[ANPPOM-Lista] Fim da Prova de Habilidade Específica em Música

Estevão Moreira estevaomoreira em gmail.com
Qui Maio 23 07:09:49 BRT 2013


Caros,

Penso também, qual o prof. Didier, que este é o ponto: quando a
universidade faz as vezes de conservatório não consegue atingir plenamente
nem um, nem outro objetivo. Uma instituição dividida é uma instituição sem
força. E neste bojo, "salva-se quem puder" dentro de suas habilidades como
instrumentista ou como pesquisador. Já ouvi por diversas vezes de
intrumentistas: "universidade muito ajuda quando não atrapalha", mas "já
que preciso do diploma...".

Em tese -- e tudo isso em tese, conceitualmente -- a habilidade musical
"medida" pelo THE (ou PHE) não é fator imprescindível para pesquisa, uma
vez que este teste cria até mesmo um filtro tendencioso que reduz o sentido
lato da música a um enlatado hibrido que ora sai mais assim, ora mais
assado. Longe de defender um padrão, penso que é preciso primeiramente os
gestores pensarem no perfil de aluno que querem formar na graduação, e isso
do ponto de vista mais amplo; por outro lado é importante também a clareza
na concepção de pesquisa, ensino e extensão em música.

Por fim: penso que no atual contexto, as universidades são importantes
lideranças e, ao meu ver, apesar dos pesares, são as instituições mais
avançadas do ponto de vista de uma organização e articulação, para proporem
em um projeto de criação e gestão de conservatórios submetidos aos próprios
departamentos de música, algo como as escolas de aplicação. As modalidades
de implementação são muitas e algumas nem requerem construção de espaço
próprio, podendo utilizar as escolas públicas como centros. Financiamentos
podem ser conseguidos de diversas formas. Eis um desafio para o séc. XXI,
que só começa.

Abraços,

Estevão Moreira

Em 22 de maio de 2013 11:15, Bryan Holmes <bholmesd em yahoo.com> escreveu:

> Querido Didier,
>
> É raro eu discordar de você, mas este pode ser um caso, a menos que
> estejamos pensando em questões diferentes da prova. Eu sempre digo que
> qualquer um que faz música direitinho é músico. No entanto, não acredito
> que qualquer pessoa tenha um "ouvido", portanto, não é qualquer um que
> faria música direitinho. Mesmo sendo possível "educar" o ouvido em certos
> aspectos, acredito que muita gente nunca chegará lá (e perdão por esta
> afirmação pessimista, mas é o que tenho observado, apenas). A prova de
> habilidade específica não deveria necessariamente testar o preparo teórico
> dos futuros alunos dos cursos de música (até porque a música na escola não
> era obrigatória até agora, forçando os alunos a fazer aulas particulares,
> dependendo então da sua condição social), mas sim, como o nome diz, a prova
> deveria testar a sua habilidade. Alguém que gosta muito de música, mas
> não tem um ouvido musical, sofrerá uma frustração muito maior quando
> descobrir isto enquanto cursa uma graduação, do que descobrir antes de
> entrar nela.
>
> Um abraço,
>
> *Bryan Holmes*
>   ------------------------------
>  *From:* Didier Guigue <didierguigue em gmail.com>
> *To:* Zoltan Paulinyi <paulinyi em yahoo.com>
> *Cc:* ANPPOM <anppom-l em iar.unicamp.br>
> *Sent:* Tuesday, May 21, 2013 7:20 AM
>
> *Subject:* Re: [ANPPOM-Lista] Fim da Prova de Habilidade Específica em
> Música
>
> A existência de uma PHE em música é uma excrescência institucional e é
> compreensível que alguns gestores a questionam, em nome da igualdade de
> acesso ao ensino superior .
> Ela apenas se justifica porque, em determinado momento da história
> recente, o governo ( militar) resolveu fundir numa entidade só, e ambígua,
> os conceitos de " Escola de Música" e de  " Departamento de Música" ,
> potencializando, destarte, conflitos de objetivos e perfis. Um genuíno
> departamento universitário de música não deveria precisar de PHE. Por sua
> vez, a formação técnico- artística do músico seria finalidade de uma
> genuína escola de música.
> Este debate é velho, mas ressoa ainda, creio, no caso discutido aí.
>
> Finalmente, ao pedir manifestação formal da ANPPOM sobre o tema, alguns
> membros me dão a impressão de confundir as finalidades desta Associação,
> que é, alguém aí precisou lembrar oportunamente, pesquisa e pós graduação.
> Essas duas atividades não dependem intrinsecamente de PHE. Ao contrário:
> esta não raro prejudica, ao inibir vocações ou projetos que prescindem de
> habilitação técnica.
>
>
> Didier Guigue<http://www.cchla.ufpb.br/hmc/index.php?option=com_content&view=article&id=29&Itemid=15>
> UFPB--Departamento de Música
> História da Música Contemporânea <http://www.cchla.ufpb.br/hmc/>
> Programa de Pós-Graduação em Musica <http://www.cchla.ufpb.br/ppgm>
> MUS3--Musicologia, Sonologia e Computação <http://www.cchla.ufpb.br/mus3>
> COMPOMUS <http://www.cchla.ufpb.br/compomus>
> Didier Guigue chez l'Editeur Harmattan<http://www.harmattan.fr/index.asp?navig=auteurs&obj=artiste&no=17542>
> Didier Guigue na Editora Perspect<http://www.editoraperspectiva.com.br/index.php?apg=cat&npr=966>
>
> Discografia completa <http://didierguigue.bandcamp.com/>
> [Visite também Soundcloud <http://soundcloud.com/didier-guigue> e Facebook<http://www.facebook.com/DidierGuigueMusic>
> ]
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> Currículo LATTES <http://lattes.cnpq.br/2072946162282636>
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