[ANPPOM-L] Qual a música que queremos em nossasUniversidades?

Jorge Antunes antunes em unb.br
Dom Out 14 22:09:57 BRST 2007


Prezado Palombini:

Quando você diz que "alguns dos bons músicos eletroacústicos afirmam alguma coisa" dá a impressão que você acredita que todos consideram serem bons músicos eletroacústicos, aqueles que você considera serem bons músicos eletroacústicos.
Isso é bastante equivocado. Há controvérsias.
O solfejo tradicional ensina bastante. Por exemplo, ensina que um som agudo faz as cordas vocais vibrarem com freqüência maior do que a de um som grave. Eu não sei em que estágio você está quando usa o termo "tradicional". Eu, de minha parte, considero tradicional o Solfège do Schaeffer. Eu considero tradicional, também, o dodecafonismo e o serialismo integral.
Mas o bom músico deve, em favor de uma boa formação, estudar todas as linguagens e técnicas tradicionais.
O fenômeno da música eletrônica tum-tis-tum demonstra isso. Muitos de seus praticantes, sem qualquer informação técnica e histórica, andavam pensando estar fazendo coisas novas, sem saber que estavam inventando a roda. Desconhecem, por exemplo, a Reine Verte e o Rock Eletrônico que Pierre Henry compôs em 1963 e o Movimento Browniano que compus em 1968.
Abraço,
Jorge Antunes



carlos palombini wrote:

> Um exemplo análogo e muito claro é fornecido no âmbito da própria música
> eletroacústica. O número de compositores ditos eletroacústicos é,
> infelizmente, bem menor do que o de torcedores do Flamengo. Todavia,
> alguns dos bons músicos eletroacústicos afirmam que o treinamento
> tradicional não é de muito uso no que diz respeito à prática da
> composição eletroacústica ou, pelo menos, daquela parte da composição
> eletroacústica que se preocupa com a coerência entre o material sonoro
> escolhido (i.e. sons que não se coadunam com as normas do solfejo e da
> teoria musical "tradicionais") e sua organização. O que o solfejo
> tradicional ensina quando se trata da organizar o campo das alturas a
> partir de sons que não expressam o valor altura de acordo com as normas
> do solfejo tradicional? O que ele ensina quando se trata de organizar o
> campo das durações a partir de sons que não expressam a duração de
> acordo com a métrica divisiva? No âmbito da música popular brasileira,
> Carlos Sandroni explicou muito bem o que acontece no segundo caso: surge
> a "síncope brasileira".
>
> Carlos Palombini
> palombini em terra.com.br
>
> Jorge Antunes escreveu:
> >
> > Você afirma que o domínio do contraponto europeu não capacita a
> > compreender as polifonias vocais do Pacífico.
> >
> --
> carlos palombini (dr p)
> professor adjunto de musicologia
> universidade federal de minas gerais
> <cpalombini em gmail.com>
>
> "...notre haine commune des extrémismes inutiles, du maximalisme verbal (ces 'fardeaux qu'on attache aux épaules des hommes', comme dit le Christ dans les Évangiles) et de cette attitude qui consiste à rendre inutilement ardu le chemin laborieux de la création" (Michel Chion, janeiro de 2005)
>
> ________________________________________________
> Lista de discussões ANPPOM
> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
> ________________________________________________
-------------- Próxima Parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: <http://www.listas.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20071014/6ab1fea7/attachment.html>


Mais detalhes sobre a lista de discussão Anppom-L