[ANPPOM-L] Digest Anppom-l, volume 30, assunto 56

Leonardo Fuks cyclophonica em yahoo.com
Qua Out 17 11:58:08 BRST 2007


Professor Jorge Antunes
Exijo que o senhor se mantenha dentro do eixo que estamos discutindo e que nos proporcione uma satisfação às questões de natureza acadêmica e ética que o senhor mesmo lançou e desenvolveu.
Tenho certeza de que diversos membros da lista estão interessados em saber as motivações para as palavras e atos verbais contidos nas mensagens precedentes.
Fiz uma série de observações educadas, respeitosas e, acredito, cientificamente embasadas, sobre suas mensagens, em seguida eivadas de respostas depreciativas e ofensivas à minha pessoa, à minha função e à própria categoria de professor universitário, justamente no dia seguinte ao do MESTRE. 
Não ficarei satisfeito com uma mera mensagem individual, que eu terei de ler na solidão de meu computador e impossibilitado,  por questões éticas e legais, de divulgar aos outros colegas. Esta modalidade de resposta caracterizaria uma atitude anti-acadêmica e contrária a tudo que o senhor vem pregando durante todos estes anos.
Eis o momento oportuno do senhor responder PUBLICAMENTE  sobre o assunto técnico tratado e, se desejar, explicitar abertamente o tipo de mensagem contido em "Vai pra página 135, item 129, sem sons vocais!". 
Estamos , todos nós da lista da ANPPOM, aguardando sua resposta sábia e corajosa. 

Atenciosamente, 

Leonardo Fuks, PhD 
Professor Adjunto de Acústica Musical e de Fisiologia da Voz 
Escola de Música da UFRJ


+++++++

Subject: Re: [ANPPOM-L] Digest Anppom-l, volume 30, assunto 54
Prezado Leonardo:

Vou lhe responder por e-mail particular.
Essa discussão já está chegando ao limite do aceitável e
 interessante para os outros membros da lista.
Cordialmente,
Jorge Antunes





Leonardo Fuks wrote:

> Professor Antunes,
> Minha crítica não foi a respeito de seu novo livro que, como
 declarei, ainda não li. Não quer dizer que não gostei ou que não
 gostarei. Fiquei verdeiramente curioso, sobretudo pelo título "Sons novos para
 a Voz", que me lembrou o clássico " New Sounds for Woodwinds" de
 1967, escrito pelo brilhante Bruno Bartolozzi.
>
> Numa mensagem anterior o senhor me cumprimentava por meus trabalhos
 sobre vozes "difônicas", coisa que nunca foi objeto principal de meu
 estudo. Agora vejo que não posso nem aceitar tais salamaleques, pois o
 senhor provavelmente nunca leu meus trabalhos.
>
> Minha crítica foi a respeito de um termo que o senhor utilizou numa
 mensagem dirigida a esta comunidade toda.
> Não conheço nenhuma obra que se refira à voz do Louis Armstrong
 como sendo VOCAL FRY.
> Também Elza Soares frequentemente usa o GROWL. Se ela usa o FRY,
 não é algo tão característico de sua voz.
> Estou lhe respondendo dentro desta lista, pois todos as citações
 são a partir de suas mensagens dirigidas a todos. Todos são convidados
 a emitirem opinião, darem informações, discordarem ou concordarem, e
 desafio o senhor a dizer que cada um que discordar será
 anti-acadêmico e anti-ético e anticientificista infantil e academicamente leviano.
> Se o seu livro contém este tipo de afirmativa, e suponho que o
 tenha, agradeceria saber a fonte bibliográfica de tais considerações.
> Desta vez o senhor provavelmente não apenas errou nos termos que
 utiliza com seus colegas da academia, mas também errou ao utilizar de
 maneira equivocada os termos FRY e GROWL. Nada humilhante, nada
 vergonhoso; nós que acreditamos em atitudes academicamente éticas e
 científicas na pesquisa admitimos sem problemas cometer pequenos (ou grandes)
 enganos.
> Felizmente, para esta segunda categoria de erros cabe uma ERRATA.
>
> Sobretudo quando é um autor " que estuda todas as manifestações
 sonoro-musicais do mundo produzidas com o aparelho fonador, e os sons
 produzidos com outras partes do corpo, com objetos externos alterando a
 voz ou com a função de caixa de ressonância e todos os fonemas das
 línguas faladas do mundo desde aquelas do ocidente até o tâmil, o urdu,
 o árabe, o grego, o russo, o karbadiano, o esquimó, o talago, o
 hotentote, etc."
>
> A propósito, se são "sons novos para a voz", reunindo todos os
 estudos sobre todas as manifestações de todo o mundo de todas as línguas
 do planeta etc, onde mora o NOVO no seu livro novo ?
>
> A respeito de sua última recomendação, que depende da posse de seu
 livro ("Vai pra página 135, item 129, sem sons vocais!"), gostaria
 que o senhor a citasse explicitamente, para que saibamos se o senhor
 agora comete algo que vá além de um simples erro.
>
> Boa noite,
> Leonardo
>
> ++++++++++++++++++++++++++++++
> Colegas:
>
> Esta lista de discussão realmente alcança, no momento, estágio de
 enorme utilidade para a discussão acadêmica e científico-musical.
> Mais do que um meio de propaganda de papers publicados
 eletronicamente, funciona como uma instância crítica que nos ajuda a produzir os
 trabalhos acadêmicos.
> Opiniões sobre temas de interesse da área, enriquecem nosso debate
 e, mais importante ainda, o intercâmbio de nossas idéias e nossas
 pesquisas.
> Entretanto, ao se pretender emitir opinião sobre um trabalho, é
 importante, a bem da responsabilidade e para não se correr o risco de um
 anticientificismo infantil ou de uma leviandade acadêmica, fazê-lo
 sem conhecer o trabalho.
> É altamente anti-acadêmico e anti-ético emitir uma opinião sobre
 um livro e, em seguida, ter o desplante de dizer: "confesso não o ter
 ainda  lido."
> Sendo assim, fica evidente que o professor Leonardo Fuks se utiliza
 de um comentário exagerado quando duvida da extensão do conteúdo de
 um livro que estuda todas as manifestações sonoro-musicais do mundo
 produzidas com o aparelho fonador, e os sons produzidos com outras partes
 do corpo, com objetos externos alterando a voz ou com a função de
 caixa de ressonância e todos os fonemas das línguas faladas do mundo
 desde aquelas do ocidente até o tâmil, o urdu, o árabe, o grego, o
 russo, o karbadiano, o esquimó, o talago, o hotentote, etc.
> A propósito, é importante lembrar que o autor optou pelo uso da
 designação genérica "voz fry", para identificar e estudar os sons
 graves produzidos pela voz humana quando as cartilagens aritenóide se
 posicionam juntas de modo a que somente a parte anterior das cordas vocais
 vibrem.
> A designação desse tipo de produção vocal recebe os mais diversos
 nomes por diferentes autores: voz "creaky", voz "growl", voz "fry",
 voz "rumble"", voz "constricted".
> Para agrupar diferentes cantores e indivíduos que usam o mesmo tipo
 de técnica, foi adotada a nomenclatura "fry" para exemplificar com as
 performances de Ida Cox, Louis Armstrong, Elza Soares, nativos da
 língua africana hausa, da língua mon-khmer do Vietnam e outros.
> Para eventuais novos opinadores futuros que também adotem a
 não-acadêmica atitude do "não li e não gostei", só me restará uma nova
 resposta:
> Vai pra página 135, item 129, sem sons vocais!
> Humanamente,
> Jorge Antunes
>
>
>
>
>
>
>
> Leonardo Fuks wrote:
>
> > Estou certo de que esta lista pode prestar um grande serviço ao
 interlóquio dos nossos pesquisadores e demais interessados.
> > Mais do que um meio de propaganda de lançamentos de nossos
 produtos, funciona como uma instância crítica que nos ajuda a produzir os
 trabalhos acadêrmicos.
> > Concordo com o físico e músico Alexandre Bräutigam com relação
 à multiplicidade de efeitos e contextos vocais, dos quais a ampla
 antologia do Museu do Homem (Le Voix du Monde) por exemplo, representa
 apenas uma pequena fração do que existe. Sendo assim, fica evidente que
 o professor Antunes se utiliza de um termo exagerado quando descreve a
 extensão de seu trabalho ("estudando todas as manifestações musicais
 do mundo, produzidas com o aparelho fonador")...
> > Mas a propaganda é a alma do negócio:)
> >
> > Por outro lado, acho bem ousada e interessante a inclusão de sons
 fisiológicos no trabalho de Antunes (que confesso ainda não ter
 lido), alguns tidos como nojentos pela maioria, mas que certamente podem ser
 controlados e utilizados musicalmente. Recentemente li o livro
 infantil "AH, ECA, A ENCICLOPÉDIA DE TUDO QUE  É NOJENTO" de JOY MASOFF, da
 Ediouro, e me diverti um bocado!
> >
> > Devo, entretanto, observar que a voz de Louis Armstrong nada tem a
 ver com o Vocal Fry, segundo é descrito pelos principais autores do
 assunto em fisiologia da voz (e.g. Holien, Blomgren M & Chen Y, Herzel ,
 Titze, entre outros ).
> >
> > Em um trabalho com o cientista japonês Ken-Ichi Sakakibara e
 outros colaboradores nipônicos, pudemos demonstrar em maior detalhe o
 mecanismo do GROWL, que é o modo de voz de fato atribuído a Armstrong  
 (K.-I. Sakakibara, L. Fuks, H. Imagawa, and N. Tayama, “Growl voice in
 ethnic and pop styles” in Proc. Int. Symp. on Musical Acoustics (ISMA
 2004), Nara, Japan, April 2004.).
> > O paper pode ser encontrado em
 http://www.brl.ntt.co.jp/people/kis/paper/isma04.pdf
> >
> > É muito animador vermos que esta lista está congregando um
 número crescente de vozes pensantes, não raro colidentes e dissonantes, nos
 temas da música e musicologia.
> >
> > Leonardo
> >
> >
> >
> > >Antunes escreveu: -"Eu, de minha parte, tenho exemplos que
 demostram justamente o contrário.
> > > Para escrever meu mais recente livro, intitulado Sons Novos para
 a Voz,
> > > passei dois anos, de setembro de 2005 a agosto de 2007, estudando
 todas as
> > > manifestações musicais do mundo, produzidas com o aparelho
 fonador.
> > > Estudei todos os trabalhos de Hugo Zemp, Trân Quang Hai,
 Jean-Michel
> > > Beaudet, Jacques Bouët, Gilles Léothaud e Bernard Lortat-Jacob,
 sobre as
> > > práticas vocais contrapontísticas de Taiwan, Georgia, Albania,
 Itália, Ilhas
> > > Solomon, República da África Central (Pigmeus e Banda Linda),
 Etiópia e
> > > Indonésia."
> >

> > > Caro Eduardo:
> > >
> > > Obrigado por essas suas novas e brilhantes
> > > ponderações.
> > > Não vou me estender em minha resposta a você, porque
> > > acabei de enviar mensagem ao Carlos Sandroni que
> > > serve também como resposta para você.
> > > Lá, você verá, coloquei a questão das definições dos
> > > verbos compreender, entender, ouvir, escutar, etc.
> > > Possivelmente estejamos todos de acordo, mas
> > > enfrentando problemas de definições prévias de
> > > certos verbos e certos conceitos.
> > > Até mesmo com relação ao conceito de "música",
> > > sinto, neste rico e salutar debate, certas
> > > divergências.
> > > Mas eu gostaria de lhe dizer de minha total
> > > discordância com relação à sua hipótese, a mim
> > > aplicada, que aponta "a eleição de certos padrões
> > > sonoros como aceitáveis e de outros como
> > > não-aceitáveis, ou desviantes etc."
> > > Por favor, longe de mim tal atitude. Certamente você
> > > não conhece a minha história.
> > > Passei os mais importantes anos de minha juventude,
> > > no Rio de Janeiro, no período compreendido entre
> > > 1961 e 1964, sendo chamado de "doido" por colegas e
> > > professores, quando comecei a fazer minhas primeiras
> > > obras e experiências com o som eletrônico.
> > > Acusavam-me, na época, justamente dessa heresia:
> > > "uso de certos padrões sonoros não-aceitáveis, ou
> > > desviantes".
> > > Aliás, sempre e ainda hoje, a cada novo passo
> > > estético que dei e dou, ouvi e ouço a mesma
> > > avaliação dos conservadores.
> > > Assim, de meu ponto de vista não existe, no universo
> > > sonoro e musical de todo este planeta e de outros,
> > > nada que possa ser qualificado como padrão sonoro
> > > não-aceitável ou desviante.
> > > Aproveito para, mais uma vez, fazer propaganda de
> > > meu novo livro "Sons novos para a Voz". Lá você
> > > verá, na página 57, que faço um estudo sobre os sons
> > > do peido, que na página 50 está um estudo sobre os
> > > sons do arroto, que na página 46 estão técnicas de
> > > produção do som de vomição, e que na página 135
> > > estão referências ao repertório sonoro dos letristas
> > > que inclui o som de masturbação e o do coito anal
> > > sem sons vocais.
> > > Nas páginas 73-75 eu faço um estudo sobre a voz fry
> > > (Armstrong e Ida Cox). Aí está incluída a técnica
> > > usada pela confraria Bwiti, do Gabão,  que consiste
> > > na ingestão de ervas excitantes e irritantes que
> > > provoca a inflamação da laringe. Dessa forma o
> > > solista consegue os sons mais graves em sua voz fry.
> > > Em obras para coro, já usei, além do assobio, sons
> > > de pigarro e tosse.
> > > Você acha, então, que eu seria capaz de considerar
> > > não aceitável ou desviante algum padrão sonoro de
> > > outra cultura?
> > > Abraço,
> > > Jorge Antunes

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