[ANPPOM-Lista] Chamada: resistências feministas na arte da vida

Carlos Palombini cpalombini em gmail.com
Qui Jun 11 12:56:06 BRT 2015


*Revista Lugar Comum nº45 – Chamada:*

A *Revista Lugar Comum: Estudos de mídia, cultura e democracia*
(ISSN/1415-8604) está selecionando artigos para seu próximo número, para a
realização da sessão temática *Resistências feministas na arte da vida,*
sob coordenação de Cíntia Guedes e Talita Tibola (artesefeminismos em gmail.com
).

*Resistências feministas na arte da vida*

As lutas minoritárias passam por um momento de rearranjo em meio aos
levantes globais contemporâneos. No Brasil, junho de 2013 se constitui como
uma nova contingência, momento em que as ruas foram ocupadas por uma
diversidade de pautas, e no qual uma série de chamados feministas ganham
evidência em sua pluralidade, apontando novos desafios e perspectivas.

A expansão das pautas, reinvenção de coletivos e subjetividades criam um
contexto singular brasileiro, que atualiza as questões sobre o modo de
reconhecimento das resistências minoritárias, tal como coloca Judith Butler
em entrevista a Suzana Milevska (2003): afinal, quem pode reivindicar como
sua a(s) luta(s) feminista(s)? Em que situações, na arte e na vida, os
feminismos atualizam suas táticas e termos?

Quando Paul B. Preciado afirma “Nós dizemos revolução”, preenche esse ‘nós’
de uma multiplicidade de femininos e devires que, diante da luta, precisa
inventar para si outros modos de sentir, existir, viver: “Eles dizem
representação. Nós dizemos experimentação. Eles dizem identidade. Nós
dizemos multidão”. Com Preciado, atentamos a que o campo das práticas
feministas, durante a segunda metade do século XIX, passa por uma ‘primeira
ofensiva dos anormais’, ocorrida na França durante a constituição da
Comuna. São os traços do que ele conceitualiza como “multidões queer”,
termo que certamente pode ser reelaborado tomando outras cartografias como
referência e que nos interessa explorar, uma vez que, felizmente, tais
ofensivas não cessaram.

Certamente, encontrar a figura da mulher que resiste às opressões em
representações coerentes, bem como identificar nas artes as temáticas que
denunciam as posições de opressão, consistem em modos de aproximações
críticas que, de forma legítima e necessária, sublinham os movimentos de
resistência no contexto artístico; para este dossiê, nos interessam também
aproximações pelas quais podemos perceber como a arte pode ser tratada não
apenas como exemplo ou ilustração de uma prática militante que lhe seria
anterior ou exterior. Entendemos que os feminismos não apenas orientam as
práticas artísticas, mas transformam as relações institucionais e
cotidianas instaurando assim novos problemas diante do questionamento das
fronteiras entre vida e arte.

É a experiência partilhada no cotidiano das mulheres, nos seus diversos
modos de ser mulher — pessoas não binárias, trans*, periféricas, negras,
lésbicas, pornográficas, prostitutas, e nas diferenças de classe e raça que
atravessam essas subjetividades – que coloca a questão do reconhecimento
mútuo feminista. Os corpos diferentemente marcados sofrem todos a
influência do capitalismo contemporâneo — na subdivisão do trabalho, na
captura afetiva do trabalho –, e neste contexto, as formulações de um
feminismo interseccional reaparecem, como possibilidade para pensar as
solidariedades entre os distintos grupos de mulheres. Como apostar nessas
solidariedades?

Como avançar o debate pelo campo das subjetividades para que possamos
melhor tratar os agenciamentos micropolíticos? Como ampliar a luta
feminista para além de modos já reconhecidos de exercê-la? A abordagem de
autorxs como Judith Butler e Paul B. Preciado questionam as categorias de
gênero, sexualidade e sujeito de luta a partir da dimensão das práticas,
gestos e discursos que resistem às técnicas de controle e disciplina dos
corpos. A partir dessa dimensão, torna-se possível desestabilizar as
construções majoritárias de gênero/sexualidade/sujeito normal, implicadas
no modelo de organização social atravessado pelo patriarcado, pela
homofobia, pela transfobia e por outras manifestações de discriminação
institucionalizadas. Como problematizar essas categorias sem cair no campo
amorfo de um pós-modernismo sem sujeito? Ao mesmo tempo, como escapar do
paradigma do sujeito, com suas armadilhas e fechamentos, para o da produção
de subjetividade, de maneira a potenciar os agenciamentos, as
interdependências, as interseccionalidades, e as singularidades?

De modo geral, convidamos à reflexão aquelxs que desejem debruçar-se sobre
corpos, práticas, arranjos, gestos e intensidades que se enunciam de
diversas maneiras, e que trabalham para atualização das lutas feministas.

*Para esta edição, a Lugar Comum abre a chamada para artigos acadêmicos e
também outros formatos de texto. São bem-vindos textos biográficos,
ensaísticos, dentre outros. Para submissões, enviar os textos em formato
word no e-mail artesefeminismos em gmail.com <artesefeminismos em gmail.com> até
10 de setembro, seguindo as normas encontradas em:
http://uninomade.net/encaminhamento-de-artigos/
<http://uninomade.net/encaminhamento-de-artigos/>. Em caso de envio de
imagens: resolução mínima de 300 dpis.*

*Cíntia Guedes* é doutoranda da ECO-Pós (UFRJ).

*Talita Tibola*, doutora em psicologia pela UFF, com concentração em *Estudos
da* *subjetividade*, participa do grupo de pesquisa *PesquisarCom* e da
rede UniNômade.

http://goo.gl/z7XVRA
-- 
carlos palombini
​ph.d dunelm​
professor de musicologia ufmg
professor colaborador ppgm-unirio
ufmg.academia.edu/CarlosPalombini <http://goo.gl/KMV98I>
www.researchgate.net/profile/Carlos_Palombini2
scholar.google.com.br/citations?user=YLmXN7AAAAAJ
-------------- Próxima Parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: <http://www.listas.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20150611/9e8e0443/attachment.html>


Mais detalhes sobre a lista de discussão Anppom-L