[ANPPOM-L] o Tratado (era o DJ e o compositor)
carlos palombini
palombini em terra.com.br
Sáb Out 20 23:54:27 BRST 2007
Alexandre Bräutigam escreveu:
> Olá Carlos, Eduardo e demais interessados,
>
> Carlos escreveu:
>
> Em outras palavras, levar em conta o Tratado, como você intuiu, não
> seria aplicar a tipo-morfologia à análise do Infected Mushroom, mas
> discernir que características sonoras se manifestam como valores
> musicais nos trabalhos do IM e mostrar como estes valores se expressam
> e interagem.
>
> Para se entender o Tratado de Schaeffer é preciso lê-lo. É livro
> extenso , com muitos novos conceitos (pra quem nunca estudou ou ouviu
> falar de música eletroacústica/concreta), discussões estéticas e em
> outra língua. E isso apenas centrando-se neste livro, que tem mais de
> 40 anos de existência. Os estudos sonológicos posteriores de Bayle,
> Smalley, Chion e Wishart analisam ou buscam alternativas a partir da
> tipo-morfologia schaefferiana. E tudo isso fica perdido (desde as
> discussões práticas de discrição de um elemento sonoro-musical até as
> discussões teórico-estéticas promovidas por estes autores) quando
> monta-se a grade de um curso de composição em que se privilegia uma
> tendência ou sistema a outros. Não tenho nada contra o estudo do
> contraponto, da harmonia tonal ou de qualquer outra. Mas também
> incoerente que se gradue alguém em música passando-se ao largo destas
> discussões.
Sim, ler o Tratado é o mínimo. Bayle, Smalley, Chion e Wishart são, em
ampla medida, decorrências acessórias. Que o Tratado não seja leitura
obrigatória, como o Fux em cursos de contraponto, ou Hindemith ou
Rimsky-Korsakov em cursos de harmonia, ou Schenker ou Alan Forte em
cursos de análise, tanto melhor. Você já pensou que sem graça se o
Tratado fosse o livro que você tivesse que ler para se formar na UFRJ?
>
> Finalizou Palombini:
>
> A maioria dos alunos da Escola de Música da UFMG já ouviu falar no
> Tratado: detenho a exclusividade de uma disciplina obrigatória,
> portanto, todos têm que me suportar por pelo menos um semestre
> (coitados!). Anteontem, um aluno (paulistano) estreou na Mostra de
> Composições da Escola um funk (carioca) cujo break é uma mistura de
> excertos do Cinco Estudos de Ruídos. Chama-se "Funk do Palomba". Se vc
> quiser, mando um mp3 pra vc analisar.
>
> Carlos, eu gostaria sim de ouvir a peça. Já tinha tido vontade antes..
> depois de ler o email do Eduardo, fiquei ainda com mais vontade. Pode
> me mandar, se puder! Mas te dou ainda uma sugestão: você (ou o seu
> aluno) poderia mandá-la para o Rodolfo Caesar inseri-la no Sussurro.
> Assim todos poderiam ouvir / baixar de lá.
Vou mandar pra você, mas o Eduardo não gostou. Também, o cara aprendeu a
gostar de funk batendo papo com Caetano Veloso... me pula!
Abraços,
Carlos
--
carlos palombini (dr p)
professor adjunto de musicologia
universidade federal de minas gerais
<cpalombini em gmail.com>
"...pra ser malandro, tem que ser muito malandro e, tirando alguns favelados, ninguém mais é malandro no Rio, porque malandragem que é malandragem já teria dado um jeito de formar com a favela e não ter que sair blindando carro: é muito gasto, e malandro nao gasta." (Denise Garcia, 2007)
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