[ANPPOM-L] STF e OMB

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Sáb Ago 13 17:23:41 BRT 2011


Olá, caro colega Rogerio:

*"Não se revoltaram as vanguardas do passado contra critérios rançosos de
competência artística? Quem estabelece os critérios para a avaliação da
competência artística, a academia ou o artista individual? Não estaremos
criando um monstro que vai nos morder daqui a pouco?"*

Evidentemente é a academia que deve estabelecer os critérios para a
avaliação da competência. Isso não pode ser feito por algum artista
individual ou algum grupo escolhido por sufrágio em pleito político.
Sua indagação faz-me voltar àquela observação de que pouco se sabe da Ordem
dos Músicos do Brasil no que concerne sua criação, a motivação que levou
José Siqueira à luta para sua criação, e ao próprio texto da lei que a
criou.
O artigo 28 da Lei Nº 3.857, de 22 de dezembro de 1960 em suas alíneas a, b,
c, d, e, e f estebele justamente isso: que os egressos da Academia, dos
Conservatórios, etc etc são admitidos e recebem suas habilitações
automaticamente sem burocracias ou testes.

Mas, meu caro amigo Rogério, você está me envolvendo e conseguindo fazer com
que eu me afaste de meu tema inicial. Você está me levando a opinar sobre a
OMB.
Não me sinto ainda suficientemente informado para opinar sobre a decisão do
STF. A questão que me indignou não foi a decisão do STF. O que me indignou
foi o conjunto de argumentos encontrados pelos Ministros para justificar a
decisão. Entre os argumentos, aquele que dizia: *a não regulamentação da
profissão de músico não causa danos sociais.*
Afirmações menos drásticas, ideologias e cientificismos menos radicais, já
fazem com que a área da Música seja pouco prestigiada e até menosprezada
dentro das Universidades. As afirmações dos Ministros do STF, se levadas ao
pé da letra e desenvolvidas, servirão de munição para o tiro de misericórdia
no ensino superior da Música. Esses pensamentos têm resultado em situações
preocupantes, junto à própria demanda da sociedade. Na UnB, por exemplo,
vivemos a seguinte situação: é cruel a luta por vagas, no vestibular, em
todas as áreas, menos na Música, onde muitas vezes as vagas não são
preenchidas por causa da falta de candidatos. Creio que a comunidade externa
já se convence de que para ser profissional de qualquer área é preciso fazer
a graduação e a pós-graduação, mas não para ser músico.
Abraço,
Jorge Antunes





Em 13 de agosto de 2011 13:12, Rogerio Budasz <rogeriobudasz em yahoo.com>escreveu:

> Maestro,
> Entendo a sua preocupação e solidarizo-me com a sua angústia, mas me parece
> que o senhor está falando de duas coisas distintas.
> Uma coisa é a defesa do músico perante o empregador e facilitando o seu
> acesso à seguridade social, coisas que o Sindicato deveria fazer.
> Mas não acredito que a OMB deva ter algum papel em regulamentar a arte.
> Volto a tocar no mesmo ponto: vamos agora entregar a um Zhdanov ou Goebbels
> tupiniquim a fiscalização da nossa competência artística? O senhor se
> submeteria a ter um burocrata da OMB avaliando a "competência
> técnico-musical" de sua obra?
> Não se revoltaram as vanguardas do passado contra critérios rançosos de
> competência artística? Quem estabelece os critérios para a avaliação da
> competência artística, a academia ou o artista individual? Não estaremos
> criando um monstro que vai nos morder daqui a pouco?
> Ou, voltando ao assunto anterior, será que a sua preocupação nesse ponto
> não é apenas com os intérpretes e operadores de som? Mais ou menos como a
> célebre queixa de Stravinsky sobre intérpretes que "interpretavam" demais?
> Mesmo assim, não consta que ele tivesse pensado em delegar a algum burocrata
> que fiscalizasse isso.
>
> abraço
> Rogério
>
>
> --- On *Sat, 8/13/11, SBME . <sbme em sbme.com.br>* wrote:
>
> O que defendo não tem nada a ver com jdanovismo, stalinismo, dirigismo
> estético. Tem a ver somente com competência artística, competência
> técnico-musical, ou seja, com tudo aquilo que lutamos construir em nosso
> trabalho nas Universidades.
>
>
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