[ANPPOM-Lista] avaliação qualitativa

Jorge Antunes antunes em unb.br
Seg Maio 13 07:51:57 BRT 2013


Olá:

Não concordo com esta afirmação do Prof. Haase:
O paradoxo é o seguinte: Os mesmos grupos e correntes que argumentam em
favor da transformação da realidade, da aceitação e convivência com as
diferenças, pela diversidade etc. e tal, são justamente aqueles que na
academia tentam eliminar as formas rivais de pensamento de maneiras por
vezes abjetas, incluindo perseguições, humilhações e desmoralização de
colegas, como tantas vezes já tive oportunidade de testemunhar.
Será que é assim que as coisas funcionam em Minas? Ou será que eu estou
alienado, num outro mundo?
Tenho observado exatamente o contrário. Até onde minha visão alcança, são
sempre os conservadores, os reacionários, os tradicionalistas, os
anticomunistas, os racistas, os homofóbicos, os direitistas, os
contracotas, e só eles, que promovem perseguições, fofocas, discriminações,
desmoralizações etc.
De modo geral, também percebo que algumas vezes aquilo que é chamado de
discriminação, na academia, na realidade não o é, pois muitas das vezes é
simples luta contra a mediocridade. Entenda-se "mediocridade" como sinônimo
de exiguidade, mediania. Em outras palavras: "não excelência".
Entendo também que, nos demais pensamentos do Prof. Haase está embutida uma
estranha discriminação: a que não reconhece a igual validade e importância
das duas vertentes científicas: a teórica e a experimental.
Abraços,
Jorge Antunes






Em 12 de maio de 2013 13:32, Damián Keller <musicoyargentino em gmail.com>escreveu:

> Oi Carlos,
>
> Obrigado pelo link para o trabalho do grupo de cognição social da UnB.
> Tem vários artigos interessantes aí:
> http://scienceblogs.com.br/socialmente/category/cognicao-social/
>
> Sobre os comentários de Vitor Haase, eles foram separados do contexto.
> Ele está argumentado explicitamente a favor da aplicação do método
> científico e faz uma crítica aguda à postura anticientífica na
> universidade brasileira:
>
> VH:
> > O resultado deste processo, na minha avaliação, é uma hegemonia de
> atitudes anticientíficas nas universidades brasileiras atuais. O ambiente
> entre professores e alunos é majoritariamente hostil à pesquisa científica,
> à testagem de hipótese e à busca de neutralidade no conhecimento
> científico. Todo um castelo de construções teóricas foi construído,
> procurando argumentar que não existe neutralidade na pesquisa, que
> interesses econômicos e de dominação são os motivos verdadeiros subjacentes
> à pesquisa, que a ciência é um aparelho ideológico do estado, um
> instrumento de dominação e hegemonia e etc.
>
> > A crítica ideológica é o caminho do menor esforço. Não há necessidade de
> ralar, de malhar, de estudar epistemologia, estatística, de aprender
> neuroanatomia, epidemiologia clinica, matemática, programação de
> computadores, controle de variáveis etc. Basta se apossar de um referencial
> teórico mínimo e sair por aí “interpretando”.
>
> O resumo desse enfoque está neste parágrafo:
> > Na tradição hermenêutica, que caracteriza o existencialismo/humanismo,
> psicanálise e psicossociologia, o objetivo da psicologia é construir um
> referencial interpretativo que auxilie na atribuição de sentido psicológico
> à experiência subjetiva humana. Se caracterizarmos a ciência pelo método
> hipotético-dedutivo-experimental, então estas disciplinas não são ciência.
> Seu conhecimento é de outro tipo. Mais relacionado com a sabedoria. Eu
> gosto de pensar assim: a perspectiva hermenêutica trata a experiência
> subjetiva como variável independente, quase lhe atribuindo um estatuto de
> fator explicativo causal. Já na perspectiva científico-natural, a
> subjetividade é concebida como uma variável dependente, ou seja, algo que
> precisa ser explicado em função de fatores genéticos, da estrutura
> anátomo-funcional do cérebro, das experiências de aprendizagem etc.
>
> Os exemplos que VH menciona, justamente apoiam a ideia de que as
> ciências humanas precisam de métodos quantitativos:
>
> > Nos países de língua alemã, p. ex., o curriculum de graduação em
> psicologia pode compreende até uma dúzia de disciplinas relacionadas a
> métodos quantitativos, tais como estatística, programação, psicometria,
> metodologia experimental. O aluno sai do curso de graduação com uma base
> matemática e metodológica que foge ao alcance da imaginação dos nossos
> estudantes e professores. A psicologia é concebida como uma ciência e os
> seus conceitos e métodos precisam ser validados através do teste de
> hipóteses.
>
> Sinceramente, ao ler os argumentos de Vitor Hasse ou de Sidarta
> Ribeiro ou de Suzana Herculano-Houzel (pesquisadores da área de
> humanas) não vejo nenhum apoio para a exclusão do método científico.
> Inclusive, eles são altamente críticos das posturas que excluem o
> método científico como ferramenta de conhecimento e sugerem (como no
> parágrafo acima) que os métodos inferenciais podem conviver com outros
> métodos.
>
> Abraços,
> Damián
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