[ANPPOM-Lista] RILM - Academia Brasileira de Música

Damián Keller musicoyargentino em gmail.com
Sex Abr 24 14:00:17 BRT 2015


Caros André, Maria Alice e colegas,

Gostaria de sublinhar a colocação do professor Diósnio, trazendo a
discussão para o contexto mais amplo da produção e do acesso ao
conhecimento.

> Considero a participação brasileira nos repositórios R importante. Ela
integra ao mesmo tempo que divulga. No entanto, não posso deixar de
manifestar que não é possível não termos uma contrapartida em forma de
livre acesso quando os dados se referem a nossa própria produção.

A tendência atual é clara. Existe um aumento no acesso livre à produção
científica e artística impulsionado pelo baixo custo de publicação na
internet. Porém simultaneamente existe a tendência (fortemente induzida
pelas editoras) de repassar o custo da publicação dos leitores para os
autores. A nível internacional, essa prática já está institucionalizada em
dois âmbitos: os eventos científicos (que cobram taxas abusivas sem fazer
diferença entre pesquisadores de países centrais e periféricos) e os corpos
editoriais dos periódicos de acesso restrito (que usam o trabalho altamente
especializado dos pesquisadores, sem retribuição efetiva pelo tempo
investido).

Ao ceder nosso trabalho para repositórios de acesso pago, ajudamos a
legitimar mais uma instância do lucro através da produção acadêmica. Essa
produção no Brasil é financiada pela verba para as universidades públicas.
Porém essa verba não é distribuída de maneira uniforme. Ao concordar com o
acesso restrito, ajudamos a legitimar a exclusão efetiva dos pesquisadores
que estão trabalhando em universidades periféricas.

O acesso a verba para pesquisa na região Sudeste, na forma de apoio a
participação em eventos, taxas para publicação e subscrição a periódicos e
repositórios, pode exigir tempo e dedicação mas não é inviável. Em outras
regiões, com destaque para o Norte e Nordeste, o acesso é simplesmente
aleatório. O CNPq destina menos de 4% do seu orçamento para o Norte e desde
2012, zero para produtividade em pesquisa em Artes. Só para citar um
exemplo próximo, a FAPAC não financia projetos de pesquisa em Artes.
Portanto, aqui não temos nenhum programa de apoio a publicações de
resultados de pesquisa, nem apoio para acesso a repositórios fechados.

Resumindo, tanto a nível internacional quanto regional, quem paga o preço
da restrição no acesso à produção em pesquisa somos nós, pesquisadores.

Abraços,
Damián


Dr. Damián Keller | ccrma.stanford.edu/~dkeller
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