais, como também "templos de qualquer natureza ou credo religioso". A proposta agora segue novamente para o plenário, onde alguns senadores prometem reagir contra a idéia. Está mais do que na hora de as pessoas envolvidas e/ou preocupadas com a verdadeira cultura em nosso País, reagirem e tomarem uma providência.

  Sincerely,





    Prezada Stela e colegas,

    Acho que ficou claro que o Palombini quis destacar a clareza do 
    preconceito à música funk, evidenciando os avisos destinados a seus 
    ouvintes que não surgiam para o acesso ao material equivalente que o 
    gerou, e não divulgar materiais pornográficos. Talvez pudesse ter 
    deixado isso mais claro, mas talvez tenha imaginado que seria esse o 
    olhar que prevaleceria.

    Apesar de também ser parcialmente indignado com a carência melódica, 
    harmônica e rítmica do "funk marginal" (se é que tal conceito é 
    válido, mas aqui uso apenas para diferenciá-lo de suas variações mais 
    bem aceitas pela casta crítica, como James Brown, Tim Maia ou 
    Fernanda Abreu), nas raras em que identificamos tais elementos, não 
    podemos deixar de observá-lo - e admiti-lo - como manifestação 
    legítima, originária de um grupo social bem definido, que assim se 
    mostra capaz de encontrar na vastidão desse vazio educacional a que é 
    relegado, essas duas ou três ferramentas com as quais grita, existe, 
    cria identidade própria e experimenta uma fração mínima da auto-
    estima que lhe é permitida por sua desgraça, com a qual lida sem que 
    lhe permitam sequer drogar-se, como se aplica morfina aos enfermos 
    com dores extremas. Se tivemos a melhor educação pré-escolar, eles 
    tiveram valas negras para brincar, e baixar os olhos e mudar de 
    assunto não ajuda a melhorar o conteúdo da internet.

    Seus "manipuladores" são empresários tão gananciosos quanto os mais 
    pródigos empreiteiros, mas com formação equivalente aos da música que 
    promovem, são incapazes de nos distrair de modo a tornarem-se 
    aceitáveis, e 15 minutos de conversa com os administradores do 
    conglomerado Furacão 2000 eliminam qualquer dúvida. Por qualquer 
    definição isenta em que se apóie, não há como excluir tais 
    manifestações do conceito de cultura popular apenas por haver 
    exploradores de sua difusão, sob pena de condenarmos também as 
    rendeiras do Ceará, o artesanato de Pernambuco e outras manifestações 
    inquestionáveis que, integradas a um sistema que não abre exceções 
    românticas, condena indiscriminadamente à miséria ou ao dinheiro e o 
    mercado da esquina. Talvez seja necessário refletir sobre a dor de 
    perceber tantas características desconfortáveis no funk marginal. Não 
    sou pesquisador do tema, e devo estar aglutinando subdivisões, 
    estilos e tendências diversas que integram uma classe específica de 
    produtos, mas capitulemos ao fato de que são oferecidos e consumidos 
    de forma muito semelhante aos produtos culturais "legitimados" por 
    nossa elite pós-graduada.

    O arrombamento de tradições locais pela difusão indiscriminada da 
    cultura do Alto Leblon através das novelas da Globo é pornografia 
    pura; a passividade com que nos mantemos ignorantes e assistimos o 
    ECAD funcionar para a cupidez de seus controladores, sem qualquer 
    fiscalização pública, é pornográfica, imoral e vergonhosa; o lucro do 
    Bradesco (apenas um dentre os 20 bancos enormes) apenas no 1º 
    trimestre de 2007, é escatológico, rendendo R$ 19 mil por DIA a quem 
    detenha reles 0,1% de suas ações. Mas a meia-dúzia de centros-
    culturais com que conseguem tornar decente esse estupro são 
    usufruídos por quem irá rejeitar as manifestações do grupo de 
    degradados que, ingênuos e servis como a mulher que descreve, 
    alimentam cada centavo dessa pedofilia pública. Fazem isso ao arcar 
    religiosamente com juros criminosos praticados pelos atravessadores 
    das migalhas eletrodomésticas com que nos sentimos atenuando o abismo 
    dessas diferenças. Então, com suas migalhas, patrocinam as nossas 
    orquestras, as novelas da Globo, "viabilizam os seus sonhos" e fica 
    tudo certo. Se pagarmos melhor à nossa empregada doméstica, não 
    sobrará para a viagem à Paris, e ainda é comum exigir-lhes, nas mais 
    imaculadas famílias, que não estudem, para elidir suas já remotas 
    chances de galgar ascenção social. E temos a cara-de-pau de não 
    lembrar o nome do picareta em quem votamos, de torcer o nariz para 
    quem reclama das coisas no restaurante, em apontar arrogância nos que 
    buscam aprimorar a comunicação com melhor vocabulário. Chique é não 
    precisar: que loucura!

    Imagino que a origem de sua indignação se remeta muito mais à culpa - 
    que não nos permitimos sentir - ao tolerar essas pornografias mais 
    graves, malgrado plenamente abastecidos com conceitos ampliados pelo 
    conhecimento de línguas e linguagens, com as quais refinamos o humor 
    em rodas de chá importado antes do concerto no Municipal, comprado 
    com dinheiro que tantos privilégios reduziram a chance de não tê-lo. 
    Temos todas as ferramentas para censurar tantas pornografias, mas os 
    depravados são tão competentes que conquistaram - não sem a 
    colaboração de um certo medo cívico nascido nos anos de chumbo -  o 
    nosso constrangimento até para falar dela, quiçá para implementá-la. 
    Penso que, enquanto mantivermos o olhar insular, e olharmos os 
    funkeiros como os "outros", invasores de nosso castelo de cultura 
    ocidental européia, só teremos deles melodias assim tão simples, com 
    conteúdos assim tão primários, quando muito. Assim, jamais seremos 
    candidatos ao primeiro mundo já que, nos indignemos ou não, são 
    também habitantes de um mesmo reino que, para ter acesso à simples 
    curiosidade pelo que não lhe causa estímulos orgânicos, precisam não 
    temer por sua vida, por sua sobrevivência ou por seu futuro, quando 
    são heróis e chegam a ter um.

    Me perdoem a ênfase e a extensão.
    Abraços!

    Alexandre



    On Jun 3, 2007, at 11:55 AM, Stela Brandao wrote:

    > Que lamentável tudo isto! Muito mais lamentável ainda ser a lista 
    > da ANPPOM
    > veículo de propagação  de coisa desse gênero, dessa crescente 
    > degeneração da
    > cultura popular facilitada e promovida pelos veículos de 
    > comunicação em
    > massa. É mesmo para baixar de vez o nível do pensamento do povo, 
    > que já
    > tinha uma concentração pélvica de proporção mais do que exagerada,
    > patológica até, para rebaixá-la ainda mais ao cano de esgoto.  As 
    > pessoas
    > não precisam desse tipo de aula. O sexo está sendo instrumento de
    > bestialização da humanidade em geral e do Brasil muito em 
    > particular.  Seria
    > interessante lembrar que nós, seres humanos, temos outros centros 
    > para onde
    > fazer ascender a energia criativa gerada no chacra básico onde se 
    > encontram
    > nossos órgãos genitais.  Toda essa vulgaridade está íntimamente 
    > ligada à
    > cultura da violência (as letras do "Funk" bem o demostram), à 
    > exacerbação
    > fálica da pior espécia, negando ao homem a possibilidade de nobreza e
    > auto-domínio e  reduzindo a mulher ao seu pior papel de servilismo 
    > sexual; à
    > exaltação da libidinagem como um valor supostamente ligado à liberdade
    > individual, quanto mais degradante melhor, reduzindo a libido, ou 
    > energia
    > criativa, a um brinquedo perigoso de mentes incultas e ignorantes. 
    > Isto tudo
    > não tem nada a ver com Arte, com liberdade, com cultura! Se é 
    > cultura, eu
    > abomino essa cultura  e conclamaria os jovens a educarem o seu 
    > pensamento e
    > a impulsionarem sua energia vital em outras direções de verdadeiro
    > significado e auto-conhecimento para a edificação da cultura de seu 
    > país.
    > Se há algum mérito em expôr tais baixarias na TV, Internet, etc., 
    > que seja
    > para acender um debate sobre os rumos da cultura popular e da 
    > educação atual
    > e avaliar os seus efeitos na consciência de uma sociedade, de um povo.
    > Stela Brandão, EdD
    >
    >
    > ----- Original Message -----
    > From: "carlos palombini" <palombini em terra.com.br>
    > To: "ANPPOM" <anppom-l em iar.unicamp.br>
    > Cc: "Leonardo Aldrovandi" <leoaldrovandi em yahoo.com.br>;
    > <rafael_nassif em hotmail.com>
    > Sent: Sunday, June 03, 2007 9:27 AM
    > Subject: [ANPPOM-L] Ai, que susto!
    >
    >
    >
    > O Youtube é muito bom: encontram-se lá desde a execução de obras de
    > Xenakis ou _Vingt regards_ de Messiaen até um outro tipo de obra-
    > prima.
    >
    > [quem não gostar de funk carioca, por favor, não leia o que se segue]
    >
    > A sexóloga do SBT deu uma aula de sexo anal, que é, por si só, uma das
    > coisas mais engraçadas da web:
    >
    > www.youtube.com/watch?v=vDkoyWDT3TE
    >
    > O DJ Raphael Mendes fez o que precisava ser feito: transformou a 
    > aula de
    > sexo anal do SBT num funk que é uma das coisas mais engraçadas do 
    > funk:
    >
    > www.youtube.com/watch?v=hEmswlmOHjk
    >
    > Mais engraçado ainda é que vc acessa sem problemas a aula da sexóloga.
    > Todavia, para acessar o "Funk da aula de sexo anal", que contém apenas
    > --- e contém muito menos do que --- a professora disse, vc necessita
    > concordar que:
    >
    > "This video may contain content that is inappropriate for some 
    > users, as
    > flagged by YouTube's user community. By clicking 'Confirm', you are
    > agreeing that all videos flagged by the YouTube community will be
    > viewable by this account."
    >
    > A quem quiser experimentar, é bom lembrar que são 20 dias de estudos
    > preliminares.
    >
    > --
    > cvp
    > ________________________________________________
    > Lista de discussões ANPPOM
    > http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
    > ________________________________________________
    >
    > ________________________________________________
    > Lista de discussões ANPPOM
    > http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
    > ________________________________________________



    ________________________________________________
    Lista de discussões ANPPOM
    http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
    ________________________________________________

    E-mail classificado pelo Identificador de Spam Inteligente Terra.
    Para alterar a categoria classificada, visite
    http://mail.terra.com.br/cgi-bin/imail.cgi?+_u=silvio.ferraz&_l=1,1180894713.401027.21403.ladigue.hst.terra.com.br,12735,Des15,Des15

    Esta mensagem foi verificada pelo E-mail Protegido Terra.
    Scan engine: McAfee VirusScan / Atualizado em 01/06/2007 / Versão: 5.1.00/5044
    Proteja o seu e-mail Terra: http://mail.terra.com.br/




------------------------------------------------------------------------------


  ________________________________________________
  Lista de discussões ANPPOM 
  http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
  ________________________________________________


------------------------------------------------------------------------------


  Internal Virus Database is out-of-date.
  Checked by AVG Free Edition.
  Version: 7.5.446 / Virus Database: 269.0.0/756 - Release Date: 6/4/2007 00:00
-------------- Próxima Parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: <http://www.listas.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20070603/dae3ad2d/attachment.html>


Mais detalhes sobre a lista de discussão Anppom-L