[ANPPOM-L] Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos

Rogerio Budasz rogeriobudasz em yahoo.com
Qui Nov 25 17:40:39 BRST 2010


Depende da escola e do curso. Cursos com ênfase na performance geralmente exigem algum tipo de audição/entrevista, alguns mais abertos que outros (às vezes o aluno simplesmente envia uma gravação), seguida ou não por um exame escrito. Em muitos casos essa fase não é eliminatória, e às vezes é só um pretexto para que o aluno se matricule em algum curso de aproveitamento, trazendo mais dinheiro para a universidade.No programa de World Music, do Departamento de Etnomusicologia da UCLA, exige-se apenas que o candidato toque algo em instrumento de sua escolha (de qualquer tradição musical). Já o programa de Jazz do mesmo departamento é mais específico sobre o que tocar na audição, e há também um curto exame escrito. A mesma universidade tem outros dois departamentos de música, um que segue o modelo de conservatório (Departamento de Música) e outro, o Departamento de Musicologia, que segue o modelo humanístico (liberal arts), e
 oferece o diploma de graduação (major) em História da Música, sem exigir qualquer tipo de audição ou exame de ingresso. Para ficar apenas na Califórnia, algumas outras universidades do sistema UC exigem exame de ingresso, outras não. A UCR oferece o bacharelado em Música e em Música e Cultura, ambos seguindo o modelo humanístico (não são voltados à performance) e não exigindo audição ou exame de ingresso. Mesmo assim, temos vários conjuntos musicais e aulas de voz/instrumento. Por outro lado, a USC, que é uma universidade particular, segue o modelo do conservatório -- aliás, o maior do oeste dos EUA -- e exige audições e exames em todos os cursos de bacharelado, mesmo em Popular Music e Music Industry, mas abre a exceção para alguns minors (que é uma espécie de diploma secundário, algo que não parece existir no Brasil). Aliás, em várias outras universidades o exame não é exigido para alguns minors.O que fica disso é
 que não há um modelo único. As posturas são muito divergentes para admitir uma conciliação (aliás, acho que essa foi uma das razões para a ruptura da UCLA em três departamentos de música, cada um com uma diferente filosofia e oferecendo diferentes diplomas de graduação).  

Rogério


--- On Thu, 11/25/10, Marcos Câmara de Castro <mcamara em usp.br> wrote:

From: Marcos Câmara de Castro <mcamara em usp.br>
Subject: Re: [ANPPOM-L] Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos
To: "Carlos Palombini" <cpalombini em gmail.com>
Cc: anppom-l em iar.unicamp.br
Date: Thursday, November 25, 2010, 3:57 AM

Bom dia,

Eu gostaria de saber se nas universidades estadonidenses há teste de aptidão nos seus departamentos de música. 

Marcos

Citando Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>:

Exatamente, se gosto ou se não gosto de música eletroacústica, não vem ao caso. E meus argumentos não são fracos, proque não expus argumento algum. Ao invés, preferi expor a opinião antitética à predominante, de modo que as vozes discordantes se sentissem à vontade para se manifestar. E André Machado enunciou perfeitamente o argumento que faço meu. É significativo que simplesmente aventurar-se a mencionar a possibilidade de extinção da prova específica e os possíveis benefícios decorrentes desta extinção provoque respostas de cunho eminentemente retórico. Isto mostra a entronização de certo tipo de pensamento em nosso meio. É contra esse tipo de pensamento que declaro meu voto aqui.
  

  

  2010/11/24 Eduardo Patricio <epatricio em yahoo.com>
    

    
      
        
          
          
          
            

            

          
          
            

          
          É. Pela mensagem do André Machado, me parece que a posição do Palombini (e/ou reflexos dela) foi agora melhor captada. 
          
          A questão central seria menos sobre a existência ou não de testes específicos e mais a respeito da necessidade de um questionamento acerca dos objetivos e proposições dos cursos de música no Brasil - que apresentam sim um certo descolamento da realidade (histórico-social), e, que fique claro, não se trata aqui de uma questão puramente de mercado.
          
          
            

          
          Saudações
          
          
            

          
          Eduardo Patrício
          
          
            

          
          
            
_____________________________________
            
Eduardo Patrício
            
http://www.eduardopatricio.com.br
            
+55 41 8434-0480
            

          
          
            

          
          
            

            
               De: Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>
              
                
Para: anppom-l em iar.unicamp.br
                

              Enviadas: Quarta-feira, 24 de Novembro de 2010 1:02:13
              
                
Assunto: Re: [ANPPOM-L] Contraponto sobre possbilidades dos testes específicos
                

              
              
                
                
                
                  
Voilà!
                  

                  

                  2010/11/24 André Luís Cardoso Machado <andrelcmac em ig.com.br>
                    

                    Olá, se me permitem
                      

                      
O ensino superior em música é todo baseado na tradição européia que
                      
culminou na música erudita contemporânea. Os jovens que ingressam nas
                      
faculdades de música, como todos os outros, são um pouco
                      
inconsequentes. Se julgam poderosos e pensam poder vencer a realidade
                      
e se tornar grandes solistas ou reconhecidos compositores. Porém essas
                      
possibilidades já não existem, já tem algum tempo. O máximo que se
                      
pode conseguir é um reconhecimentozinho acadêmico. Não dá pra ganhar
                      
dinheiro nem com a música tradicional nem com a contemporânea. A não
                      
ser sob a égide do estado que não oferece(e nem deveria) vagas para
                      
todos.
                      
Em qualquer outra área a academia se veria obrigada a mudar seus
                      
rumos. Mas em nossa área específica, amparada inclusive por uma
                      
equivocada visão de toda a sociedade de que nossos valores são muito
                      
diferentes do resto, mantem-se tudo como está.
                      
Me parece que mudar o enfoque acadêmico vigente é como a reforma
                      
política. Todos sabem que ela é necessária, mas quem tem poder para
                      
realizá-la são os menos interessados.
                      

                      
Abraço a todos
                      
André Machado
                      

                      
Em 23/11/10, Carlos Palombini<cpalombini em gmail.com> escreveu:
                      

                      
                        
                        
                        > É outra possibilidade. Infelizmente, muito pouco na política da Capes e nada
                          
> na política do CNPq aponta nesta direção.
                          
>
                          
> 2010/11/23 Flavio <flateb em gmail.com>
                          
>
                          
>> Pelo visto, pode-se mesmo dizer que nada do que se faz na tal "área
                          
>> específica" de música presta ( "análises interpretativas",
                          
>> "instrumentista-pesquisador que nem toca nem faz pesquisa",
                          
>> "compositor-pesquisador cuja pesquisa é dizer o que quer que seja da
                          
>> música
                          
>> que só é ouvida por seus próprios colegas" etc.). Faltou apenas incluir a
                          
>> categoria de egrégios "pesquisadores" que não tocam, não cantam, não
                          
>> compõem, não diferenciam uma colcheia de um violão, costumam fugir de sala
                          
>> de aula e de orientações, mas encontram-se muito bem instalados e pagos
                          
>> em... Escolas de Música (vejam que coisa!). Enfim, acabemos com esse tipo
                          
>> também, pessoal, e assim podemos apagar todas as luzes de tão nefasta
                          
>> área,
                          
>> entregando os prédios (e principalmente a verba pública que alimenta, por
                          
>> exemplo, muitas bolsas de pesquisa) para a sociedade fazer de tudo isso um
                          
>> melhor uso.
                          
>>
                          
>>  Flavio Barbeitas.
                          
>>
                          
>>
                          
>> 2010/11/23 Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>
                          
>>
                          
>> Não, acabamos apenas com a prova de habilidades específicas, o que
                          
>>> resultará no fim do Conservatório Universitário, e no fim também das
                          
>>> intermináveis discussões sobre a "especificidade" da área, sobre quantos
                          
>>> artigos vale um concerto, sobre o número de artigos que substitui uma
                          
>>> dissertação na pós-graduação em performance, acabamos com as "análises
                          
>>> interpretativas" e tantos outros males, como o instrumentista-pesquisador
                          
>>> que nem toca nem faz pesquisa (ou faz de conta que faz, e se publica
                          
>>> porque
                          
>>> as revistas precisam de artigos para satisfazer as exigências de
                          
>>> periodicidade da Capes), com o compositor-pesquisador cuja pesquisa é
                          
>>> dizer
                          
>>> o que quer que seja da música que só é ouvida por seus próprios colegas,
                          
>>> e
                          
>>> poderemos pensar numa formação adequada e específica para
                          
>>> instrumentistas,
                          
>>> compositores, musicólogos, educadores etc. Não seria um benefício?
                          
>>>
                          
>>> 2010/11/23 Fernando Pereira Binder <fernandobinder em yahoo.com.br>
                          
>>>
                          
>>>> Muito bem,
                          
>>>>
                          
>>>> Primeiro acabamos com a prova de habilidades específicas para música.
                          
>>>> Depois acabamos com a prova geral (português, história, etc...).
                          
>>>> Daí acabamos com a alfabetização.
                          
>>>> Re-instituímos a igreja como guardiã do conhecimento ocidental (começada
                          
>>>> na última eleição).
                          
>>>> Pronto, voltamos todos à Idade Média em 4 etapas!
                          
>>>>
                          
>>>> Fernando Binder
                          
>>>>
                          
>>>>  Em 22/11/2010, às 10:07, Carlos Palombini escreveu:
                          
>>>>
                          
>>>>
                          
>>>>
                          
>>>>  2) Não exigir conhecimentos específicos desvaloriza a Lei 11.769/2008,
                          
>>>>> uma árdua conquista da área de Música que simboliza sua valorização,
                          
>>>>> pois
                          
>>>>> esta é comumente tratada de forma amadora pela sociedade. Atualmente,
                          
>>>>> há uma
                          
>>>>> verdadeira "indústria educacional" em torno da Educação Básica, pois
                          
>>>>> sua
                          
>>>>> função mais comum é oferecer acesso à Universidade, desvalorizando sua
                          
>>>>> própria utilidade educacional. Nesse contexto, há o risco de muitos se
                          
>>>>> perguntarem: "pra que estudar Música se para entrar no Curso de Música
                          
>>>>> não é
                          
>>>>> necessário estudar Música?";
                          
>>>>>
                          
>>>>
                          
>>>> Há um erro básico aqui: supor que estudar música seja solfejar, tocar um
                          
>>>> instrumento (ou cantar), ou compor. Como é isso que a maioria de nossos
                          
>>>> colegas sabe fazer, esse erro não será democraticamente erradicado. A
                          
>>>> prova
                          
>>>> específica tem a função de perpetuá-lo.
                          
>>>>
                          
>>>>
                          
>>>> --
                          
>>>> Carlos Palombini
                          
>>>> cpalombini em gmail.com
                          
>>>>
                          
>>>> ________________________________________________
                          
>>>> Lista de discussões ANPPOM
                          
>>>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
                          
>>>> ________________________________________________
                          
>>>>
                          
>>>>
                          
>>>>   _____________________
                          
>>>> Ajude a manter minha caixa postal limpa, não inclua meu endereço de
                          
>>>> email
                          
>>>> em listas de qualquer espécie. Obrigado. Fernando.
                          
>>>> Please, help me to keep my inbox clean. Do not include my email address
                          
>>>> in any sort of of list. Thank You. Fernando.
                          
>>>>
                          
>>>>
                          
>>>>
                          
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>>>
                          
>>> --
                          
>>> Carlos Palombini
                          
>>> cpalombini em gmail.com
                          
>>>
                          
>>>
                          
>>> ________________________________________________
                          
>>> Lista de discussões ANPPOM
                          
>>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
                          
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>> ________________________________________________
                          
>> Lista de discussões ANPPOM
                          
>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
                          
>> ________________________________________________
                          
>>
                          
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>
                          
>
                          
> --
                          
> Carlos Palombini
                          
> cpalombini em gmail.com
                          
>
                          

                        
                      
                    
                  
                  

                  

                  
--
                  
Carlos Palombini
                  
cpalombini em gmail.com
                  

                  

                
              
            
          
          
          
        
        
 
      
    
  
  

  

  
--
  
Carlos Palombini
  
cpalombini em gmail.com
  

  


Prof. Dr. Marcos Câmara de Castro
  
Departamento de Música
  
Universidade de São Paulo
  
Campus de Ribeirão Preto (SP)
  
http://camaradecastro.blogspot.com/
  
http://stoa.usp.br/marcos58/weblog/

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